sexta-feira, março 24, 2006

BlueFox II


Tornou-se numa boa imagem esta possibilidade de sair do meu espaço e percorrer os alheios.
Não sei onde vou dar mas isso, pela primeira vez, nem sequer é equacionado à partida.
Sinto que, por si só, esta ja será uma viagem inteligente… mesmo que trilhando os caminhos mais suspensos da loucura, mesmo que iluminado pela tua possível demência e, com isso, enaltecendo uma qualquer variação em mim… mesmo correndo os riscos mais estúpidos destes olhares atentos. Ja decidi, vou. Leve isto onde me levar, dure o tempo que durar, sinta o perfume que sentir, aproximando-me do mais ácido ou do mais doce.

És uma personagem estranha… mas observo-te.

Observo-te porque me revejo nesse olhar esguio, nesses lábios sempre húmidos. Nessa expressão de vazio para proteger um mundo inteiro que só tu carregas.
Nesse mundo calculo uma força imensa. Um grito contido que por vezes se solta em estado líquido mas que, ainda assim, raramente conhece público.

Contra tudo e contra todos, contra porcos e casacos de forças forrados a diamantes eu sinto que será uma boa viagem.
Nunca, jamais, eu pensei que iria fazer uma coisa semelhante.
Corpo virtual, que fascínio é este?Que razões ou certezas me trarás tu se, na verdade, o aroma é o da mais confusa e perigosa via-rápida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Continuo a escrever-te(as vezes não sei como). Não sei até onde isto me leva mas envolvo-me de Poesia para me preencher de ti.
A Poesia só sobrevive na loucura de duas pessoas que se condenam à Vida, à Paixão. Sobrevive na minha boca enquanto me lembrar que és a minha voz. Sobrevive nas minhas mãos enquanto só tu és o meu gesto.
A Poesia já nada pode fazer...nada pode revelar...em nada pode ajudar esta agonia, este vómito de saudade que se insinua pelas noites...
No entanto eu continuo a escrever-te...como um pecado impossivel, em prazer absoluto. Cada palavra que seja é o suficiente para fugir ao abismo dos nossos corpos. Esse mundo profundo...este tecido vermelho que vestimos amarrotado em ternura...
A Poesia não chega para salvar uma alma em combustão. Só acelera o incêndio interior de estar perpetuamente embebida no teu sangue. Vives comigo, dormes em mim.