"Eras tão infinitamente diferente de mim. Houve um dia em que a tua simples presença parecia recordar-me a memória da inocência que haviam manchado. Interroguei-me como era possível que alguém tão bonito como tu pudesse ter escapado ao estigma de uma época sórdida e sensual."
(...)
Sem aviso surge o teu avesso em combustão que questionava tudo num exercício alucinante de tudo quantificar para assim lhe poder dar um nome em que confiasses. Uma procura matemática descontextualizada em que aniquilavas meticulazamente cada molécula e partícula da forma ainda demasiado nova de mim em ti. Surgem então as palavras do medo. Aquelas que a vida já me tinha mostrado em tempos e que me ensinaram a dar espaço entre elas e o corpo. Quando me divorciei de ti, no dia em que, curiosamente te iria pedir em casamento, fi-lo por nós. Não poderia permitir que me tivesses entre o ar que respiravas se, na confusão da tua cabeça, questionavas-me em ti. Dei-te espaço, tempo para pensar.
(...)
"Acordei-te e não fizemos amor, fizemos sexo. O único, por sinal, não perfeito entre nós. Depois do orgasmo senti um arrepio. Tu paraste e disseste:
Que cara é essa? Não gosto nada de ver essa tua cara. Sinto-me estranho. O que se passa, diz-me.
E eu disse-te."
(...)
"Repeti a pergunta em silêncio, somente para mim. A mesma pergunta que não me soubeste responder quando te sugeri o divórcio."
(...)
"Entrei no carro e abri as janelas até ao limite. Pela auto-estrada aumentei o som da música e senti-me livre como, contigo, me fazias acreditar que era errado em mim. (...) Silenciei os moralismos que nunca me pertenceram e desliguei a tua voz. Tenho saudades tuas."
(...)
Ao som:
This is the Dream of Win and Regine
by Final Fantasy
Sem comentários:
Enviar um comentário