segunda-feira, dezembro 26, 2005

Chocolate III


...3 taças de mousse de seguida. Enjoado?Talvez... mas nada, nenhum doce chega para superar a acidez desse chocolate.
É ácido, eu sei, já o conheço...mas agora parei. Parei de me deixar à deriva nesta história. Essa loja não sentirá a minha presença até à viragem do ano... nesse tempo limpem tudo, renovem a montra, preparem as armas de sedução. Reparem os ingrenientes e organizem uma grande recepção. Eu não mereço menos.
Quanto vale a saliva que já gastei para te digerir?Quanto vale a saliva que gasto a desejar esse chocolate?
Muito mais do que se possa imaginar. E porquê? Porque eu quero e porque já não me satisfaz ser levado.
O jogo mudou, mas como bom portagonista, deixo que limpem o tabuleiro para não vos deixar já com um final sem água na boca.
Os ossos estalam, os dedos prelongam-se... mete-te em bicos dos pés vendedor, agora sou eu quem escolhe os sabores que irei dissolver.
Preparem os vidros para uma grande mudança que o meu sangue está parado.
Parei, olhei à volta, é tudo azul... mas quem disse que eu gosto deste azul?Pois que se mudem os cenários, pois que se mudem os figurinos, pois que se mudem os guiões... Apenas se mantenham as personagens porque é nelas que irem realmente mexer quando regressar!
... inspira e expira... nunca te esqueças. E sobretudo aprende uma coisa fudamental nestes jogos "Pensa no que dizes mas nem sempre digas o que pensas."

Até à volta.

domingo, dezembro 25, 2005

Perus Sudomizados, Leitoes Empalados e Trafico de Diamantes


Congelei e nem dei conta. Não fora o frio certamente. Fui eu, voste tu, foram vocês, fomos nós talvez.
00.26h
Momento de silêncio... momento de estar a sós comigo mesmo.
Momento social para uns algures na feira das vaidades e de todas as promessas, momento de silêncio para os que, como eu, não estão na tão falada "Missa do Galo".
Aguardo o seu fim para poder finalmente os presentes?...A resposta é "Sim" para todos mas "Não" para mim mesmo.
Algo se passa, ou algo aproxima-se do nada.
Gelo no cérebro mas não na pele.
Silêncio e tráfico de emoções.
00.29h
"Caiem como folhas"
00:30h
"Deixem-me ficar aqui sozinho para pensar"
00.31h
"Nunca quis saber, nuca quis acreditar."
...
Irónica a música q oiço neste excato momento.
Congelei...congelaste-me, congelaram-me, congelamos.
Será o peso do bacalhau, do perú, do leitão ou dos doces hiper-calóricos?...ou serão o peso dos diamantes que trafico em mim.
Tão preciosos mas tão gélidos...
E mas como me congelaram tão fugazmente... esqueci-me de mim ou lembrei-me do que relamente fui?
Felicidade?Sim.
Não me cabe a mim decidir ou medir esses níveis que existam por mim.
Nem é nisso que penso neste momento... nem é para a depressão tão na berra que me estou a virar...
é pro gelo que me rompe a cara, que me tira a voz, que me queima os dedos...que me seduz, que me controla, mas que deixará de existir.
00:36h
"São gente de olhar ausente, tão tristes vão, nem são."
Oiço música, escrevo, penso e descongeloooooooooooooooooooooooooooooo.
"não é Deus, nem ilusão, é pão parta a multidão!"
...
Fazes-me falta, fazes-nos falta... tão grande e tão presente que sempre foste. Assumo, e com isto escrevo, sinto mesmo a tua falta aqui agora. Da tua euforia, da tua criança avô.
00.40h
"é pão para a multidão"
Mas n estou infeliz nem narcótico nem psicotico como seria de agradar a todos...lol...estou apenas silenciado, e isso sim, estranha e incomoda.
"o tempo mesmo agora fez a terra girar"
E por isso não penso mais... apenas existo porque quando descongelar sei que terei que agarrar na mala e seguir rumo ao que ando a evitar. Não por mim, mas por todos. Mas eu sei, bem sei. Já não posso tardar... um mundo lá fora ainda continua à minha espera de braços abertos mas não eternamente. Até porque nada existe para sempre... e o sempre serei eu a cravar em tudo o que toco.
00.44h
"eu sei esperei demais"
"o tempo é um momento para nunca mais"
Agora de repente tive um flash... isto que estou a fazer tão simplesmente só porque transcrevo o que oiço ao mesmo tempo q escrevo, que por enquanto, até nem está a soar mal... é uma das coisas que gosto de ler no que escreve o "teny"... ai como o que me rodeia é novamente velho... ou será antigamente novo. Novo, Velho, Novo...pronto, estou a divagar!
Deve ter sido o envocar o nome do autor em vão.
00:47h
"o pranto no rosto nos deixa melhor"
...au...esta doeu e fez sentido.
É isso...é mesmo isso.
Hoje estou estacionado...amanhã também...mas eu sei, bem sei. Irei arrancar, nem que seja à força da pele, à força do sangue.
"anéis de Saturno estão no cenário."

A todos vós, presentes e ausentes, a tudo e por tudo... tenham uma boa vida. Tenham um bom estado de ser, sejam-no sempre em bom estado.
A ti João, não "o homem que diz adeus" mas a ti JoãoAvô.

"eu vou ser feliz, hoje amanhã e depois!"
00:56h

terça-feira, dezembro 13, 2005

Chocolate II


Mas que dor de barriga… mas que sede e incensatez.
Porque raio ninguém me acorda deste delírio tão irracional?
Dou comigo numa luta exausta entre mim e mim mesmo. Entre a loucura e o impropério.
Mas como me doi a barriga…e hoje não sinto prazer.
Hoje sinto vazio, sinto silêncio…sinto que posso ter perdido o norte. Posso ter sido banido da eleição sem me dar conta mas consciente do porquê. Posso querer pedir desculpa mas nem sei se tamanha essência possui ouvidos. Posso ser tudo mas agora também posso ser um nada.
Um dia alguém me disse… “Se a vida tivesse uma linha amarela que delineasse os limites dela mesma, tu viverias sempre em bicos dos pés sobre ela. Isso um dia ainda te mata.”…esse alguém conhecia-me…e hoje lembro-me da sensatez destas palavras. Porquê?É a única coisa que me surge enquanto deixo que os dedos descansem e permitos aos calcanhares deixarem o ar.
Ja tentei reflectir na montra novamente… mas até agora o silêncio. A ausência de luz que me rouba a cor de que componho os meus reflexos. Porquê?…
Será que errei assim tão ferozmente?…nunca pensei que para subreviver à racionalidade deste meu corpo teria ainda assim de me manter racional a todo o instante. Será que só existiu na minha cabeça esta partilha de provocações?Onde fica o meu corpo sem esse chocolate?…
Mas que presistente esta dor de barriga… mas que ausente a imagem do que a provoca.
Se em momentos todo o mundo de humanizações, mesmo até as mais florescentes, viveram sobre o amparo do meu céu-da-boca, hoje sinto frio. Congelam-me os ossos estas coisas todas tão pouco tropicais. Sinto o corte do cinema, sinto o bater das tábuas no silêncio dos corpos racionais.
Sinto a dor vazia dentro da minha barriga que já se imaginava habitada pela dor do prazer.
Oh chocolate feroz…mas de que és feito tu que não há meio de saber?… reage…age. Mas não cultives esta temperatura tão cutilante.

terça-feira, dezembro 06, 2005

“Porque amamos Marilyn?”


E se um dia eu pudesse exprimir a felicidade que sinto quando acordo das noite inebriante desta cidade e percebo que não estou só?
Se esse dia acontecesse teria início hoje.

Algures pelo chão molhado desta cidade estavam dois seres dentro de um carro em que as velocidades atingidas pela matéria não superavam as dos pensamentos dos corpos.
Deixaram-se ir como em tantas outras noites o tinham feito mas, desta vez, com um desconhecido como par.
Sentiam a adrenalina dos corpos a reagir subitamente a qualquer coisa que imaginavam ser a mais comum. Enganados pela fantasia entraram na famosa “catedral de todas as beldades solitárias”. Afinal também eles eram belos e também eles faziam parte daquelas orações. Queriam-se conhecer… queriam saber se seria mais uma noite de carne ou se o talho ainda lhes reservava alguma surpresa.
Não fugindo aos códigos e padrões tudo começou com um brinde de álcool para que o sangue ganhasse cor.
Corpos bonitos, visuais arrojados, beleza e sedução a transpirar pelos poros de cada corpo cobriam aquelas paredes. Na verdade eram os mesmos de sempre como em todas a noites debaixo daquele tecto forrado de gemidos.
Entre um whisky e outro as palavras já se misturavam com os gestos. Os pormenores já descortinavam o manto da descrição e a música servia para todos os pretextos.

Parei, olhei para ela e sorri…
“Joguemos ao tudo ou nada, joguemos o meu jogo preferido” — pensei eu quando o corpo já não reagia como esperado.

“Porque amamos Marilyn?”

E passados largos meses em que a distância geográfica nos surpreende sinto-me brindado pelo privilégio de ter vivido aquela noite e partilhado a existência com alguém tão fascinante como tu.

Há dias em que percebemos que não estamos sós… há dias em q sentimos que existem veias q bombeiam o mesmo sangue… há dias felizes como o de hoje em que me ofereceste isto que insisto em partilhar.

“Sinto e esqueço. A saudade. A saudade invade-me como um ópio de ar frio. Sinto-a desmesuradamente e sem pensar...não sei o que é...talvez um êxtase de poder, de ter...íntimo e opressivo. Esta tarde, em que sinto até transbordar, que tenho a malícia precisa de me destruir em afectos e de questionar o destino...Ontem perdi-me nas luzes doentias desta cidade, até me ofuscarem na melancolia romântica de que é feita a sua essência. São as pessoas que me rodeiam, são as almas que me desconhecem, que me conhecem com o sorriso estilizado e com o olhar intenso, me esgotam o ego e me dão o abismo do desgosto físico, o nó na garganta da inconsciência estúpida. É a sordidez monótona das suas vidas, paralela à exterioridade da minha, é a falta de brilho nos sorrisos e aquela coisa que brilha na ânsia funda da minha carne...Não sei...deixo a estupidez para os que se fecham no quarto, deitados moles na cama à espera do sono, deixo àqueles das conversas de sala de espera, onde a música e as vozes chegam como bálsamo indiferentes até mim... Gozo a brisa de tudo isto e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo nada nem procuro...Esperei à porta com os meus sentimos e então vi-te...desarmado, nu e desprovido do teu crescente imaginário...és tu que me vais salvar de existir...nos teus olhos há a mesma dor, a mesma angústia de sermos felizes, de sermos maiores...o teu sorriso pleno, amplo e humano que dá vontade de entrar nele, de sentir sem limites, cair...Caímos juntos sobre o pesar da mágoa deste universo real e impossível...caímos juntos sobre nuvens de tons fictícios onde o nosso sonho é mais alto, é mais longínquo...Com a saudade esculpi-me e retive-me longe, alheia ao ar, ao mar e à luz branca dos dias inúteis, onde a minha angústia artificial, a minha felicidade absurda floresce sem culpas em tremenda beleza...Somos irmãos siameses, mas não estamos pegados...tu és o infinito, eu sou a emoção...não se pode fugir de ti!”
Ana

domingo, dezembro 04, 2005

"Confessions of a dangerous mind"


" Matar o meu primeiro homem... foi como fazer amor com a minha primeira mulher.
Lembro-me de todos os promenores. O cheiro do seu cabelo, o gelo na janela, o papel de parede.
É como entrar numa outra zona do tempo. Tornas-te um estranho, ficas isolado... estás condenado.
— Condenado?
— Tornas-te a tristeza deles e vives num estado de espírito diferente.
Senhoras e senhores... o apresentador do "The Gong Show", Chuck Barris."