segunda-feira, agosto 03, 2015

Agosto Terceiro . Seis anos depois



Photo by Carlo Van de Roer


Há seis anos atrás estava no bairro alto quando aceitei ir jantar aquela que seria a minha primeira casa em Lisboa. Estávamos à porta do Clube da Esquina de copo na mão e o Peter, de copo na mão, parecia uma criança que eu não suspeitava vir a dividir vida comigo nos anos seguintes.

Um ano depois dançava freneticamente durante dias a "Moi Je Joue" da Brigitte Bardot, porque era Verão e de repente o mundo parecia ter acordado para uma maratona de Ménage à Trois.

Passou mais um ano e, já num palácio no Príncipe Real, festejávamos a vida numa celebração nocturna de uma marca francesa. Naquela noite, rodeado dos meus actores e actrizes principais, o meu filme foi rasgado pelo velho Pavlov que, alcoolizado lá deixava escapar que afinal eu lhe fazia falta. Lembro-me do momento em que ele disse “Olha a tua música…” e eu rompi a pista de dança aos pulos até o perder de vista ao som de "Ceremony" dos New Order.

Fui para NYC e no meu regresso tinha um bilhete na cama. O misterioso segredo das noites de uma Paris circense tinha desaparecido.
Um ano depois recebo um postal das Bahamas a dizer que afinal estava tudo bem e que na verdade existem pessoas cuja a existência dependerá sempre da fuga.

O tempo passou… e dois anos depois estava perdidamente apaixonado de novo. De pernas para o ar deitei-me na relva e inclinei os pés para o céu entre as árvores do Jardim da Estrela. Lembro-me de lhes contar “Estou metido em sarilhos mas só sei que tenho que o viver.

Hoje é dia 3 de Agosto e não dormi nada bem. Acordei pai. Um ano depois sonhei que tinha um filho bebé e que não sabia cuidar dele. Tinha a Maria ao meu lado a ajudar-me com uma vacina qualquer e coisas tão básicas como escolher a temperatura certa para aquela criatura. Foi tão real que o meu dia continua estranho.

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