sexta-feira, junho 30, 2006
Três Em Seco
Três pancadas em seco no corredor…
O chão geme por suores frios de lascívia e dedos famintos por sangue quente.
A sangue frio dirige-se até à porta e sinte aquele respirar da madeira.
Entre os espaços entram os raios do crepúsculo, que anunciam a morte, em dança, daqueles animais perdidos.
Lambe o pêlo e ergue o pescoço.
De negro cobre o ombro e de veneno inunda a boca.
São os tons de vermelho que o aguardam do lado de lá… são as roupas de linho que irá desfiar.
É o arder do peito que, à deriva num carrocel de asfixia, sente o calor do sangue no chão de azulejos antigos.
Olha para o chão e sente-se em contacto. O chão que pisa, de azulejo xadrez, preto e branco, anuncia na perfeição a arena para onde se dirige o dia.
Percorre os lábios com a língua… e sente já o prenuncio da morte suculenta do seu corpo, nos outros que aguardam como se de animais feridos se tratassem.
Pancadas sonoras, agudas e graves, ritmadas ou ao acaso palpitam sobre a sua forma de pensar.
Cheira a sexo e a calçada desnivelada desta cidade prepara, em orgia, com as luzes dos animais nocturnos, a morte de que precisa para o desfile de amanhã.
16.Junho.2006
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