sexta-feira, maio 19, 2006

Corpo Cansado


Aqui, hoje, mora um corpo cansado em mim.
Depois dos sonhos, em que tudo significa, veio o dia em que tudo marca.
O sangue estava morno, e nele navegava o frasco de perfume que acabo de partir.
Cheira-me a tabaco e na pele trago um travo de gota de alcóol.
Hoje cansaram-me as vozes... hoje cansaram-me as vidas... hoje o meu corpo adormece na exaustão de uma vida em consciência.
Trago feridas abertas a todo o instante, e nesta fase a humidade dos pensamentos não me as ajudam a sarar.
Foram horas a mais a vasculhar nos ossos o que realmente queria dizer. Foram horas a mais de vida para deixar descritas em tão pouco tempo.
Foi o vinho, a pluma, a terra e a perversidade dos corpos que me engoliram o calor... que tornaram este corpo num pedaço de carne em repouso.
Morro em mim por vós e decido matar-vos em mim.
Estou cansado... sinto os pés dormentes e já caiu o nevoeiro sobre a tinta amarela da linha onde caminho.
Hoje vou dormir sobre mim, sobre vós... hoje sinto o corpo cansado num quarto de hotel em L.A.

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