sexta-feira, junho 24, 2011

To Build A Home



Entrei com a mesma convicção que sempre entrei naquele aeoroporto.
Sentei-me no mesmo banco que me sentei quando, com poucas malas, me larguei em Biarritz.

Ocorreu-me o sabor daquele vício cíclico a que cedo sempre que não consigo entender o amor.

Lembrei-me da fatalidade das palavras da Lea Doval, quando me ofereceu a sua companhia naquela tarde no Hotel du Palais.

Logo de seguida também me lembrei que o tempo era de facto um fenómeno atento na história da minha vida.

Fazia exactamente um ano que o meu corpo vagueava por aquela praia à procura de uma razão para voltar a Portugal.

Pensei várias vezes em levantar-me e dirigir-me ao mesmo balcão.
As caras já me pareciam familiares e o que isso tinha de reconfortante, tinha igualmente de assustador. O significado de estar ali mais uma vez, com a mesma sensação reflectia a fadiga no meu sangue, estimulava a humilhação sobre a minha própria figura.

Deixei-me ficar ali sentado mais um tempo... e o tempo foi passando.
Escureceu lá fora e os sons das chegadas já não se destinguiam das partidas.

Olhei para o telefone e contei as horas do silêncio.
Levantei-me e dirigi-me por fim ao balcão.
Regressei a casa e no caminho apercebi-me que ainda não estava certo do que iria fazer.
Tirei apenas uma mala do armário e deitei-me a seu lado.
Esperei por ouvir o telefone finalmente tocar e adormeci.


"I love you too."

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