segunda-feira, outubro 02, 2006

Vai chover, na certa…


“E sobre eles pouco se sabe…”

Podia começar assim…

“A vista sobre a cidade emoldurava-os de eles mesmos..”

ou assim … mas hoje o piroso não me soa nada válido.

Sento-me aqui, com as palavras nos dedos, e os ossos controlam-me o seu limite.
Os tecidos, que constituiem os pequenos músculos, contorcem-se silenciosamente para evitar o gesto. O sangue ruma sem direcção certeira…e algo, no cérebro, envia a informação de que pode não ser para norte.

Na manhã seguinte o dia acorda em pleno Outono.
As nuvens cinzentas, carregadas de Inverno, anunciam a despedida do calor tropical que se vive aqui.

Acredito cada vez mais na perfeição das coisas belas.
Na beleza da vida em meu redor.
Na sublime atitude de cada gesto, controlado, dançado ou até mesmo livre e desgovernado.

Hoje acabará por chover.

A água lavará o chão que percorro, tenho a certeza.

E o irónico que dança sobre o festim de todas a dores e lições de vida?…
Insane, sorriu ao espelho e pensou:
“E o bem que me soube deixar a poltrona de veludo e andar descalço pela calçada…”

E, se por um único segundo apenas, eu pudesse retribuir o que fizeste por mim em tão pouco tempo. Se eu pudesse… Nem imaginas.
Obrigado. …mesmo, muito obrigado.

E que palavras tentavas cravar naquele abraço?

Sinto-me hoje doralice… e a gargalhada em espirais, em pontas descalças, rebenta em mim sobre toda e qualquer insanidade.
“Não sei, juro que não sei… juro que me perdi. E preciso que me o digas.”
Foi um “até sempre e nunca mais.” ou um “até amanhã e dentro em breve se possível.”?


Vai chover, na certa…
Espero que chova, a chuva faz sempre bem… “lava a alma” como diria a Cibelle!!!

Mas que não chova em silêncio, pois que chova sim, mas em forma de qualquer coisa.
O silêncio e a “não forma” (seja ela qual for) hoje não me saberiam a nada…e o nada é o tudo o mais que não quero no rebentar deste Outono que aguardo felíz.

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