domingo, janeiro 29, 2006

Mr.Teaser


Ora bem...como ando numa boa fase criativa de mim mesmo...lol...e , ao que consta, a surpreender os mais desatentos, aqui fica um "gift"!
Como sabem não é costume me expor desta forma assim tão indiscreta... mas na verdade só meia-dúzia de pessoas é q têem mm conhecimento deste Blog - e todas elas me conhecem, portanto, n foge assim tanto das minhas regras!Lol

Isto que vos deixo foi escrito pelo "Teny", personagem mais conhecida por "Mr.Mistério" (Se bem que mais tarde ou mais cedo eu próprio lhe mudo a alcunha)
É, como devem perceber, uma opinião, no mínimo, interessante sobre a minha tão pacata pessoa!
Lol

Bem... aqui fica então o...

Mr Teaser
" (...) Descobri o verdadeiro significado daquela foto. A essência reside toda numa só palavra: teasing. Não vou traduzir para português porque temo perder algum do significado.
Ontem a fotografia ganhou movimento. Multiplicou-se em imagens, como num filme. Tal qual um simulacro (eu sabia que esta palavra um dia ser-me-ia útil) o teaser ganhou cor, forma, textura e movimento. Corpos nos corpos dançando ao sabor da música. A multidão a transformar-se numa massa uniforme. E os olhares, discretos e indiscretos aguçando o desejo dos outros. Ou do outro. Um ser desejante em particular, que desejante permaneceu.
Consciente do estado de objecto de desejo, o teaser de tudo faz para delicadamente alimentar esse estatuto. Com a subtileza que lhe é característica, lentamente se chega junto do admirador. Dá-lhe a provar um pouco do que podia receber para rapidamente entrelaçar o corpo noutra pessoa. E de corpo em corpo se vai aguçando cada vez mais o desejo. De corpo em corpo, outros vão tendo o que tanto é por alguém desejado. Talvez aí resida toda a essência do teasing: “vê o que podias ter, mas não tens.”
Talvez a noite tenha sido algo excessiva, talvez a imagem tenha ganho demasiado movimento (e pede-se desculpa a quem por cá passou e teve de nos conhecer nestes trejeitos… normalmente não somos assim, acho que somos ainda pior… mas substituímos os corpos por línguas bifurcadas) ou talvez tenha sido tudo na conta certa. Porque na realidade a noite de ontem foi tudo sendo nada.
Corpos nos corpos dançando ao sabor da música. A multidão a transformar-se numa massa uniforme. E os olhares, discretos e indiscretos aguçando o desejo dos outros.

(Como este texto me parece algo incompleto reservar-me-ei ao direito de o modificar nos próximos dias, mas prometo que avisarei caso o faça.) "

...


"À medida que nos vamos distanciando, apercebemo-nos do que ganhou importância. Talvez, na verdade, esqueçamos o mais importante e guardemos apenas algumas imagens da realidade.
Quando penso na noite de sexta-feira lembro-me de poucas coisas. E a culpa nem foi da bebida. Acho que recalquei a maioria dos acontecimentos. Há, no entanto, dois momentos que me marcaram. Ambos, naturalmente, protagonizados pelo já nosso conhecido Mr Teaser.
O primeiro diz respeito a uma senhora (que doravante trataremos por S.) que por entre nós se passeava. Ao contrário daquilo que as más-línguas possam dizer ela era gira e elegante. S. foi-se chegando lentamente. Irrompeu por cinco pessoas e colocou-se ao centro. Apercebendo-se disto, desde logo o nosso Mr Teaser se foi chegando a ela. Não vi mãos comprometedoras, não vi corpos a tocarem-se (talvez estivesse apenas distraído), o certo é que durante algum tempo não mais se largaram. Ela dançando em frente a ele, claramente provocando-o, e ele fazendo o mesmo. Por momentos S. afastou-se. Ao retornar, a cena repetiu-se. O curioso em todo este cenário está na cara de Mr Teaser que S. não conseguia ver. Uma cara algo entre o trocista e o agradado pelo desenrolar dos acontecimentos. Claramente uma cena de teasing. Claramente o nosso tão nobre e respeitável amigo lhe mostrava o que ela nunca teria.
O segundo acontecimento transcendeu o teasing. Como já vos tinha dado conhecimento, encontrava-se entre nós alguém que não pode regressar a casa devido a uns infortúnios com os transportes. Viu-se obrigado a passar a noite em Lisboa e acabou a passá-la connosco. Desde logo Mr Teaser estabeleceu como objectivo retirar toda a timidez que o P. aparentava. Com o desenrolar da noite, os corpos estavam cada vez mais envolvidos e desinibidos pelo álcool e pela música. Os gestos foram-se tornando mais sensuais, mais sexuais. Com um corpo de fazer inveja (há quem diga que é demasiado magro… a única coisa que tenho a dizer em relação a isso é que quem o ache devia passar as mãos pelos abdominais…) Mr Teaser lentamente se aproximou de P. Sem rodeios, com bastante subtileza, a primeira investida abriu imediatamente o jogo. Mr Teaser entrelaçou o corpo no do P., fê-lo sentir na pele o poder do charme, da sensualidade. A sensualidade foi-se apimentando com uma pequena dose de sexualidade à medida que P. foi despindo a timidez, se foi também entrelaçando com o nosso Mr Teaser. As investidas seguintes já se deram ao sabor do frenesim que a música transpirava. Os corpos movendo-se ora mais depressa ora mais lentamente, juntos, tocando-se, colando-se, sentindo-se. Não faremos uma descrição mais detalhada ou pormenorizada.
A L. a determinada altura foi-se embora. Posso apenas acrescentar que Mr Teaser foi alternando atenções entre a R. o G., o P. e a minha pessoa. Por vezes, na grande maioria, diria eu mesmo, as atenções foram repartidas entre duas ou três pessoas. Ah, e por certo, o tal objecto desejante também teve a sua dose, o momento de teasing, o momento em que Mr Teaser verdadeiramente se soltou, irradiou e deslumbrou.
Muitas outras noites se passaram. Muitas outras virão. Mas nenhuma como esta. E parafraseando o texto anterior, nenhuma que seja tudo sendo nada."

By "Teny"

sexta-feira, janeiro 27, 2006

ORH+


E pensar que dar sangue é um acto de generosidade.
Desenganem-se meus caros! Porque por vezes ainda nos esquecemos que há corpos vazios que em breves momentos se apoderam do nosso sangue e, com isso, já se sentem na autoridade de exigir mais esforço das plaquetas!
Lembrem, sem exitar, que nós não temos culpa do seu vazio e nunca os obrigamos a respirar o mesmo ar que nós, bombar o mesmo sangue, ou sequer viverem uma mera projecção das nossas vidas.
Pensem nisto quando dão sangue mas nunca deixem de o dar.
Melhor do que mantermos uma atitude generosa é sentir que a fonte revigorante em que nos tornamos, para ele, mas sobretudo para nós!
ORH+

domingo, janeiro 22, 2006

"Destino" by Helio (um sabio desconhecido)


Estava eu a vaguear ao acaso por blogs alheios e tropeço numa das frases mais inteligentes que li nos últimos anos.

"Gosto muito de dizer que o pássaro de Minerva voa ao crepúsculo, que os amigos entram quando todos os outros saem e que o Destino é uma questão de necessidade, não de justiça no sentido popular do termo."

E assim, correndo o risco de vir a ser acusado, pelo autor, de "abuso de propriedade e deslocação das suas próprias palavras"...lol... partilho convosco isto que um tal Helio diz no seu blog.

Desde Sempre


"Passados 8 anos" foi bom recordar a felicidade partilhada durante aqueles quase 10.
Momentos felizes que nos tornaram, de alguma forma, conhecedores de nós mesmos e uns dos outros.
Momentos felizes que nos fazem lembrar quem fomos e o que ainda resta de nós.
Feliz noite... oh cidade de luz.
Quem nos diria a nós, que um, dia, ao olhar para trás, já teriam passado 8anos e ainda faria sentido estarmos juntos.
Até breve...até sempre e, (e isto sim é bom de dizer) desde sempre.

Sophisticated Lady


"És tão leve que nem te fazes sentir.
Essa leveza distancia-te do real e faz com que ninguém se faça sentir em ti.
É a pluma que te mata.
És a não digestão porque nem chegas ao estômago.
Estás ali...às vezes a picar a garganta.
Nada mais porque acreditas nada mais querer.
É tão pouco para quem tanto podia ser.
És o desperdício de ti mesma... és uma pluma.
Charmosa mas demasiado leve para se fazer sentir.
És tão leve que só existes porque ainda és visível."

E isto hoje foi dito por mim, sobre alguém, que, um dia, admirei.
Como as maiores verdades nos saiem quando menos esperamos.
Podemos levar anos a pensar numa coisa sem chegar a conclusão nenhuma...
e em momentos inesperados, sem estar nem perto com o pensamento...
a verdade, em tom de conclusão, sai-nos assim, sem avisar.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Peito a nu.


Há coisas que me sugam o sangue…mas que me enchem o espírito.

Ontém vive um momento que sinto maior.
A minha pele ainda está a acertar o passo, o meu corpo a recuperar a forma, os meus olhos a repôr o brilho, os meus ossos a retomar os seus lugares…e eu a voltar a mim.
É, de facto, fascinante esta coisa de “viver”.

Sabem o que é olhar para trás e pensar “Tudo isto dava um filme.”?Não pela prepotência de sermos tão importantes ou levar uma vida tão vibrante que alguém deveria fazer um filme para assim o mundo ter o prazer de assitir. Não. Mas sim pelo cinematográfico real da acção. Pelo momento que, rodeado de perfeição, poderia ser parte de um bom filme.
Desde o tempo, às palavras, às cores e até a “banda sonora”… tudo me parece hoje perfeito no abraçar dos sentimentos que foram vividos.
As personagens…ao grande público não interessam, até porque viverão pouco tempo no seu imaginário. Quanto muito poderão, com sorte, vir a ser recordadas numa conversa qualquer.
Mas ali tudo era real. As personagens eram pessoas de carne e osso,e, sobretudo, muito sangue.
Talvez tenha sido o “descurso do adeus” que a tantos fascina, talvez. Mas hoje olho para tudo o que se passou e sei que foi muito mais. Mais do que a despedida emotiva e bastante sofrida de dois sangues, foi o cravar nas nossas vidas de nós mesmos, um no outro, os dois na história.
“Se o tempo pára e nada à volta tem importância quando te beijo… é porque vale a pena.”
Sinto-me inutil ao tentar transmitir a grandeza do que aconteceu… jamais conseguirei, por palavras, fazer sentir o que senti, o que sentiste.
Foi grande…foi maior. Talvez até grande demais para as nossas, tão tenras carnes.
Como a dor pode ser marcante…como as marcas podem doer.
Como nos tornamos sós.
A vida por vezes conduz-nos por caminhos bizarros. E nós, lá vamos, munindo-nos de defesas e escudos para que nada nos doa a valer. Podemos fazer milhas assim, sempre a acrescentar mais uma defesa, mais uma camada. E nesse percurso chegamos até a adormecer…porque, com os nossos corpos, a anestesia cerebral poupanos ao pensamento e à senbilidade do peso.
Mas doi.
Doi quando, sem querer, encontramos alguém que já caminhou como nós, já agarrou nas mesmas coisas e já se vestiu da mesma forma. Doi reflectirmo-nos nela e com isso perder o controlo de nós mesmos.

Estive lá, tal como tu… perdi muita coisa, tal como tu. Por cada camada nova com que me cobri perdi algo ou alguém para suportar a caminhada. Mas foi por isso que não fui feliz, e foi por isso que, hoje, já sei assumir que também vivo medos.
Despi-me…e agora estou nu. Mas que alívio este descortinar de mim mesmo que tem sido um exercício penoso. Foram anos a mais a construir muros. Foram anos a mais a envenenar-me de mim mesmo.
Grita, cospe, chora, fala… mas não semi-serres os olhos outra vez. Perde o controlo que lá fora o mundo também não precisa assim de tantas linhas rectas. Não sobrivias a ti mesmo todos os dias… vive por ti mesmo o resto da tua vida.
Despe-te e sorri. Transpira essa beleza, torna-te real e liberta-te dessa pele que não deixa o teu sangue fluir. Não deixes que esses ossos congelem com a força dos ventos que aí dentro escondes. Grita, liberta-te.
Sê feliz…vive.

Hoje sinto-me honrado. Pelo que já vivi, pelo que vi e no que, pouco a pouco, tenho a coragem de me tornar.
Hoje sinto-me brindado porque te conheci…e de ti provei o meu próprio veneno da forma mais trágica mas doce que alguma vez quis.

Estarei sempre aqui para te ver respirar…para te ver crescer. Mas por mim, por ti, não sufoques mais tempo que ninguém tem real necessidade de brincar com o ar.

Viverei e espero um dia encontrar-te outra vez.
Desejo-te uma caminhada leve… desejo-te o que à maior raridade se poderia desejar.
Tem uma boa vida, e vive-a de uma forma saboreada.

Sê feliz e nunca te esqueças que a quantidade de ar que se precisa para viver é maior do que aquela em que vives e não tens o direito de forçar, por muitas razões que encontres, esses pulmões já tão cansados.

Inspira e expira… mas sempre com o peito a nu.

Até sempre… até amanhã, até um dia em que voltemos a oxigenar o mesmo sangue.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Diamonds I


Cobri uma vida de diamantes.
Da minha pele já pouco se vê.
"Seria perfeito" pensei quando comecei a criar.
Hoje sufoquei com este peso que trago e espero pelo momento em que os meus pulmões rasguem esta pele.
Já passaram horas a mais em que, no brilho deste manto, me tornei realmente invisível.
Está aí alguém? Está aqui alguém?
Pois que por muito que doa todo o movimento já tão decorado e gasto... estou aqui.
Mesmo eu, também eu para além de todo o resto de mim mesmo que também a mim me pertence, exactamente aqui, suspiro e começo a pensar.
Quanto vale a ignorância ou a eloquente inefável matéria do conhecimento de nós mesmos?... A resposta está em cada uma destas pedras, mas elas não respondem ao nefasto valor da matéria das minhas veias.
Oh demência feliz, oh condução perigosa.
Como o brilho pode ser escuro.
Como a canela pode ser amarga, como os "m" de "mim" podem passar de aço a pluma.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Chocolate IV


Voltei.
E no meu regresso encontro algo que me surpreende.
A loja mantém-se a mesma, a disposição das tentações também. O lojista não deu conta da minha ausência e muito menos se colocou em bicos dos pés quando me aproximei.
O que se terá passado na minha ausência? Nada…pura e simplesmente nada.
Entrei pela loja a dentro com a força de mil homens. Estava preparado para a grande viragem neste filme. Estava preparado para uma overdose de chocolate que iria desenhar um fim a este jogo… uma overdose de adrenalina.
Como podemos ser ingénuos no preparar das nossas armas.
Entrei… aproximei-me e nada.
Cansado da não reacção fiz o que caracteriza o meu corpo… provoquei reacção e caí. Caí de uma altura izurbitantemente alta. Mas a queda começa a saber bem.
Secretamente lancei a última cartada para procurar significantes e nem quis acreditar. O filme tinha-me sido roubado e eu nem dei conta. Esta já não era a minha história e o meu papel já não era o que deixei.
Foi-me explicado o meu significado mas assim descobri que o meu significante estava a milhas de distância do que sonhei ser neste enredo.
Fui, sou e, sob a proposta de continuar a ser, alguém que cumpre uma missão nesta loja. Era-me suposto amparar, acarinhar e proteger o chocolate feroz que me alimentava. Concretizei-o sem o saber e até recebi uma menção honrosa de “esforço e dedicação”. Irónico no mínimo…quem me diria a mim que estes ossos mundanos e este sangue envenenado ainda prestava, mesmo que silenciosamente, serviço social.

A verdade é muito simples.
Vivi sob o efeito de uma droga que algures me deixou despido. Essa droga, envolta num aspecto angélico e numa quantidade exagerada de corante, conservou-me os ossos em ferro e o sangue em vinho. Nunca, em momento nenhum, por mim…sempre em nome do tão aclamado chocolate.
Pois que sinto chegada a hora de partir.
Há muitos segundos atrás, algures no passado deste corpo, aprendi uma coisa que sempre estará presente. Nunca deixes que o teu público se esgote. Nunca esperes por um lugar vazio na plateia. Sai… abandona o espectáculo quando tu ainda fazes vibrar alguém e ainda quando as pessoas que te assistem te desejam. Foge em silêncio para que sintam a tua falta e nunca, mas nunca, sejas indesejado.

Hoje é um dia especial. É um dia em que abandono esta história. Sinto a angústia da confusão até porque saio sem perceber bem o que fui, o que sou e o que poderei ser para esse tão misterioso chocolate. Saio com a mesma água na boca com que entrei na loja até porque de alguma forma esta história não teve um fim. Eu é que acabei, eu é q cheguei ao fim como uma personagem que é subitamente assassinada a meio da história porque, por alguma razão, o seu dono já não precisa mais da sua presença.
Saio triste, melancólico, mas certamente feliz. Feliz porque a vida mais uma vez fez o favor de me surpreender e viver qualquer coisa que nunca tinha vivido antes. Feliz porque nos meses frios que se aproximam irei aprender muito com tudo isto e assim aquecer estes ossos que outrora cobriram o gelo.

Ao senhor da loja desejo uma boa história, à loja um cenário faustoso, e ao chocolate… bem ao chocolate resta-me dizer “Até um dia que o autor se lembre de nos fazer contracenar de novo fazendo de mim o protagonista que afinal nunca fui!”

A todos um grande bem haja
Saí de cena que este palco já não me pertence e este público já esteve mais longe de não me desejar.