quinta-feira, agosto 31, 2006
Montanha-russa
O sol rasgava a cara pela janela...
De pernas para o ar, como sempre gostou de pensar, Matew, ali deitado, sorriu e disse…
“As voltas que a vida dá sobre nós. Sinto-me num verdadeiro parque de diversões... onde a montanha-russa ainda me consegue seduzir. Neste extacto momento encontro-me a comer algodão-doce e a levantar voo com o pensamento.
Estou a olhar para ela e, entre dentes sorrindo, sinto no bolso o bilhete que aguarda a sua vez.”
quarta-feira, agosto 30, 2006
2007
terça-feira, agosto 29, 2006
(Bi)Sexual
" Le Petit Prince - Ora se eu for gay tu serás hetero e se eu for Bi, tu serás, segundo este raciocínio, Bisexual também.
O Faberge - Ok. Tudo e como vocês quiserem!
A Louca - Ai ai ai que bommmm...agora já tenho tudo. Só me faltavam amigos bisexuais!ADORO-VOS"
E depois EU é q sou estranho!
LOL
Muito bommmmmmmmmmm!!!!LOLOLOLOL
XANAX para amanhecer!
I´m a Human Fly
I´m a human fly and I don’t know why.
Hoje o vinho evapora e a sua dança no copo largo desenha-me o voo.
O Matew está sentado a fumar calmamente um cigarro a ouvir o vento que rasga a noite.
A sua expressão mostra-me o seu olhar sobre o tempo.
Ao olhar para o seu rosto cansado percebo todas as noites de xadrez.
Percebe o seu primeiro fim e seduz o sabor da saudade.
A Julia dança o amanhã com o seu olhar sempre elevado.
O Ricky olha-me nos olhos, a preto e branco, e mostra-me que, apesar da saudade que deixa, nunca me deixará só.
Teremos sempre um olhar sobre as nossas cabeças, já sei.
A Blue Fox permanece em silêncio mas sempre presente. Sinto na sua presença a agonia de uma grande mudança. A mágoa de uma maternidade muito quente. A violência da independência… as lágrimas da liberdade, e a felicidade de se tornar consciente.
A mulher do Red Dress apaga-se no tempo e deixa o perfume para sempre no ar.
A boneca de trapos viaja sobre si mesma, por terras distantes, e tenta encontrar o caminho de volta em cada trilho selvagem.
A viagem que fizemos levou-me a pensar. Nunca nada nem ninguém me fizera falar de tais temas. É a surpresa de todos os efeitos, é a vida de todos os encantos.
Apetece-me escrever e estou de banco neste hospital nocturno. Quem diria.
Amanhã quero sentir a relva fresca e soprar bolas de sabão.
Existem momentos em que pensar não faz sentido quando a vida que nos rodeia traz tudo escrito sobre as suas próprias roupas.
Vou ler… vou escrever.
E estou irrequietamente feliz!
I´m a human fly and I don’t know why.
domingo, agosto 27, 2006
I´m Back II
"- Já soube que dormiu acompanhado...
- Nem eu esperava um atraso nos tabloides desta cidade.Boa noite para si também!
- Então, e foi bom?
- Por comparação a quem? A si?... Ora ora... foi melhor de facto, lamento.
- Mas eu sei que comigo não foi sequer nada de especial.
- Criatura, o livro que estás a ler, fui eu que escrevi!
- Sempre tiveste muita graça...
- Sim, mas também outras coisas que te interessam. E para acabar de vez com esta conversa, queres saber porque é que nunca te disse que, contigo, foi uma merda?
- Força, satisfaz-me a curiosidade.
- Porque a elegância e cortesia, não me dão, por regra, o direito de roubar os sonhos a ninguém!
I´m Back... até já!"
quinta-feira, agosto 24, 2006
Sputnick, Meu Amor
"O gelo é frio e as rosas são vermelhas. Estou apaixonada. E este amor vai decerto arrastar-me para longe. A corrente é demasiado forte, não tenho escolha possível. Pode muito bem levar-me até um sítio especial, a um mundo inteiramente desconhecido. A um lugar povoado de perigos, onde esteja escondida alguma coisa que acabará fatalmente por me ferir. Posso acabar por perder tudo. Mas já não posso voltar atrás. Só posso deixar-me ir com a maré. Mesmo que comece a arder, mesmo que desapareça para sempre."
by Haruki Murakami
quarta-feira, agosto 23, 2006
Tango ao Sol
Movimento contínuo…
Um tango ardente sobre aquele chão assistia ao melhor dos alibis sob o mais perfeito dos crimes.
O vinho escondido sob a pele adormecia a sua carne envolta em veludos escuros mas brilhantes.
Mathew sabia bem que se aproximava a hora.
Sintia-o lá longe, ainda, mas ao mesmo tempo mais perto do que nunca.
Embriagado aceita a boleia que o levaria num refúgio de si mesmo.
Aquela villa onde o sol tudo aclara e a o frio tudo descobre esperava-o de braços abertos.
Durante a viagem decidira não pensar.
Reagir apenas à terra, ao céu, às árvores que tão bucólicas ali sempre lhe pareceram.
Sempre sentiu a perfeição da vida ali. A calma e a plenitude da beleza em cada promenor talhado a cal ou a simplesmente argila.
Era a terra, era aquela gente… eram aquelas formas de vida.
Tudo ali o abraçava e o simplificava desde criança.
Em cada esquina recolhia uma memória. Sua ou de alguém que lhe fosse próximo.
Sobretudo sua, ou de sua mãe que ali tanto viveu.
Entrou em casa e disse…
- Parece-me tudo na mesma, ou quase tudo.
- Não digas isso… olha os sofás.
- São bonitos, de facto…parece-me bem. E mais coisas?
- Vai vendo, acho q até o teu quarto terá qualquer coisa de novo.
Tinha, talvez, não deu conta… Na verdade, existia alguma coisa naquela casa que sempre o perturbou. Parecia-lhe sempre “arrancada a ferros”…mas começava a senti-la simpática até mesmo para si que se reconhecia exigente e, naqueles casos, até mesmo conservador.
Deu meia volta e revisitou o palacete onde sempre passara o Verão.
Aquelas paredes, aquele cheiro…tudo estava tão ténue mas ainda tão presente.
Sorriu ao recordar mil parvoices e fantasias de infância e rápido se apercebeu que teria de seguir em frente. Os reis e as rainhas já não existiam. Os palácios já não tinham guardas. As joias já não estavam ao alcance na salinha do costume. O violino já não era tocado e as histórias já não eram contadas às escondidas na cozinha rodeado de maternais senhoras sempre disponíveis.
Decide sair e não esquecer nada.
Percebeu que a vida seguia sempre numa direcção pontiaguda e que ali, aos círculos, nada de novo aconteceria.
Apesar de tudo, Mathew, sempre teve os seus momentos de lucidez.
Mas rapidamente a villa assistiria a mais uma das suas irreverentes visitas.
Mathew meteu a chave à porta, entrou, vasculhou por um rádio e ampliou a sua música a todos.
Estende-se até à rua principal e dá início à vertigem dos seus pensamentos.
Dançava como um feliz crente em época de ritual.
O seu movimento desenhava, nas ruas, a presença de um par invisível.
Para ele, mais visível que nunca.
A Vida em si sorria-lhe e sabia-lhe verdadeiramente bem.
Começava-lhe a tomar o gosto e queria brinda-lo entre todas as raízes.
O tango que desenhava, mesmo que a solo, fazia-o crer em si mesmo e em todos os olhares que o assitiam.
Decidira não morrer apenas.
Decidira que a morte é um movimento continuo que , neste seu tango, não encerrava nada.
Ergueu o rosto ao sino da igreja e, no reflexo de toda a cal, perlongou o gesto como decidira perlongar a sua vida.
terça-feira, agosto 22, 2006
Le Noir de la Vanité II
- Onde se encontra neste momento então?
- Estou naquela fase em que me encontro sentado na plateia do S.Luíz.
Observo o desempenho que me prometeram quando li o roteiro e limito-me a trazer a arma limpa.
Quando o espectáculo acabar, ou será a apoteose geral com o público a vibrar ou, se não me agradar, será mesmo o tiro fatal em todos os seus intervenientes.
- E aí o veneno será meu!
- Qual veneno?
…o veneno é esperado no palco, não no público!
Na minha história n há veneno cá fora!
Deixo esse "perfume" ao sabor dos movimentos de quem age sobre as tábuas.
segunda-feira, agosto 21, 2006
(des)equilíbrio
Estranho, dei comigo a pensar.
Entre as muitas arrumações que faço a esta casa, as mil caixas que tenho vindo a encher de coisas supérfulas e gente morta, lembrei-me de ti.
Provavelmente a explicação de tudo e nada, no nós, está no abismo entre as plataformas das nossas vidas.
Eu, desde sempre, a viver numa casa de cimento para me proteger a mim mesmo dos devaneios artísticos que sempre deram nome à minha vida.
E tu, a viver numa casa-de-árvore, para que toda a ciência que te rodeia não te castre os sonhos.
Estranho…mas, no mínimo, curioso.
(merde, sinto uma envenenada possibilidade de equilíbrio aqui…)
Enfim, ocorreu-me agora, e nem sei porquê!
Tinha que o partilhar!
Até já!
Entre as muitas arrumações que faço a esta casa, as mil caixas que tenho vindo a encher de coisas supérfulas e gente morta, lembrei-me de ti.
Provavelmente a explicação de tudo e nada, no nós, está no abismo entre as plataformas das nossas vidas.
Eu, desde sempre, a viver numa casa de cimento para me proteger a mim mesmo dos devaneios artísticos que sempre deram nome à minha vida.
E tu, a viver numa casa-de-árvore, para que toda a ciência que te rodeia não te castre os sonhos.
Estranho…mas, no mínimo, curioso.
(merde, sinto uma envenenada possibilidade de equilíbrio aqui…)
Enfim, ocorreu-me agora, e nem sei porquê!
Tinha que o partilhar!
Até já!
terça-feira, agosto 15, 2006
Black Cat
E eu que nem gosto de gatos...
Vejo-me obrigado a pensar.
(momentos antes, no carro, a caminho de casa)
- O que é aquilo?
- Um gato morto no meio da estrada...
(momento de silêncio enquanto o cadáver, intacto, assitia ao passar do carro sobre ele sem nenhum pêlo ver tocado)
- Preto.
Qual é o significado de gatos pretos?
- Para mim são sempre "sorte"...mas há tantos significados para todas as coisas.
- Estranho, tenho-me vindo a cruzar com imensos gatos pretos últimamente, por isso perguntei.
- Resolução de mistérios?
- Talvez...
Já em casa, ao som de "Metropolitain" (by Emmanuel Santarromana) sinto o chamar do cigarro.
Deslizante, embalo-me nos meus pensamentos e desço as escadas até ao jardim.
O Céu, a Lua, e a escuridão verdadeiramente negra como tecto.
O frio suspeito de uma noite de Verão.
E acendo o cigarro.
Embalado no sangue dos corpos que me povoaram neste tempos de surpresas, mergulho no equilíbrio do trapézio.
Sinto um olhar misterioso...uma visita... uns passos lentos em silêncio.
Um gato preto, mesmo junto ao portão a desafiar-me o cigarro.
Aproximo-me e, na tentativa de o espantar, percebo que vinha em equilíbrio.
O trapézio que pisava tinha como ponto de fuga o seu olhar felino e mesterioso.
A juventude do seu corpo recordava o meu.
O olhar destemido e profundo sugavam-me o último travo do cigarro.
- Se eu virar as costas desapareces?
E quando voltei, naquele parar dos relógios, em milésimos dos ponteiros maiores, ele tinha desaparecido.
Sinto o tempo da mudança...
A humidade das notícias que se aproximam. O frio das surpresas.
O calor de uma mala de cartão onde as roupas viajarão dobradas.
Sinto aquele cheiro mas hoje emana dos meus poros.
terça-feira, agosto 08, 2006
Violação
Que insanidade é esta em que me percorro o meu ser ao teu sabor?
Hoje tudo se revolta nas paredes mais finas de todas as minhas veias.
Quem te julgas tu afinal para poder invadir a minha vida levantando todas as questões e revolvendo todos os espaços?
Que notícia tão cruel foi aquela que a vida decidiu que serias tu a dar?
Não podes, não podes mesmo… não posso.
Sinto que me roubaram o sonho depois de o violar às escondidas. e que a notícia cai em mim da forma mais preversa possível! Mas sinto também que se o gostasse de partilhar teria contigo mesmo, agente invasor.
Sinto o meu altar devastado e roubado por ti e pelo espaço que por lá ocupaste na minha ausência.
Que direito tem a vida de tornar tudo tão bizarro em nós sem me pedir que questione?
Que direito tens tu sobre a minha vida se nela nunca estiveste?
Terás sorrido às mesmas pessoas, sentido os mesmos sabores, chorado as mesmas lágrimas?
O pior nisto tudo é que sinto que o fizeste…em leveza, sem sonhar, e que, sem pensar, me invadiste o descanso.
Que poder tens tu neste xadrez que me apanhas sempre de surpresa em todas as pausas que faço?
Sinto o teu sangue a correr-me nas veias como o olhar que serras em mim.
Se de um jogo programado se tratasse eu assumiria já, pela primeira vez na vida, o lugar de vencido só para voltar à paz que perdi. Mas, movido por uma fé estranha cujo nome desconheço, sinto que, mesmo que tu o queiras, será algo maior.
Será o pior de todos os castigos quando a vida acordar sobre o verbo que levianamente mal tratei.
Oiço o compasso de mil homens em marcha atrás daquela montanha.
Vejo-te no cume e apesar de me parecer que os comandas sei que em ti a vida também será perversa. Reserva-te a surpresa de ser albarruado por eles mesmos até mim.
Se outrora te vi como um fetiche oferecido pela vida nesta cidade hoje, depois das palavras, sinto que possa ser diferente o teu papel.
Assutador é o termo correcto para definir toda e qualquer possibilidade para além dessa.
Somos demasiado semelhantes para não provocar um alterar de movimento na terra.
Somos demasiado nós para que a vida fosse tão justa.
E só sei que somos, não sabendo afinal como o sei.
Se existem perguntas para as quais não encontro resposta essa seria uma dessa
“Como sabes?”
Não sei responder… só sei.
Sinto que ou fujo desse batalhão que se aproxima e adio todo o momento e sentimento para um futuro longínquo ou deixo-me albarroar e tudo vivo saboreando o inesperado em nós.
Acredito cada vez mais, em tudo, na perfeição da vida sobre todos os que nela vivemos.
Se tanto forcei a despedida num exaltar de letras, julgando-te longe agora e livre de mim e de ti… hoje percebo que existem coisas que terão o seu tempo a ser respeitado.
Chegou o tempo de decidir… e basta apenas a decisão mais simples.
São coincidências a mais sobre tanto sangue.
São códigos genéticos demasiado iguais no mesmo virus.
Tenho medo de perceber que és o outro de lado de espelho que não admito poder existir.
Tenho medo de estender a mão e acordar-te em mim atravessando toda a prata líquida durante a noite.
Tenho pena de tudo o que deixei passar.
Tenho saudades de tudo o que já soube e hoje elevo.
Sorri apenas e isso será o prenúncio da minha morte.
Quem és tu para quem nenhuma peça deixo escrita. Quem és tu a quem nada consigo dizer.
Morro ao sentir-te reflectir em mim.
Talvez esteja louco…talvez o mundo esteja coberto de razão e o meu cometa deva levantar outras rotas que não colidam com mais nada aqui.
Talvez.
Talvez a segunda morte esteja a caminho e tudo o que simbolizes seja apenas a mudança.
Ou talvez seja a lição de perder por uso.
Mas se assim for preparem as quatro paredes. Nascerá um assassino.
Prefiro o sangue de mim mesmo a correr-me nas mãos do que uma gota de destino preso no teu olhar.
Ou vivo isso, agora, aqui, hoje… até à exaustão da asfixia… ou não poderei viver sem morrer primeiro.
Preciso de apenas qualquer coisa.
Um igual apenas…
Um igual em ti.
Um espelho…mesmo que seja o mais temido de todos.
Um lugar morto onde reina a vida de todos os corpos em nós.
Um lugar de vida em qualquer uma das nossas mortes.
Um espelho, um reflexo…um gesto… um AGORA.
photo by Andrea Bitesnich
Sexo em Publico
Sozinho, em viagem, com o peso das malas tudo me ocorre.
Que se passou afinal esta noite para que o fizesse contigo e sobre todos os olhares de repúdia?
Que prazer e suor eram aqueles que nos cobriam de lascívia e te mergulhavam no sexo de todos os animais feridos?
Ando às voltas nun eixo de prata e terra.
Lembro-me das palavras sensatas que alguém hoje me disse ao amanhecer.
Não posso agora, nunca pude na verdade…
E penso.
Se nunca me embriaguei de ti noutras cidades mais nossas, se nunca vi mais nada para além do visível em nós… porquê agora?
Os promenores que o sémen desenhava no teu corpo constroem torres de babel agora em viagem.
Esqueço a bagagem que só pousei e calculo o estrago que fiz nos olhares que nos perseguiam.
Estranhamente sinto que em nós nada abateu… senão o mistério que encerra todo o sexo que partilhamos com o mundo.
Amanhã mesmo acordarei na nossa cidade.
Os carris que agora percorro, em fuga, trazem-me de regresso a casa para resolver outros corpos.
Somos como animais feridos a céu aberto sem qualquer moral ou pudor em tudo fazer às claras sobre os astros que nos seduzem.
Sinto-me perseguido por esse teu corpo, esse teu cheiro e esse teu suor que, nos olhos, encerra os meus ossos em chamas e easfixia.
Adormeço e escrevo.
Sonho e desenho o teu primeiro enterro em mim.
photo by Andrea Bitesnich
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