Não soube ao certo o que acabou por acontecer…
Deu-se conta que estava ali parado, com o a pouca luz que sobrava do dia a entrar-lhe em despedida pela janela, especado a olhar para a sua sombra sobre o chão de madeira.
Como se tivesse estado imóvel durante horas naquela exacta posição.
Sentado, no chão, sobre as suas próprias pernas. Como um corpo em oração de joelhos cansados que repousa o tronco sobre as pernas.
As fotografias espalhadas que tirara da caixa escondida atrás do armário. Uma das muitas “máquinas do tempo” que fechou em caixas ao longo dos anos para que um dia fosse surpreendido ao encontra-las.
Quando as criou, nunca terá pensado que se viria tão diferente e tão distante de tudo aquilo certamente.
Como a vida se mantinha verdadeiramente assustadora na sua velocidade e técnica de esquecimento.
Levanta-se e recarrega o som que, entretanto teria chegado ao fim. Senta-se na cama, de frente para a janela a contemplar aqueles pedaços de vida no chão.
Deixa-se cair sobre o colchão e de barriga para cima roda o corpo para ficar de pés virados para a cebeceira, e de cara suspensa no fim da cama. O sol… o que restava dele. Sobre a sua cara como se lembrou que fazia mil vezes naquela altura.
Fecha os olhos e adormece, na tentativa de, ao acordar, perceber que tudo aquilo não teria passado de um sonho. E de que na realidade o tempo não tivesse passado e ele ainda era aquele, com aquelas pessoas e aquelas imagens retidas agora no passado, espalhados no chão.
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