Met Gala 2011 from Kluk Jeanovej on Vimeo.
"Às vezes ainda precisava de olhar pela janela para ter a certeza que estava ali.
A sua pele ainda trazia a marca que a "A Scent of Intrigue" do Tony Hymas lhe tinha cravado no momento em que ficou estático, numa contemplação absurda, perante a beleza do black duck feathers dress sob o título The Horn of Plenty (AW2009).
Sentia a sede de um corpo desidratado de tanto assistir. Era a beleza no estado mais magnífico e controlado.
Olhou para o chão e viu ainda o seu smoking manchado de uma bebida qualquer.
A caixa negra estava vazia mas no bolso do casaco encontrou o panther que, simbolicamente, usou no dedo na noite anterior.
O concerto e a toda aquela música de multidão repetiam-se infinitamente na sua cabeça.
Ela afinal era mais do que uma performer, era de uma beleza em palco que parecia irreal não fosse todo aquele contexto igualmente perfeito.
Dog Days Are Over by Florence and The Machine
Amanheceu e tratou das malas que ainda nem tinha desfeito. O voo da sua amiga Gabrielle chegava dali a umas horas e ela vinha destinada aigualmente esquecer Lisboa.
Arrumou tudo e saiu do hotel mesmo antes dos amigos mexicanos abrirem as portas da frente.
Parou no Brian Park e sentia-se decido a acabar o malfadado livro que parecia não ter fim.
Estava um dia de Primavera como há muito não se via ali. As pessoas estavam todas sorridentes e disponíveis. Por momentos pareciam até ter esquecido o suposto assasinato que prometia uma vingança mundial e ainda estavam embriagadas com toda aquela beleza que a gala da noite anterior tinha trazido à cidade.
A cada folha que passava lembrava-se das imagens daquela noite. A cada fracção de segundo deixava-se viajar por entre cada detalhe que o seu corpo absorveu. Era mesmo incrível o efeito que aquela noite tinha tido em si.
O dia passou e já ía pela Madison Ave. a caminho do hotel, quando o telefone toca.
Deviam ser ainda umas 5am em Lisboa.
- Tu sabes... as you know, sou do tipo "cara valente"... e sim, sinto a tua falta e tu em NYC.
Deixou cair o telefone no chão como que em câmra lenta e ficou absorvido de tal forma que não havia qualquer tipo de replexo motor na sua sombra. Congelou. Consegui apenas ouvir a sua própria respiração e mais nada.
Segundos depois, mesmo sob a sensação que tinham passado horas, decidiu assumir que tudo não passaria do efeito do alcóol e da música do LUX, naquela catedral dos múrmurios em que se transforma a noite em Lisboa.
Nada mais que o reflexo do alcóol num corpo cansado da vida saudosa a que se condedara anos antes.
Correu em direcção à NY Public Library na esperança infantil de que, rodeado das referências que lhe traziam aquele espaço, o romantismo no seu estômago estaria a salvo.
Surge uma segunda mensagem.
- Deixa-me matar a bebedeira e talvez te ligue. You know... the greatest loves are great but they scare a lot! E sim, estás tu em NYC e a minha cabeça pensou muito. About me, about you, about us... Fuck. Odeito-te!
Seis anos depois de toda uma segunda vida eis que surge o momento. Seis anos de um silêncio insurdecedor que o tinham arrastado precisamente para aquela cidade, e ele nem queria acreditar no que estava a ler.
Lembrou-se do seu cheiro, do seu sabor. Lembrou-se numa fracção de segundos da esperança. Sentiu o medo da vertigem novamente mas fechou os olhos e decidiu saltar.
Agarrou no telefone e repondeu. Perguntou-lhe se queria vir ter ele.
Logo de seguida surge a resposta.
- Not ready yet... Been really bad. Last year was hard and I'm still mending things.
If some day I'll marry you, I wanna be fully ready. We marry, get a house, 4 kids, 2 dogs and 2 cats, and a refugee on mountains for the weekends :)
Chegou ao Hotel e dirigiu-se à recepção:
- Hi, could you book me a flight to Lisbon for today?
- Of course... But it's everything ok?
- Yes, don't worry. I'll be back as soon as I can. But please tell my friend that comes today, that I had to go to Lisbon but I'll call her to explain.
- Sure...
- Thanks. "
in Posh Las Divinas Palabras
Ao Contrário
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