terça-feira, dezembro 13, 2005

Chocolate II


Mas que dor de barriga… mas que sede e incensatez.
Porque raio ninguém me acorda deste delírio tão irracional?
Dou comigo numa luta exausta entre mim e mim mesmo. Entre a loucura e o impropério.
Mas como me doi a barriga…e hoje não sinto prazer.
Hoje sinto vazio, sinto silêncio…sinto que posso ter perdido o norte. Posso ter sido banido da eleição sem me dar conta mas consciente do porquê. Posso querer pedir desculpa mas nem sei se tamanha essência possui ouvidos. Posso ser tudo mas agora também posso ser um nada.
Um dia alguém me disse… “Se a vida tivesse uma linha amarela que delineasse os limites dela mesma, tu viverias sempre em bicos dos pés sobre ela. Isso um dia ainda te mata.”…esse alguém conhecia-me…e hoje lembro-me da sensatez destas palavras. Porquê?É a única coisa que me surge enquanto deixo que os dedos descansem e permitos aos calcanhares deixarem o ar.
Ja tentei reflectir na montra novamente… mas até agora o silêncio. A ausência de luz que me rouba a cor de que componho os meus reflexos. Porquê?…
Será que errei assim tão ferozmente?…nunca pensei que para subreviver à racionalidade deste meu corpo teria ainda assim de me manter racional a todo o instante. Será que só existiu na minha cabeça esta partilha de provocações?Onde fica o meu corpo sem esse chocolate?…
Mas que presistente esta dor de barriga… mas que ausente a imagem do que a provoca.
Se em momentos todo o mundo de humanizações, mesmo até as mais florescentes, viveram sobre o amparo do meu céu-da-boca, hoje sinto frio. Congelam-me os ossos estas coisas todas tão pouco tropicais. Sinto o corte do cinema, sinto o bater das tábuas no silêncio dos corpos racionais.
Sinto a dor vazia dentro da minha barriga que já se imaginava habitada pela dor do prazer.
Oh chocolate feroz…mas de que és feito tu que não há meio de saber?… reage…age. Mas não cultives esta temperatura tão cutilante.

1 comentário:

someofme disse...

Ainda bem que decidiste começar a partilhar a tua "incapacidade" de escrever. Acho que ainda vais descobrir como estavas a adjectivar mal.
Um dia, há uns atrás disseram-me que eu vivia na corda bamba. Logo eu que me acho tão racional, tão terra a terra. Mas imaginemos que essa pessoa tinha razão. Quando se vive numa corda bamba tanto se pode cair para um lado bom como para um lado mau. Acho que os capricornianos têm uma tendência natural para se levantar. Precisam é de bater lá bem no fundo...
Talvez o chocolate esteja ainda demasiado agri-doce...
(não sei se isto tudo fez algum sentido ou sequer se corresponde à verdade...)