segunda-feira, janeiro 09, 2006

Diamonds I


Cobri uma vida de diamantes.
Da minha pele já pouco se vê.
"Seria perfeito" pensei quando comecei a criar.
Hoje sufoquei com este peso que trago e espero pelo momento em que os meus pulmões rasguem esta pele.
Já passaram horas a mais em que, no brilho deste manto, me tornei realmente invisível.
Está aí alguém? Está aqui alguém?
Pois que por muito que doa todo o movimento já tão decorado e gasto... estou aqui.
Mesmo eu, também eu para além de todo o resto de mim mesmo que também a mim me pertence, exactamente aqui, suspiro e começo a pensar.
Quanto vale a ignorância ou a eloquente inefável matéria do conhecimento de nós mesmos?... A resposta está em cada uma destas pedras, mas elas não respondem ao nefasto valor da matéria das minhas veias.
Oh demência feliz, oh condução perigosa.
Como o brilho pode ser escuro.
Como a canela pode ser amarga, como os "m" de "mim" podem passar de aço a pluma.

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