domingo, maio 05, 2013

Líbido



 O bailado tinha terminado. Cá fora, entre um cigarro e outro, esperavam-se as estrelas da companhia enquanto as mesmas caras de sempre se serviam das bandejas igualmente coreografadas.
Cá fora, no jardim, enquanto apreciava o compasso de espera com o seu cigarro, sente a presença de alguém que se aproximava pelas suas costas. Aquele perfume era-lhe tão familiar que nem se deu ao trabalho de contornar o próprio corpo e surpreender aquele que decide dizer:

-  Depois não queres que te chame nomes!
- Desculpe? Não percebi.
- Sempre elegante. E eu sabia que te ía encontrar aqui.
- Curioso, logo eu que não confirmei a minha presença. Mas calculo que tenha os seus métodos.
- Aprendi com os melhores.
- Obrigado. Fico contente por saber que contribuí com alguma coisa então.
- Estás lindo.
- Obrigado. Os ares da cidade também me parecem que lhe estão a fazer igualmente bem.
- Cabrão! Estou a ficar sem espaço nas cuecas!
- É sinal que terá um órgão grande demais...
- E ele insiste!! O dono do massive penis aqui és tu! E sabes bem que sim e isso é super sexy!
- Sexy? Começo a notar alguma saliva na sua boca...
- Porque te vens para caralho também! És o The whole package!!
- E isso excita-o, presumo.
- Agrada-me muito, sim.
- Para a próxima espero por encontra-lo então.
- Porquê, masturbaste-te antes de eu chegar?
- Não. Estava só a ser provocador mas pelos vistos não fez efeito...
- Quem disse?
- Eu. Pelo menos questiono-me... Olhando para baixo não vejo nenhuma nódoa nas suas calças.
- É fácil me recordar do teu tamanho, da força e do gemido seco que me provocavas, do preenchimento total no meu interior e da dor altamente excitante que me davas.
- Devo sentir-me elogiado portanto...
- Estou de pau feito.
- Perdoai-me senhor porque pequei.
- Sabes bem que não sou do teu tamanho. Tu tens uma pila para além de bonita, grande mas grande mesmo. Claramente que não sou o único a dizer-te isto. E aliás, tu sabes.
- Ainda estou a recuperar o fôlego, peço desculpa. Não contava com tamanha euforia na sua boca.
- Pois, aconteceu-me o mesmo, quando levei contigo!
- Posto isso, "só se perderam as que caíram no chão" parece-me.
Ainda se recorda do que disse naquela noite?

- "O que é que estás a fazer, cabrão?" E sei que me respondeste "Estou-te a comer o cuzinho" Passei-me!!
- Portanto será mais apropriado afastar-se agora. A menos que ainda me queira dizer mais alguma coisa antes.
- Que me comeste o cu muito bem e que adorei sentir os teus colhões a baterem-me nas nádegas a cada investida dentro da minha carne húmida.
- Tome cautela, seja discreto. Mesmo sem baixar o olhar já percebi que se está a tocar com a imagem que verbalizou... Vou acender outro cigarro, para lhe dar tempo de se recompor.
- No mesmo sítio onde te devias ter vindo?
- Nesse mesmo sítio onde me queria ter vindo na altura. Quem sabe até para depois assistir ao excesso a cair lentamente numa linha perfeita que lhe percorria as esferas. O que acha?
- Isso depois de te vires no meu cu e de o enfiares outra vez e te sentires deslizar facilmente por estar cheio do teu leite que depois de o tirares sim, escorreria para fora numa linha que lentamente me molhava os colhões porque me estavas a comer numa canzanada fodida e à bruta.
- Precisamente. E como você iria querer provar, ainda o dirigia à sua boca um pouco. Para sentir o que tinha dentro de si e pelo seu corpo todo… não era a sua fantasia?
- That's my boy! Os dados estão contigo agora.
- Parece-me que quer levar o jogo até ao limite com esse tom desafiante.
- Estou com os colhões tão cheios que tem mesmo de ser.

Dá um travo longo no cigarro e da um passo lento sobre o outro corpo. Faz deslizar a mão até ao seu próprio sexo. Aperta-o como se discretamente o ajeitasse no interior das calças. Sorri com um ar malicioso e semi-serra os olhos revelando o prazer ao tocar-se em frente a ele no meio daquela multidão de pessoas à espera.

- Meu querido, a bola está agora do seu lado.
- Cabrão. Essa mão definida pelas veias, o sol que corta o bronzeado das partes intimas … essas maravilhosamente fortes, másculas e grandiosas mãos. Uma cabeça rosada e molhada que já me abriu caminho e me ofereceu sensações de rasgo deliciosas… que caralhão, lindo.
Tu não prestas. És demoníaco. E sim, estás a ganhar! Em vários sentidos!
- Posso-lhe perguntar o que é que faria com aquilo que viu agora mesmo se pudesse?
- Preciso de libertar a tensão.
- Disse tensão?
- Disse. Mas queres saber o que faria? Eu digo-te: Deixava-me estar vestido… chegava ao pé de ti enquanto tirava de dentro das calças a minha tusa. Ficava frente a ti de pau feito e tu nu igualmente de pau feito. Beijava-te violentamente enquanto te tocava e apertava a base dos colhões. Trabalhava os teus mamilos enquanto a minha outra mão passava dos teus colhões já cheios para a minha tusa. Batia claramente uma. Descia em ti até sentir o cheiro das tuas virilhas invadir o meu palato e, a olhar para ti, engolia-te o caralho enquanto pedia para não desviares o teu olhar da minha boca húmida de tanto te querer dentro da garganta
De seguida mamava nesse pau enquanto me masturbava tanto e com tanta vontade. Pedia que me forçasses a comer-te todo e queria lacrimejar para comprovar o quão grande és. Fechava os olhos e sentia a tua púbis no meu rosto e aí, deslizava a minha mão para o meu cu que já sentia húmido.
Deslizavas num movimento para fora da minha boca e um fio de intensa saliva unia o teu caralho à minha língua gulosa, e aí pedia que me desses umas boas chapadas com a mão.
Pedia e tu davas. Sem medo. E eu, a sorrir para ti, ajoelhado na tua frente. A adorar a perspectiva.
Agarrava nos teus colhões e apertava na minha mão direita enquanto investia na minha boca e me engasgavas a cada vez que me fodias
Puxava os teu colhões para baixo para criar tensão no caralho que, com um deslizar se projectava contra o teu abdómen.
Batia agora uma em ti ao mesmo tempo que passava a minha mão na minha boca cheia do teu sabor para depois a passar no cu e dizia: "Agora vais-me comer o cu à bruta e vais-me rebentar todo."
Pode parar. Acho que já fomos longe demais e já há pessoas interessadas na nossa conversa.
- Não vás. Se me movo agora arranco-te o beijo nesses lábios escarlates.
- Chega.
- Sempre um senhor. Sempre um cabrão. Preferes anonimato, não é?
- Prefiro vir-me.
-  Então vamos embora daqui. Vamos para longe destas pessoas.
-  Por isso é que gosto de igrejas. Geralmente por lá as pessoas estão tão concentradas nas suas orações que não reparam no que se possa passar à sua volta.
 - Cabrão.
- Tenha uma boa noite. Vou andando para casa e, já agora, dê os meus parabéns ao seu namorado. Foi brilhante como sempre e decerto que será mais um sucesso de bilheteira.

quarta-feira, maio 01, 2013

Blood


Tudo o que sabemos somos nós próprios encontra-se numa ampulheta de vidro, à distância de um movimento em que nos deixamos surpreender. 



Naquela noite, entre a massa cujas as caras reconhecia de tantas histórias, dei contigo em presença no meu corpo. Passou alguém com o teu cheiro que activou nos meus sentidos o calor do acordar ao teu lado.

Sentei-me num sofá rodeado de amigos que discutiam as diferenças entre a arte nos nosso dias, e as massas que visitam a exposição da Joana Vasconcelos.
Não me chateia nada, antes pelo contrário, que seja assim. Uns são os pseudo-eleitos eleitos pelo grupo minúsculo de “artistas” conceptuais, que escolheram uma contra corrente que se irá sempre debruçar sobre estados depressivos. Outros podem ser os eleitos pelas massas que, com todo o mérito, encontraram uma linguagem que comunica uma mensagem que e chega de forma eficaz às ditas multidões. E então? Não há espaço para todos? Lembro-me de há uns 12 anos atrás discutir isso mesmo com uma professora de história de arte, e impor-me numa posição democrática da arte e do real valor do artista enquanto comunicador. Venci a batalha naquela tarde. Mas não venci a guerra 12 anos depois naquele sofá.

Ao abstrair-me da conversa levantei-me e mergulhei na pista do Purex. Os corpos fundiam-se com o meu e as pessoas dançavam sedutoramente sem qualquer objectivo para alem do serem felizes no ali mesmo, no agora.

Semi-serrei os olhos e senti a força de uma vida que ainda me corria nas veias, e as células de memórias que davam consistência ao meu sangue. Estavas-me por toda a parte. Como se tudo tivesse sido desenhado para convergir naquela sala, naquele momento.

Aquilo era a arte em mim, que substituía a saudade que tinha de materializa-la pelos meus dedos. Aquilo era eu, sem tirar nem por. O prazer alucinado do sabor que as histórias me deixaram, o perfume carnal que evaporava da minha pele, o sabor do gin que me lambia os lábios e o orgasmo da felicidade de ter vivido tudo aquilo numa só vida.

Um dia, em minha casa, disseste-me: “se morresses amanhã serias uma daquelas pessoas que toda a gente recordaria como alguém que viveu bem, que teve uma vida cheia, e isso já ninguém te pode tirar.

Ainda te amo, como irei amar para sempre, e no sempre viverá a forma como amo incondicionalmente todas as pessoas que amo ou amarei. Mas agora vou ter que ir ali ao lado, vou só ali para ser feliz.