segunda-feira, maio 29, 2006

Fresh Bloom


...
E porque as imagens nos abafam a voz com a sua imensidão de expressões imediatas, e porque tudo em nós sobrevive com graça e muita graciosidade também. Existem verdes pastel, outros florescentes…mas existem verdes que, com a luz certa, nos abrem a porta entre dois carvalhos.
"Entre dois caravalhos existe sempre uma porta para a outra dimensão." A do sonho vivido, a da vida como deve ser.
Rodopia sobre o eixo de ti mesma…solta os risos que, na criança do “tu” existe…e sente a fragância de todas as particulas do ar que respiras. Do verde fresco, da alegria pelo calor e do florescer de tanto em ti.

domingo, maio 28, 2006

Pastilhas Gorila e Bolas de Sabão


Hoje não irei falar de nenhum de vós, até porque não me apetece senão falar dos que já seguiram outros rumos.
Recordo tudo e todos com o entusiasmo de uma estação verdadeiramente luminosa.
Lancei-me às teclas porque pensei falar de ti…
Sim, de ti… de quem nunca falei, escrevi ou tornei público qualquer pensamento.
Aos poucos percebo que já aqui moras…que este espaço já tem a tua pegada e já nem me lembrava do momento.

É estranho…
Mesmo à pouco quando falávamos era como se te ouvisse agora, algures num país distante, onde a chamada entre nós é dificultada pelo barulho estranho ou má ligação dos telefones.
Muito estranho.
Perguntaste-me se tinha ficado aborrecido (não por estes termos, como é óbvio, mas os teus não consigo utilizar com tanta graça)…
Não, claro que não.
Claro que, ao olhar para trás percebo o quão, ingenuamente, nos cravamos em nós. O quão doces eram os nossos corpos naquela época em que tudo nos era permitido.
Deste-me a conhecer, naquela noite, a liberdade do meu osso…mas na manhã seguinte, como uma bomba nuclear, o limite dessa mesma liberdade.

Foram lições várias entre terras, países e cidades, em que, fatalmente o destino nos cruzou.
Ainda me recordo das inumeras viagens que nunca te pude explicar… ainda me recordo das inúmeras perguntas às quais nunca ouviste resposta.
Hoje posso…mas não quero.
Os anos passaram sobre o nosso sangue e já não fará o mesmo sentido.
Será tudo diferente mas apenas de outra forma.

E acabei por falar de ti, logo hoje que não queria falar de ninguém. Irónico… talvez tenham sido esses mesmos tecidos sobrepostos, esses fios de linho e vozes, em que sempre nos tornámos anónimos, que tenham gritado agora.
O secretismo trouxe-nos a calma… mesmo nos loucos anos de euforia.

Mas hoje o sol já vai baixo, e com ele um calor que me desperta para a vida.
A vida que tive, a que tenho…e sobretudo, a quero viver amanhã.
Cheira-me a verde…
E a Luz fica em tudo tão bem.
Apetece-me uma groselha, uma limonada… um mazagran… e um crepe com gelado.
Hoje não janto…não me apetece…
Vou em busca de pastilhas gorila e bolas de sabão!

Emabalo a 3


Ontém foi uma noite estranha…
A agitação corrente era-nos cortada pelas rasteiras desta cidade.
O irónico e descabido tomava conta de nós.
Os novos porteiros da cidade não nos conheciam porque vinham de longe.
Os espaços longínquos que nunca frequentamos recebiam-nos de braços demasiado abertos.
Somos felinos de outras arenas…mas ainda assim teve graça.
Nos corpos reinava o cansaço de uma noite quase perdida.

Hoje ao sabor do calor que caía sobre esta cidade todos os porteiros nos iriam receber… mas hoje, em nós, não cabiam grandes excitações.
E lá estavam os três, quase famosos, em busca de rigorosamente nada.
Cigarros, cafés, martinis e raciocínios elevados sobre planificações complicadas tinham ficado no teatro.
—“Apetece-me passear de carro pela cidade” – disse, formosa, a Madame Savant Abri.
—“Why not?”
…e lá foram, ao sabor dos devaneios naifes da Mademoiselle Vert Citron que, como um real coker se comportava de língua de for a ao vento pela janela do carro.

A cidade trazia luz ao “não pensar em nada”… o abrigo em nós suportava-nos porque mais, na verdade, não era preciso.
As luzes arrastadas pelo semiserrar dos olhos deixavam que o silêncio das músicas vãs nos inundassem de tranquilidade.
E foi tão bom.

—”E agora?”
—”Eu hoje ía pela marginal…apetece-me.”
—“Vamos…”

Marginal a dentro lá foram eles…praias, carros, pessoas que, às 3h da madrugada continuavam a perceber que, noites quentes como esta, não podem ser vividas a sós.
Minutos, músicas, fumos de cigarros que dançavam no silêncio do “não vazio” celebravam a vida de alguma forma que até mesmo a nós nos passava ao lado.
Não por lhe sermos indiferentes mas por nela, em consciência, reconhecer-mos o valor de todos os momentos, mesmo os tão triviais ou sem, aparentemente, nexo nenhum.
E é assim que a liberdade se manifesta em nós… é assim que, em nós, tudo e nada faz sentido de qualquer forma, em qualquer lugar, ao som de uma música qualquer.

Um grande bem haja a vós e que a noite vos embale como me embalam em todos estes momentos.

quinta-feira, maio 25, 2006

Lalique Child


"E saberás tu quem és?
Esse olhar de criança nefasta… essa cara de controlador ingénuo.
Esse brilho de parque infantil.
Essa força de conhecer mais.
Essa carne tão exposta.
Esse peito tão protegido…esses lábios defendidos.
És a luta entre poder e o ser.
Não se pode ser vilão contigo por muito que o desejes… és o bom da fita por muito que o odeies.
Esse perfume de magnolia ainda a florescer. Esse peso do pior que a sociedade faz por nós.
Essa educação acutilante e esse apontar imóvel. São a raiva dos porcos e o brilho da pérola perdida em ti. São as chamas dos rastejantes e o tocar do vinho.
Um dia, gostava de poder pensar que, no recordar-me, percebesses que se não o fiz foi por ti e se o fizer será por tudo.
Ainda assim continuo a dizer que devias ser preso.
Todos os que matam o merecem…e n há pior pecado do que a morte em nós mesmos.

Ainda assim acredito que tudo em ti se move pelo contrário do que queres ser. E isso tranquiliza-me o pensamento. Tranquiliza-me a dor de pensar numa criança abandonada num hiper-mercado.
Tudo em nada, nada em tudo a servir-te de grua.
És ainda o fermentar de um vinho cujo o sabor será, por mal ou por bem, um sabor viciante.
És a vibrante paixão de nunca estarmos sós.
És o gritar de uma forma naife no meio de um salão cheio de peças de Lalique.
Inspira e expira… que no fôlego terás sempre quem te abrace o dia desde que o vejas e pouses os calcanhares no chão cheio de terra.

Apetece-me rir…
Porque por mais que te esforces eu sei bem que não te irrito como pensas. Por mais que esforces eu sei que por aqui estarei e tu, no fundo, não viajas mais porque não queres.

E no travo de um cigarro, ao som de uma música cujo nome exalta a ironia da tua vida – “Zero” – não deixo de pensar mas deixo de escrever.
Que se queimem os registos desta demência conjunta porque em cinzas sabem sempre bem melhor!"

terça-feira, maio 23, 2006

HeartBeats e Sapatos Brancos


"One night to be confused
One night to speed up truth
We had a promise made
Four hands and then away
Both under influence we had divine scent
To know what to say
Mind is a razorblade
To call for hands of above to lean on
Wouldn't be good enough for me
One night of magic rush
The start: a simple touch
One night to push and scream
And then relief
Ten days of perfect tunes
The colours red and blue
We had a promise made
We were in love
And you, you knew the hand of a devil
And you kept us awake with wolves teeth
Sharing different heartbeats in one night"


E se alguém perguntar por mim...
Diz-lhe que fui comprar sapatos brancos.
É isso que quero calçar amanhã e é isso que quero que suporte o meu chão.

;)

sexta-feira, maio 19, 2006

Corpo Cansado


Aqui, hoje, mora um corpo cansado em mim.
Depois dos sonhos, em que tudo significa, veio o dia em que tudo marca.
O sangue estava morno, e nele navegava o frasco de perfume que acabo de partir.
Cheira-me a tabaco e na pele trago um travo de gota de alcóol.
Hoje cansaram-me as vozes... hoje cansaram-me as vidas... hoje o meu corpo adormece na exaustão de uma vida em consciência.
Trago feridas abertas a todo o instante, e nesta fase a humidade dos pensamentos não me as ajudam a sarar.
Foram horas a mais a vasculhar nos ossos o que realmente queria dizer. Foram horas a mais de vida para deixar descritas em tão pouco tempo.
Foi o vinho, a pluma, a terra e a perversidade dos corpos que me engoliram o calor... que tornaram este corpo num pedaço de carne em repouso.
Morro em mim por vós e decido matar-vos em mim.
Estou cansado... sinto os pés dormentes e já caiu o nevoeiro sobre a tinta amarela da linha onde caminho.
Hoje vou dormir sobre mim, sobre vós... hoje sinto o corpo cansado num quarto de hotel em L.A.

quinta-feira, maio 18, 2006

Mary Mary


"Somos corpos que se cultivam sobre o mesmo virús... somos mentes demasiado atentas para não sentir que o verter sangue, doi. Neste mundo de loucos invisuais que tudo nos exigem e em tudo nos devoram."

"Vou Jantar e Deixar de Ser Prostituta..."

terça-feira, maio 16, 2006

Eu de Mim


Estava por aqui perdido em mil projectos, mil coisas para tratar, como se de um verdadeiro adulto importante me tratasse, quando tropeço numa folha branca, escrita por alguém que não conheço, descrevendo uma pessoa que conheci ontém.
Ontém, essa pessoa, enquanto a questionava sobre mil coisas para o trabalho que irei desenvolver, repetiu infinitas vezes “Descrever-me a mim própria seria uma tarefa impossível.” E aquilo, de facto, dava-me um jeito para poder desenvolver o trabalho da melhor maneira possível.
Então cheguei a casa, sento-me ao computador, e, no recordar de todas as palavras percebi que ela repetia algo que sempre disse sobre mim mesmo.
Intrigado, pela primeira vez, percebi que a maioria de nós faz o mesmo e ainda não cheguei a nenhuma conclusão do “porquê?”…

Em tempos, numa entrevista que me faziam, alguém me perguntou:
— Como se definiria como pessoa?
— Eu não gosto muito de definições porque acredito que, na verdade, só nos trazem limitações!


…devo ter ouvido isto nalgum lado e adopatdo de emidiato. Porque de facto acho que é exactamente isso.

Mas ainda assim hoje, aqui neste espaço, com este sol… apetece-me.

Gosto de Gelatina e morro por mousse de chocolate.
Não me mexo sem café e nem paro sem cigarros.
Gosto de sol mas adoro o Inverno.
Gosto de dançar, e tudo o que seja festa.
Encho de açucar amarelo tudo o que seja yogurte.
Não bebo leite simples mas adoro um bom galão.
Adoro rir mas também me agradam assuntos sérios.
Gosto de fantasias, plumas e lantejolas mas detesto sentir-me indiscreto.
Gosto de champaghe com morangos e chocolate, ao som de um bom Jazz, quando a depressão ou o pensamento profundo me apertam… mas também gosto do mesmo, ao som de electro-chique, sobre uma passadeira vermelha, rodeado de os meus amigos bonitos onde gozamos com o brilho dos nossos devaneios nocturnos.
Gosto de coisas diferentes, não por serem deiferentes, mas sim por serem novas.
Gosto de cores vivas se bem que não dispenso o preto do meu armário.
Gosto delas e gosto deles…desde que mereçam a atenção.
Gosto de cães e detesto gatos.
Tenho fubia a repteis mas adoro pavões.
Adoro Londres mas acho que prefiro ficar em Paris.
Adoro a calaçada e detesto pisar a areia.
Falo alto e adoro blasfemar…mas não gosto de “dar barraca”.
Adoro dizer mal mas acho que só bato em quem gosto.
Adoro futilidades e excessos de consumo porque em mim me divertem e nunca me limitam na realidade.
Gosto do amarelo mas as cerejas sabem-me sempre bem.
Gosto do verde-limão mas o azul-petróleo lá estará sempre que possível.
Gosto de cabelos e de saltos-altos mas não gosto de genitais apertados.
Gosto de alcóol mas não vivo sem água.
Detesto o espírito campista ou escuteiro mas adoro cozinha vegetariana.
Morro por joias mas não resisto a uma feira e compras inteligentes.
Gosto de barulho mas não vivo sem a quietude do silêncio a sós.
Gosto de todas as artes mas não suporto pretenções artísticas.
Odeio faltas de educação e pessoas cujo o chá, em crianças, for a servido sem pires.
Adoro a expressão “pérolas a porcos”…e a palavra “bidé” e “Entroncamento”


Sou assim , sou assado… mas continuarei sempre a dizer que não gosto muito de definições porque acredito que, na verdade, só nos trazem limitações!

Tenham uma boa vida que eu, depois disto, estou irritantemente feliz!!!! LOL

Aos Ridículos


Às pessoas verdadeiramente ridículas que se cruzam no nosso caminho.
Aqueles que nem sonham o verdadeiro significado de uma passadeira vermelha. Fingem comer caviar arrotando "cavalas moidas" ... Aqueles que são moscas pq os mosquitos sempre comem menos merda...lol....a todos aqueles cujo o chá foi servido sem pires, e mesmo o seu contéudo fora falsificado (como produtos das lojas dos 300 com uma embalagem mais "pomposa")!!!!... Ridículossssssssssssssssssssss!!!:D...mas adoro ter-vos por perto, quanto mais não seja, para me recordarem o valor da vida que tive, que tenho e, se não elouquecer, terei, e por me recordarem o brilho das minhas pérolas sobre as vossas carnes de porcos.

segunda-feira, maio 15, 2006

My BABE


...e porque há despdidas que, por muito que se repitam, serão sempre dolorosas... e porque há vidas que, como a minha, se sentem brindadas com a tua presença, e porque te adoro e morrerei, mais não sei quantos meses, na contagem decrescente por te rever... por tudo isto e muito mais, hoje deixo aqui a primeira "foto" de arquivo sem qualquer censura.
Brindarei com champaghe ao teu regresso e com champaghe brindarei sempre que a saudade apertar. Porque és a "minha Lara" e porque só tu perceberás a simplicidade do meu ser no reflexo do teu que, com tanto brilho, nos da vida ao sangue e aos olhos.
Love You Babe
still miss you so fucking much que até doi "C#RALHOOOOOOOOOOOOO" (lol)
Boa viagem, boa estadia e, sempreeeeeeeee, mas mesmo sempreeeeeeeeeeeeeeeee...uma boa vida!!!... é o que não não preciso de te desejar porque acredito estar-te reservado por direito! ;)

Aguardo notícias! ;)

domingo, maio 14, 2006

Lua Cheia


“Recriamos a morte em nós mesmo ao som de todos os cheiros dançados pelo reflexo destas noites de Lua Cheia.”
Hoje sentiu-se assim o efeito da Lua naqueles ossos.

Era doce o sabor que trazia na língua mas amargo o sentimento que lhe adormecia o sangue nas horas deste dia.
Combinações astrológicas perfeitas reinavam no seu imaginário, e o sonho que tivera permanecia ainda acordado.
Há sonhos que demoram tanto tempo e dos quais não queremos acordar. Não por serem perfeitos, mas por neles reinar uma fantasia confusa que precisa de tempo para ser digerida.
Entre os vivos e aqueles que, na verdade, nunca sentiram a vida em si, vários corpos vagueavam na cidade durante o seu sono.
Os tons escuros e terra abraçavam as roupas daqueles que, como um carrocel, giravam que nem loucos em seu redor. Era a loucura da noite sobre a sua cabeça. Isis dançava com os seus cabelos sobre a almofada.

Hoje saíra de casa enfurecido como alcool no seu sangue. Fervelhava-lhe a memória dos últimos tempos passados sobre a calçada. O sapateado ofegante das últimas danças.
Estava cansado e na loucura procurava o teu rosto.
A noite estava calma, amena…e as conversas em seu redor eram-lhe familiares. Sentia-se em casa mas sentia na carne a vontade de te visitar em tom de surpresa.

A “barca da fantasia” adormecia-o naquela mesa giratória em que ninguém partilhava da sua vontade. Entre um cigarro e outro dançava um tango sinuoso com as formas que o fumo assumia. O tempo estava bom e favorica a dança. Estava uma “quase” noite de Verão.

No seu corpo latejavam os arrepios da dor de alguma coisa que nunca soubera dar nome.
Gritavam, no seu sangue, ecos de prazer que chamavam pelo cheiro a canela desses cabelos.
Sentia o ardor nos olhos daquelas memórias que mergulhavam, em silêncio, no interior dos seus ossos.

Quem és tu?Quem é ele? Quem são vocês, criaturas da noite, um para o outro senão o a permanente fantasia das luzes desta cidade?

Levantou-se repentinamente, pagou a conta, despediu-se dos amigos e decidido a tomar um rumo, dirigiu-se ao carro.
Entrou, escolheu a música a rigor e acendeu mais um cigarro.
Fez-se à estrada e deixou que o vento o despenteasse para aliviar a mente.
Entre as luzes saltava como uma criança que salta na passadeira tentando apenas pisar as listas brancas. Em cada candeeiro seleccionava um destino da sua morte ou do seu adormecer.
Levava-te na mente quando entrou no carro, é um facto. Mas depressa te trocara por mil caras que, como variantes de cor, ocupavam o teu lugar.
Era a loucura daquele sangue contaminado. Era o virus no seu pior estado, no de âmago em frames luminosos em contraste com as luzes da cidade.
Era a música, o fumo, o vento e os ossos a gritarem baixinho no seu ouvido num danificar prepositado das memórias.

De StªApolónia ao Cais-do-Sodré e do Cais ao Príncipe Real tudo for a vivido em mil segundos nunca antes tão bem aproveitados.
Caiu a decisão… Sonolento, cansado, apático e em estado de overdose de si mesmo decide onde adormecer.
A Lua exalta nele o melhor e o pior de cada estado em si e hoje acabou por se render ao silêncio do aconchego de si próprio.
O estar só em noite de Lua Cheia nunca lhe soara tão bem.

“Dou-me com toda a gente, mas não me dou a ninguém. Frágil, esta noite estou tão frágil.”
Um último cigarro, a chave na porta e o seu corpo, cansado, estendido sobre a cama.

sábado, maio 13, 2006

Pink Flamingos


Sempre quase mas nunca tudo.
Sempre meio copo mas nunca um fígado cheio.
Sempre lascivos mas sempre bonitos. Sempre inteligentes mas nunca intelectuais.
Sempre a trepar as paredes por mil sexos, mil joias e mil ideias de projecções futuras… sempre em dança com os gestos do “certo” e do “certamente certo”.
Sempre em gemidos e nunca em gritos.
Sempre bronzeados mas não pretos…sempre giros e quase famosos.
Sempre sérios mas quase parvos.
Sempre em bico-dos-pés mesmo quando dançam uns com os outros na mesma sala às escuras.
Quase sempre perfumados da ironia de quem os circula… da vida que, em nós, levanta o sentido.
Sempre diplomáticos e quase brutos… sempre frescos e quase duros.
Sempre encarnado e quase preto.
Sempre assim e quase cansados.
Sempre loucos e quase felizes.
Sempre quase mas nunca tudo… porque o tudo é individual e o quase já é divisível.

...seja como for, seja onde for, continuo a gostar do cor-de-rosa e branco.


photo by DdiArte

domingo, maio 07, 2006

Arena Noir


Estava verdadeiramente brilhante.
No corpo envergava um faustoso casaco de pêlo preto. Tão brilhante que cada partícula parecia arrancada de um animal cuja pele fosse de seda. No peito a descoberto sentia-se o arrepio daquele imenso, mas discreto, colar longo de diamantes que cegava em compasso com os restantes acessórios de pulso.
Sobre o rosto bronzeado apenas trazia os óculos escuros que de tão negros faziam esconder a maquilhagem nos olhos.
O perfume era forte.

Ao amanhecer saiu assim da arena onde passara a noite.
Para trás deixou as cinzas dos corpos em que tocara.

- Já vais?
- Sim… amanheceu e a noite já partiu mostrando-me que já chega.
- …tens a certeza?
- Tenho. Neles já não deixo mais nada senão uma recordação da minha saliva.
- …e eu?
- Em ti não deixo mais nada senão a queimadura que tanto mereceste…
- Pára!
- Porquê?Não gostas de ouvir?
- Não é isso. Mas não me apetece…
- …pois é…e assim foges de ti e da tua vida mais uma vez. Isso… ao virar das minhas costas enfia a cabeça debaixo da terra, não te esqueças. O alcóol que ainda te resta nesse sangue já não será suficiente para amparar tanta tristeza. Morrerás sempre com um estúpido sorriso nos lábios. Morrerás sempre a cada repetição desta cena que crias vezes sem fim. E depois, eu, logo eu, é que sou o louco desta cidade.
- Não te estou a ouvir.
- Estás. E estás porque, por mais que fujas, trespasso sempre essa pele imatura em fúria.
- Serei mais um rebelde sem causa?
- Serás mais uma causa que insiste em ser perdida.
- Adeus, não me parece um bom momento.
- Nunca será porque sempre o evitas. Nunca será porque, na verdade, não é de mim que foges…é de ti e dessa merda que estrangulas na garganta.
- …posso?
- Tens a certeza que é isto que queres?
- Não, mas também não me interessa… não és tu que dizes que é meu dever deixar de racionalizar tudo?
- E é…
- Então?
- Então que amanhã morrerias se o fizesses. Não é assim que esse teu sangue ganha vida. Primeiro alimenta o teu corpo de vida real e depois, só depois, podes achar que audácia te é permitida no delírio de um arrepio.
- Sempre é verdade que trazes veneno nos lábios?
- Nem vou comentar… a verdade tu sabes bem qual é. Morrerás com o mesmo vírus.
- Mata-me.
- Seria mais fácil, de facto. Mas não tenho como matar corpos que nunca tiveram vida.
- Cabrão.
- Sempre, mas de uma forma que faça sentido.
- E é aí que está a diferença entre nós, não é?
- Olha bem para trás e tenta perceber… aqueles corpos desventrados só queriam a loucura de sentir a normalidade da condição humana. Pensa bem.
- Mas não fui eu o portagonista da noite…


Vira as costas e começa a andar em direção à saída. A meio pára, e ainda de costas, ergue a cabeça. Leva a mão ao bolso e acende um cigarro.
Volta-se em torno do seu próprio corpo.
Sorri e depois de um travo no cigarro dirige-se novamente ao único corpo que se mantinha de pé naquela arena, ao corpo que se mantinha suspenso à espera de resposta, e diz:

- O que é que tu queres afinal?

Levanta o sobrolho e, no silêncio da resposta, beija a testa daquela face desesperada e cheia de medo.
Coloca os óculos escuros e gira sobre si mesmo. De costas para o centro da arena caminha num compasso que enundava a areia de sangue. Sente as cinzas daqueles corpos por debaixo dos pés. Ajeita o casaco e ao sentir a sua textura recorda-se de quem é. No caminhar ergue o pescoço e sorri para si mesmo.

A morte nele maquilha a sua perfeição… mas a vida em si sabe-lhe verdadeiramente bem.

sábado, maio 06, 2006

Vestido de Negro


Vejo corpos a boiar na piscina.
Sob o olhar atento dos ecos destas paredes refugiava-me, sem modos nem maneiras, com gestos coreografados, numa taça de mousse de chocolate.
Sempre me soube bem o exagero de me sujar de doce.
O telefone tocou e senti o cheiro do acender de um cigarro.
Subi as escadas e o som que, em gemido, trespassava aquele quarto era o que tenho eleito nos últimos dias.
Sexo.

“Amor ao Canto do Bar Vestido de Negro”

Sentiu o sabor do vinho que, mais uma vez, tomavam os dois, mas a três.
Sexy, por curiosidade, era o seu nome… magenta, por ironia, era a sua cor.

Depois de um valente estômago que, por sado-masoquismo, mais uma vez, ela lhe dera, ali estavam… sem aplaudir, como se de esculturas se tratassem, no meio da multidão em euforia.
Tinham acabado de ser, de facto, esculpidos.
Os seus corpos estavam imóveis pela dor que mais ninguém tinha percebido naquela loucura sobre o amor.
Os seus pulmões sangravam pelo pânico da inteligência.
Os seus olhos estavam estáticos naquele universo do gesto.

A saliva parecia inexistente na tentativa de criar palavras que exprimissem o ódio pelos seus próprios corpos. A chave que achavam existente debaixo de uma árvores qualquer tinhas-se sido roubada em palco. Tudo parecia demasiado cruel para n ser real. Não lhes restava uma gota de sangue.
Silêncio.
Depressão.
Rodrigo Leão.
Mil passos deambulastes e lá estavam eles, mais uma vez, sentados a beber vinho.
Sabiam bem que a conversa tinha demasiado perfume e os corpos demasiada exaustão um do outro. A dor em que sucumbiam fazia-os brilhar e sentir-se mutuamente amparados.

Depois de um jogo infantil em que as coisas adultas são reveladas sobre as fantasias da pele… um “obrigado” pelo momento.

Pisou a calçada e ao vê-la partir apercebeu-se que a noite ainda iria somente no seu início.
Os corpos que tinha visto a boiar na piscina aguardavam ansiosamente por ele.
Era o vírus do seu sangue a espalhar-se pela pele e a prender os ossos.
A cada passo surgia mais um frame do sonho que tivera ao entardecer naquele mesmo dia.
Sabia que tudo era demasiado bizarro para não fazer sentido.
Sabia que teria que abater aqueles corpos de vez.

Sentiu o seu perfume a soprar no cabelo… estava em mutação de guerra e, no meio da multidão, gozava o prazer de cada passo.
Levava a arma carregada com 3 balas bem junto às costas.
E deu início à dança.
Entre corpos cavernosos e línguas sedentas sentia o odor da morte.
Os gestos desenhados no silêncio das suas roupas mostraram-lhe o momento.
Com toda a sensualidade e calor nos lábios segura a arma e prepara-se para disparar.
O orgasmo envolto em veneno gritava como o rasgar do seu peito.
O sangue subia-lhe pelo interior da garganta e inundava a sua boca sedenta de veludo.
Nas paredes sentia-se o preparar das marcas de suor e sangue.

Silêncio.
Afinal só ali estavam duas balas.
Na confusão das luzes da cidade teria perdido uma bala… perdido ou disparado.
Os frames do sonho voltaram a surgir a uma velocidade estonteante…Os olhos azuis e inocentes da personagem principal do filme semicerravam a loucura no arrepio do seu pescoço.
Recordara-se.
Antes de chegar aos corpos flutuantes já tinha disparado sobre aquele que, silenciosamente, continuava sentado junto à piscina.

sexta-feira, maio 05, 2006

Casados de Fresco


...e assim nasceu um casamento modernaço, liberal e, no seu todo, com uma cerimónia "muito à frente", porque tanto o noivo como a noiva são criaturas com uma personalidade muitoooooooooo carismática!!!! ;)

Beijo Babe
Ass: Tiago "Alcobia"