Entrei com a mesma convicção que sempre entrei naquele aeoroporto.
Sentei-me no mesmo banco que me sentei quando, com poucas malas, me larguei em Biarritz.
Ocorreu-me o sabor daquele vício cíclico a que cedo sempre que não consigo entender o amor.
Lembrei-me da fatalidade das palavras da Lea Doval, quando me ofereceu a sua companhia naquela tarde no Hotel du Palais.
Logo de seguida também me lembrei que o tempo era de facto um fenómeno atento na história da minha vida.
Fazia exactamente um ano que o meu corpo vagueava por aquela praia à procura de uma razão para voltar a Portugal.
Pensei várias vezes em levantar-me e dirigir-me ao mesmo balcão.
As caras já me pareciam familiares e o que isso tinha de reconfortante, tinha igualmente de assustador. O significado de estar ali mais uma vez, com a mesma sensação reflectia a fadiga no meu sangue, estimulava a humilhação sobre a minha própria figura.
Deixei-me ficar ali sentado mais um tempo... e o tempo foi passando.
Escureceu lá fora e os sons das chegadas já não se destinguiam das partidas.
Olhei para o telefone e contei as horas do silêncio.
Levantei-me e dirigi-me por fim ao balcão.
Regressei a casa e no caminho apercebi-me que ainda não estava certo do que iria fazer.
Tirei apenas uma mala do armário e deitei-me a seu lado.
Esperei por ouvir o telefone finalmente tocar e adormeci.
"I love you too."
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