quinta-feira, setembro 28, 2006

Blue Fox III


...em contagem decrescente.

White Horse


E podia-se morrer ao som daquela paisagem nocturna.
Aquele âmago em gesto… aquele gemido em olhar.
Aquele lugar inviolável, aquele canto teu.

Ainda consigo sentir o calor…
Estranho…

O cansaço esmagava-me os ossos mas eu poderia ter adormecido ali… assim, em silêncio, ao compasso do teu mundo em dor.
A minha pele movia-se e no sangue corria um gesto que, em coreografia com as vozes, criava um som. O som da lucidez perdida em mim.

Pareciam dois animais feridos…
Um em pranto e outro em festa.


Foi então que entre o contorcer de toda a vaidade no vampiro em mim, sinto emergir o meu cavalo branco.
Aquele que traz no dorso a chave de todos os momentos.
Confuso, estranhamente confuso…dançava em mim ao som do teu silêncio.
Percorria espaços ao ar livre e sentia o vento a soprar-me os cabelos.

Quem és tu?…quem és tu a quem mostrei, de imediato, tanto…
Quem és tu que, na sombra de ti mesmo se prefere escondido, mas que carrega tantos diamantes nos bolsos?

Soltaram-me em cavalo branco e agora corro ao sabor do vento.

Sigo o vento que vem de norte porque ainda me lembro onde nasce o sol.
Sinto o cheiro a chocolate e aguardo o saber quem és.

terça-feira, setembro 26, 2006

Aliança


E saber-te longe, por muito que nunca tenhas vivido perto, soa-me a estranho.
Estamos a umas escassas horas do grande momento em que levantas voo em ti.
Estou, provavelmente a uns escassos minutos de me despedir de ti.
E o estranho mora aqui…exactamente aqui.

Acabo de regressar daquele que um dia disse ser “o lugar mais bonito deste país” e nem por isso regresso felíz.
Sinto como que tivesse areia fina a fugir-me entre os dedos. Mas não fecho a mão. Cada grão pertence a si mesmo e esta mão também vai viajar.
É estranho…
Hoje mesmo sinto-me a planar sobre cada mala de viagem que cada um de vós carrega.
Sinto-me em contacto com o papelão e só quero existir como um auto-colante colorido numa das faces. Fazer recordar qualquer coisa amena e fazer-me recordar felíz.

É estranho…
Lembras-te quando casámos?…foi tão bom.
A acutilante ironia da maldade e do jogo entre nós.

Às vezes julgo-nos cegos, outras, verdadeiros sábios e conhecedores do tempo em nós.

Enfim, mas o que interessa é que ganhamos asas e atravessamos gentes.
As sós mas nunca sozinhos, tomaremos rumos diferentes por um tempo… até aqui nada de novo. Então porque raio me soa a tão estranho este momento?
E a aliança que me pediste?Porque não a consigo encontrar?
Porque és tu que a tens.
É isso…

Que seja algo que encontres no teu destino e me envies para cá. Que seja uma escolha tua e nem sequer uma sugestão minha.
Que sejas tu.

E acabo de falar contigo ao telefone…
Surreal toda esta noite, todo este dia…todos estes dias.

“o tempo é como um carro novo sem a marcha atrás”

Faz uma boa viagem…
Lembra-te deste canto onde sabemos que queremos voltar. Desta Lisboa de todos os âmagos.
Lembra-te de ti apenas quando assim tiver de ser… viver livre e tudo porque te pertence.
Tem uma vida plena e uma viagem repleta de vida.

Até breve… até sempre.

segunda-feira, setembro 25, 2006

27º Toquio


A chuva regressava calma aquela janela.
Por debaixo, o mundo inteiro iluminava o tecto daquele quarto de hotel em Toquio.


- Chegou o Outono, sabias?
- Acho que dei conta, este tempo já rendia saudades.
- Tu e este tempo tão chato.
- Não é chato, é inteligente.

O telefone toca e Leonor afasta-se.
Sempre soube que Miguel não fazia questão de partilhar telefonemas que não lhe diziam respeito.
No silêncio daquele quarto avistava a cidade.
A altura em vertigem permitiam-lhe a distância necessária para pensar e contemplar aquela estação.


- Há quanto tempo abandonaste este quarto de hotel?
- Uma semana, nota-se assim tanto?
- Um pouco. O que vais fazer com ele?Já decidiste?
- Vou faze-lo desaparecer da minha vida.
- Estava a falar do quarto Miguel.
- Eu não…
- Eu sei. E como é que isso está?
- Vou ver se o coloco à venda esta semana.
- Não estava a falar do quarto.
- Eu estava.

Debruçou-se sobre a janela, e do 27º andar avista um avião.
Pára o olhar e retorna à conversa com Leonor que, incansável, permanecia em espera sobre a cama.


- Trouxeste-me flores?
- Sim.
- És sempre tão simpática…obrigado.

E com um sorriso rasgado enche aquele espaço de calor. Aquela amizade era mais sólida que aquele colosal edifício onde se escondiam.

- O que é que te inquieta?
- Não sei bem ao certo… Sinto areia a fugir-me entre os dedos.
- Ainda não conseguiste o que querias pois não?
- Não.
- Eu disse-te. Nem tudo na vida está ao alcance do teu controlo. Querendo ou não vais ter que desistir dessa ideia.
- Nem pensar. Preciso que tudo corra como planeado senão estou fodido.
- Até que enfim assumes… A tal história que te contei e que desprezaste pertence-te, meu caro. Querendo ou não, é tua.

Olha-a nos olhos e sorri com aquele ar de cumplicidade.
Mais uma palavra e estava condenado a assumir a sua pertença.
Liga a aparelhagem e acende um cigarro.
Serve um copo de champaghe a Leonor e outro a si mesmo.


- Lembras-te da Carlota? Viaja amanhã também. Mas a passeio. Férias, acho.
- Não mudes de assunto…Mantem-te no aeroporto mas não mudes de personagens.
- Pára…
- São quantas ao todo?…pelas minhas contas serão umas quatro.
Extraordinário, sem dúvida. Já sabes como vais fazer?
- Ninguém me espera senão uma pessoa.
- Hum…e as outras, não esperas tu na tua vida.
- Pára já disse…
- Ok Ok, voltemos ao champaghe.
- Acho melhor…

Miguel muda de CD e inspira perlongadamente, sentindo os pés sobre aquela alcatifa branca de fios longos.
O copo gelado na mão é levado ao seu destino e, no travo daquele veneno, respira a mil vozes.
Estava condenado a si mesmo. Ou adormecia em pensamento ali ou atirava-se ao seu próprio fado.


- Vamos sair?
- Para onde?
- Não sei, só sei que quero… Tenho trazido a cidade aos meus pés e não pretendo fugir dela agora. Hoje não. Hoje serei dela novamente.
- Esta cidade engole-me, não sei como não te atinge.
- Atinge claro, só que, no diambular do meu corpo sobre ela deixo-me seduzir na aprendizagem constante de novas coreografias.
- Ai se eu pudesse…
- Nada te empede… deixa-te apenas levar.
- E depois?…acabo como tu?
- E isso é assim tão mau?
- Não, mas eu não me vou embora dentro de alguns meses. Eu não tenho como fugir.
- Nem eu… por isso mesmo cuido de saber onde deixo tudo aqui. Para quando voltar, seja lá isso quando for, eu não me perder no meu passado aqui.
Va, deixa-te de coisas…
Apetece-me comida crua e líquidos demolidores.
- Nunca mudas pois não?
- Mudo sim…e muito. Mas só amanhã ao anoitecer. Até lá nada posso fazer sem ser o gozar de um bom fim.

domingo, setembro 24, 2006

Pink Flamingos III

Having dinner
...with all my wonderful ones.

See you soon my dear! ;)

quarta-feira, setembro 20, 2006

De regresso a casa...


E finalmente regressou a casa.
Depois de uma longa viagem numa, até relactivamente, curta ausência, regressa a casa.

No carro, ainda com o corpo dormente, deixa-se estender sobre a janela.
O braço de fora traziam-no de volta o sentimento daquele ar.
Os cabelos coreografados reuniam um compasso de "fim" daquele agora.

As músicas no rádio inundavam o aquele carro onde tudo tinha sido deixado para trás mas onde tudo permanecia presente.
Sabia que iria levar o seu tempo até assimilar aquele fim, mas sabia também que aquele fim era apenas o início de uma nova vida.

Fora, não apenas, mas também, mais uma das muitas bonecas russas em forma de si.
Fora a vida que o mudou, fora a experiência da sua última vida.

Foram as horas e os segundos escondidos naquele relógio de imortais que para sempre viverão em si.
Haja o que houver, ele estará sempre ali.

"E hoje, anuncio o regresso.
Voltei, e trago no colo uma caixa de papelão vazia para tudo guardar com jeito.

Love You all

I´m Back ;) "

segunda-feira, setembro 11, 2006

Après le Séisme

Sentado aqui sinto uns parênteses ainda abertos. O verbo rebenta-me a boca e não me poderei ausentar novamente sem dize-lo.
Preciso de te contar.

"Sentado na calçada, entre estradas onde os carros passavam a velocidades estonteantes, Matthew semi-serrava os olhos e deixava-se guiar pelo arrastamento das luzes que por ali voavam.

- Por alguma razão, muito forte, eu sinto que algo se passa com o ar que respiro.

Ainda ontém o telefone tocava e a surpresa rasgava toda a carne.
Há muito tempo que não lhe ouvia a voz.
Ouvi-lo foi em tempos um luxo que transformou em apenas surpresa.
Umas surpresa sempre agradável, é um facto…mas ao mesmo tempo sempre intensa.

Matthew tinha decidido partir quando estiveram juntos pela última vez.
Como lhe ordenavam os sentidos, decidiu dizer o que agonizava em si há demasiado tempo, sobre tudo o que os rodeava.
Um dia, sob o efeito de um mal qualquer que a noite lhe trazia, decidiu verter as gotas de sangue que restavam sobre as palavras, que lacrou como últimas, ao seu irmão.

Encontraram-se e, como dois animais feridos a nu, enfrentaram nos olhos todos os verbos que, como cadáveres, assombravam a sua existência.
Os sismos que abalavam aqueles corpos deixaram um vazio de sombras, finalmente, para sempre.
Lembra-se de ter ouvido e dito das coisas mais verdadeiras e mais crueis que alguma vez disse.
Era a morte perante si, era a um corpo rasgado a recusar, num último fôlego, a presença de qualquer olhar sobre a sua morte.

Passaram-se horas, dias, meses… e Matthew, que partira logo após aquele encontro, levava consigo na mala sempre a mesma certeza. A de que um dia, chegaria o Verão e a vida tomaria forma sobre aquele corpo reflectido em si.

O Verão passou e o telefone toca.
- Tenho saudades tuas, quero-te ver.

E o vento de norte nunca o enganou. Ele voltara, tal como sempre soube, e com as feridas lambidas erguia o gesto para partilhar consigo uma nova vida.
O reflectir do seu espelho não reflectia a sombra de outros tempos, e a felicidade de todos os movimentos perpetuava uma certeza felíz.

- Podemos morrer ao som dos mesmos tangos. Adoecer sobre as formas mais secas de um qualquer deserto. Mas não fomos feitos para viver sem sentir a presença um do outro.
Seja sangue, osso ou carne… Ar, terra ou simples vinho aquecido. A morte em nós é um presságio de outros tempos que nasce impossível hoje mesmo.


Dizia Matthew em silêncio na dança de prazer que acompanhava o olhar daquele com quem partilhava, como ninguém, o mesmo sangue."


Podem ainda existir feridas em aberto, nuvens por afastar… Mas isso agora já não interessa de muito. Existem lugares que nunca mudam, pessoas que nunca morrem e vidas que nunca se separam, porque a vida assim faz muito mais sentido e será sempre perfeita em nós.

Pérolas a Porcos III


E no meu período de ausência ocorrem coisas que me fazem regressar forçosamente à cidade.
...
Dentro dos parênteses a voz sente-se Off.
E a Voz Off é ainda assim surpreendida com alguns factos que exigem o relato aqui, neste espaço onde me encontro ausente.

Pois bem...
Registando... Este momento repete-se passados mêses de esquecimento.
Pela segunda vez fui surpeendido com o mesmo filme, as mesmas personagens, os mesmos gestos e o mesmo sentimento.
"Pérolas a Porcos"...e lamento tanto, porque, de facto, nem que eu queira o voltarei a viver.

Mas como uma sábia amiga me dizia no outro dia:
À primeira todos caímos no erro.
À segunda caímos no erro para o confirmar.
À terçeira, só cai quem quer.


P.S:. E a ti, my dear MissPiggy... Tks for saving my night! ;)

quarta-feira, setembro 06, 2006

Away


Trago a mala de cartão cheia deste Verão.
Contudo, consegui ver-me livre das roupas menos direitas.
As personagens começam a seguir, pouco a pouco, os devidos caminhos. E o xadrez, silencioso, entra em modo automático como seria previsto.

Apartir de hoje terei de me ausentar por um período curto. Dia 15 estarei de volta, espero.
Por motivos profissionais não poderei sentar-me aqui para escrever.
Desconfio que, pelos mesmos motivos, nem sentado poderei pensar.
VOU CUIDAR DE MIM e do MEU CHÃO DE AMANHÃ!!!!!

Seja como for, aqui fica um "Até já!"...
Estarei por aqui, apenas num registo mais "Away".
Bons passos, bons caminhos...
Tomem decisões, sejam elas correctas ou erradas. Vivam o tudo sem ansiedades infantis. Vivam bem apenas.
Estarei por cá, mas por uns tempos "Away".

terça-feira, setembro 05, 2006

LIGHT


A madrugada entrava pelo meu quarto a dentro.
O calor destas noites de Verão ecoavam nos suores perdidos pelas paredes.

Depois de algumas horas entre o meu calendário infernal respirei para pensar.
O vício do silêncio chamava por mim na varanda.
A noite convidava-me a uma pausa a três. Eu, a noite e um cigarro.

Em silêncio voltei. E a quem me perguntou eu respondi.

- Então, que te disseram as estrelas?
- Disseram-me para dizer Luz.


E de repente acordo.
Acordo, não de um sono profundo mas de um estado de espírito adormecido.

Hoje sei que devo dize-lo.
E nem sei bem escreve-lo assim.

Danço num regresso à infancia… não por esta ter sido feliz, mas por ter sido sempre, sempre, cheia de tudo o que, mesmo só sobre mim, era real.
Era o “insível” aos outros que rebentava em visível feliz em mim.
Onde nos perdemos nós para deixar de dizer em voz alta, mesmo aos “adultos” da vida, que eles perdem o melhor de todos os planetas?…está aqui, não vês?

É isso que carrego e hoje decido deixar.
Ultimamente até o discurso, aqui directo, me deixa surpreso em mim.

Não morro por dize-lo, vivo mais ainda por conseguir grita-lo e hoje sei.

Sinto que trago, nas mãos, um candeeiro natural e vaguei com ele coberto há demasiado tempo.
Hoje decido mostra-lo e deixa-lo a nu.
É luz, é o que sei.

Dentro os fragmentos revejo o “invisível”…
A felicidade e o entusiasmo que vivia em cada nova descoberta na sala primária.
As palavras que aprendia a dizer.
A companhia dos bichos mais discretos num pedaço de chão qualquer.
A gargalhada numa correria entre crianças.
A descoberta dos novos espaços e das dimensões que neles revia-mos em nós ao crescer.

O primeiro amor (sim eu disse a palavra)…
O primeiro desejo.
A primeira bicicleta (e que saudades de andar de bicicleta até os joelhos esfolar).
A primeira cor, o primeiro quadro.
Os desenhos para comemorar e entregar aos pais.
O cheiro e a textura do barro entre os dedos.

Os sabores dos frutos da época, o cheiro a praia e o sabor da lã nos Invernos aconchegantes.
As estravagâncias da adolescência e a adrenalina de todas as “primeiras vezes” em tudo e com todos.
A loucura das primeiras saídas nocturnas.
As fugas para namorar.
Os arranhões e cabeças partidas.

As férias e festas… as músicas ao pôr-do-sol e o pernoitar ao relento sob um céu imenso de projectos e ideias.
As tertúlias intelectuais e os gostos divergentes.

Tudo, tudo em sorriso ou lágrima…em tango ou tambor.
Tudo, sempre a dançar quando a luz saltava e girava sobre nós.

E guardava eu essa luz sempre coberta.
Hoje liberto-nos desses mantos e proponho-me a seguir todos os caminhos a nu.

E quem quiser será bem vindo…
Sigo à procura de caminhos escuros ou helfos perdidos.
Trago comigo este candeeiro que não me pertence só a mim.

E a vida é tão perfeita em estados em momentos como este que, acreditem ou não, na minha playlist aleatória começo agora a ouvir uma música que adoro mas nunca ouvi com atenção.
Tragam a camisa de forças, o que quiserem…se esta for a forma da insanidade, serei, como em criança, para sempre felíz!


“Won't you dance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility

Take a chance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility”


Perfeito…e encontro o meu verdadeiro Faberge!
Olhem bem para a perfeição de tudo e sejam e exponham os candeeiros de todos em nós.
Weeeeeeeeeeeeeeeee!!!!

E será que não vês “Sr.adulto” em ti?

segunda-feira, setembro 04, 2006

Playground Love

AIR

I'm a high school lover, and you're my favourite flavour
Love is all, all my soul
You're my Playground Love

Yet my hands are shaking
I feel my body remains, time's no matter, I'm on fire
On the playground, love.

You're the piece of gold the flushes all my soul.
Extra time, on the ground.
You're my Playground Love.

Anytime, anyway,
You're my Playground Love.

The Virgin Suicides


"Everyone dates the demise of our neighborhood from the suicide of the Lisbon girls. People saw their clairvoyance in the wiped out elms, the harsh sunlight and the continuing decline of our auto industry."

Ontém, ao adormecer, fui surpreendido por um dos meus filmes de vida.
Acho mesmo que foi o primeiro filme que compreendi como "O" filme.
É sempre tão inesplicavelmente especial...é sempre tão perfeito.

Aqui fica a sujestão...

"The Virgin Suicides" by Sophia Cappola (um dos mais brilhantes olhares do nosso tempo), de 1999

Le Noir de la Vanité III


Entre o silêncio inerte de mil incertezas o perfume inflamado borbulhava naquele corpo que se encontrava de pé.
Ao olhar para a plateia, percebe o que falta.
Faltava o tirar da máscara do encenador.
Entre um cigarro dançante e um gesto silencioso decide esperar...

Para ele o espectáculo só existiria se o encenador revelasse firmeza na acção.
De contrário, esperaria sentado de costas para o palco.

Nada acontecia mas tudo se inflamava.
Era o seu perfume envenenado a inflamar o ar sedento de sangue.



photo by DdiArte

domingo, setembro 03, 2006

Too Drunk to Fuck II


Fodasse…
Porque assim comecei o outro.

Hoje não o faço no mesmo estado que o anterior… ainda bem.
Mas ainda assim não quero deixar de o fazer, porque, definitivamente existem sensações que a calçada insiste em repetir.

Existem noites que se arrastam como sinos pelo dia seguinte.
Que noite a de ontém…

Saí de casa para celebrar a despedida de Tóquio.
Entre o “regresso às aulas” do social bairrista vivemos a vertigem de todos os géneros.
Eu, Dids e Rititi… sempre disponíveis para viver uma felicidade inócua.

Entre amigos e “amigos”, estranhos e “estranhos”, conhecidos e “desconhecidos”… personagens e portagonistas, tudo surgiu até nós.
LOL
E eu, a repetir as memórias, efectivamente Too Drunk to Fuck para dar a morte merecida a alguns deles...
(Só uma nota, agora que recordo: Aquela "Sombra" é mesmo ridícula!)

Hoje não poderei refirir nomes nem especificar momentos, por razões óbvias… estou lúcido.
Mas é verdade… até algumas das personagens se repetiram e ganharam formas nunca antes projectadas.

Ainda assim, aqui fica o registo da perfeição.
Sim, na verdade, os três corpos planavam sobre a cidade suportando o seu próprio peso.

Um corpo que vive a tentativa de adaptação de novo a esta cultura. Em derrames silenciosos de saudade contra a razão.
Um outro que vive a tristeza do esforço que ser feliz exige. O cansaço de limpar o seu solo infestado de embondeiros. E o receio de reconhecer o caminho que desenhou.
E o outro que planava em tons de azul... porque de Tóquio se despede, para abraçar a montanha-russa que o espera sem saber. Temendo, ainda assim, não conseguir apagar o título que aquela cidade deu ao seu filme e lhe tatuou o corpo.

Três corpos que, embora feridos, teimam em ser felizes e provar que, mesmo ligados pelos mais discretos fios de ceda, a harmonia entre si não compromete nenhuma noite entre as luzes desta Lisboa já gasta, mas sempre nossa.

sábado, setembro 02, 2006

I Can't Escape Myself

Existem dias verdadeiramente especiais em que nada, aparentemente, acontece.
Os tons e os cheiros, a luz e as formas, paracem-nos iguais a tantas outras.
Mas não são.

E a vida sempre nos parecerá eterna…



Hoje parei para mudar.
Hoje sinto o gosto de todos os algodões-doces que provei sem estar apaixonado senão mesmo pela vida.
Hoje revejo a infância entre praias e campos, cores e sabores.
Revejo o depois de tudo isso e o agora que olha para tras.

Tenho saudades de todas as histórias. Mas não se têem erguido para aqui.
Reparo a gaveta que já se encontra cheia e calculo o tempo de escrita em silêncio.
Mas não sei… este Verão, ao contrário das outras estações, não me amparou ao equilíbrio das letras.

Prometo voltar com tudo.


Mas entretanto outras plantas começam a ganhar vida em meu redor.
Acabo de assitstir a uma coisa que me deixou a pensar.

Hoje vou-me “despedir” da cidade e preparar as malas desta nova forma de vida que acabo de perceber.
Os bilhetes já estão na mão e já não há nada que me faça parar o desejo de ser apenas o melhor de mim.

Cansei-me de estar perdido em Tóquio na esperança que alguém me encontrasse.
Hoje vou apanhar um taxi e deixa-lo à deriva pelo mundo.
Se continuarei à espera de ser encontrado?
Talvez… talvez, mesmo que o nege, acabe por socumbir até que algo aconteça.
Não existem pessoas nem identidades perfeitas. Existe sim, e nisso acredito, em momentos que tornam a vida perfeita.
Mas o âmago afasta-se hoje dos meus cabelos, e na minha pele existirá o perfume de um sorriso pleno e um desejo profundo de que tudo, em mim e em vocês, vos corra bem.

Procurem-me ao cair da noite, hoje “despeço-me” de Tóquio.

“I'm sick and I'm tired
Of reasoning
Just want to break out
Kick off this skin

I can't escape myself”

sexta-feira, setembro 01, 2006

Human Fly


Human fly
(The Cramps)
by Nouvelle Vague in Bande A Part


Well i'm a human fly
it's spelt F-L-Y
I say buzz,buzz,buzz
And it's just because
I'm a human fly
And I don't know why
I got ninety six tears
In ninety six eyes

I got a garbage brain
It's drivin' me insane
And I don't like it
So I push that pesticide
And baby I don't care
'Cause baby I don't scare
'Cause I'm a reborn maggot using germ warfare
Ah Zzzzzzz...
Rockin'...

I'm a human fly
it's spelt F-L-Y
I say buzz,buzz,buzz
And it's just because
I'm a unzipped fly
And I don't know why
And i don't know but I say buzz

Human fly
it's spelt F-L-Y
I say buzz,buzz,buzz
And it's just because
I'm a human fly
And I don't know why
I got