segunda-feira, dezembro 11, 2006
La Solitude de Moi
" Chego hoje ao fim…
Hoje sei como te responder à pergunta que deixei sem resposta entre a febre e o sangue, entre o amor e a cumplicidade.
Passaram dias, noites , horas… as tão afamadas horas.
As horas do meu tempo, do nosso tempo, do tempo dos outros… sempre as horas.
A cada momento que revivo o gesto dos ponteiros encontro ainda mais perfeição nestas tantas referências poético-cinematográficas. A cada movimento sinto o rebentar da minha maior obsessão, o belo.
Acendo um cigarro e suspiro.
O silêncio acalma-me de mim e assim consigo olhar para tudo o que passou.
O vinho fere-me a garganta mas só assim consigo.
Quando foi que comecei este vício de âmago e felicidade?Já não me lembro…
Quando foi que quis ser, de repente, outro alguém que não eu mesmo?
Hoje, ao anoitecer parei para me olhar.
A música conduziu-me ao espelho e entre a loucura de um corpo deambulante e o devaneio de uma vaidade qualquer perdi-me e parei.
O delírio acalmou e, como que em câmara lenta, o veludo dos tecidos começaram a cobrir-me a pele. Os tons escuros contrastavam com o meu rosto e no contraste tudo se formava mais claro.
Já à muito tempo que não olhava bem para mim.
Já à muito tempo que não me via por lado nenhum.
Já à muito tempo que me perdia entre o que sempre fui e aquilo que me propunha a ser.
Estranho não é?…verdadeiramente estranho…
A vida tem gestos que nos levam a sorrir para nós mesmos e outros tantos que nos irompem em gargalhada sobre nós também.
Desta vez apenas sorri.
Sorri e recordei tanta gente que por aqueles sulcos cravados passou.
Estiquei o rosto e arrepiei a pele…
Ainda lá estava e tinha apenas chegada a hora de acordar.
Existem filmes que serão vividos e recordados para sempre, músicas e letras para sempre tocantes… pessoas e perfumes para sempre abraçados.
Existe tanta coisa em meu redor… existe vida.
Hoje não serei mais um gesto contínuo e extenso… hoje serei o último gesto desta imensa e fantástica coreografia que vivi.
Escrevo-te esta carta porque já dormes enquanto regresso a mim.
Amanhã, quando eu acordar já não estarás tu por perto.
Encontramo-nos à noite, como sempre, decerto.
Mas eu tinha que me despedir agora mesmo, antes que o sol nascesse e eu acordasse como antes… como sempre fui, eu.
Estou cansado, muito cansado… mas amanhã saber-me-ei como novo.
Sinto-me já a bater à porta, sinto uma espécie de dor… frio… forma, cor.
Vou adormecer o meu corpo a teu lado e dizer-me adeus.
Vou fazer o que sempre fiz de melhor e procurar a festa em cada canto daquilo que, em silêncio, responderia à tua pergunta anterior.
- Comment tu es avec ceci tout ?
- Je suis bien…
il nage à nouveau… J'ai juste pour m'ennuyer de moi
C'est la solitude de moi.
Até um dia em que, velhos, possamos rir de tudo e relembrar o passado…
Até um dia de felicidade plena qualquer.
Tem um excelente dia e que tudo corra bem como prevejo.
Cá te aguardo ao anoitecer como sempre…
Voltei ao veludo e ao tango…
Saberás onde me encontrar.
Beijo
Matthew "
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