terça-feira, novembro 29, 2005

"Chocolate"


Estava eu tranquilamente a vaguear por uma tarde húmida de Inverno quando me deparo a olhar para a tão falada montra.
Recheada de pecados lá estava ela como tantos já me a tinham descrito.
Olhei, e, sem grandes medos, avancei. Tomei coragem e pensei que só olhar não me faria mal nenhum. Afinal, não sou dependente de chocolate (ao contrário do que muitos pensam) mas sim apenas uma pessoa sensata. Reconheço o seu valor e ponto.
Oh chocolate feroz…
Quando me acalmei e voltei à terra já era tarde demais. Tinha-me envolvido. Tinha sido surpreendido por uma relíquia que sempre subestimei existir.
Sempre me mantive atento para que o corpo nunca me atraiçoasse e com isso sempre julguei não existir nada semelhante. Erro humano, talvez. Mas tamanho erro nunca sequer foi possível conceber por este corpo. Surpresa, ansiedade…pânico.
Ai, mas quem me deixou adormecer?
Quem me deixou olhar, entrar e ser devorado pelo prazer daquele chocolate?
Sinto H2O a mais na boca. Sinto agitações a mais no sangue. Sinto correntes de ar a mais no peito. Sinto músicas a mais no cérebro. Sinto que não tenho a certeza de não ter corrido demasiados riscos naquele estado de inconsciência.
Se me dói a barriga? Sim, e não foi por ter comido demais. Foi por ter comido depressa e de forma tão insensata.
Se volto à loja?…não sei. Tenho medo.
Tenho medo de expor a minha vulnerabilidade assim num vazio tão vasto como este. Tenho medo de me cruzar comigo mesmo no reflexo da montra e perceber que me deixei envenenar e que, tal como todos aqueles que nunca tentei compreender muito bem, fui atingido. Tenho medo de não reflectir nada na montra e de perceber que tudo isto não passou de uma ilusão porque afinal, os chocolates nem sempre envenenam quem querem. Afinal posso não ser uma vítima especial.

1 comentário:

someofme disse...

"Chocolates" are indeed powerful!