sexta-feira, junho 30, 2006

No Regresso...


...entre cenas de prostituição, entre estradas de asfalto húmidas de salivas devassadas, entre gemidos e gritos... entre o silêncio de uma boleia profissional.
Ao fundo a cidade. Sempre a cidade...não fosse ela a maior puta de todos as boleias.

Três Em Seco


Três pancadas em seco no corredor…
O chão geme por suores frios de lascívia e dedos famintos por sangue quente.
A sangue frio dirige-se até à porta e sinte aquele respirar da madeira.

Entre os espaços entram os raios do crepúsculo, que anunciam a morte, em dança, daqueles animais perdidos.
Lambe o pêlo e ergue o pescoço.
De negro cobre o ombro e de veneno inunda a boca.

São os tons de vermelho que o aguardam do lado de lá… são as roupas de linho que irá desfiar.
É o arder do peito que, à deriva num carrocel de asfixia, sente o calor do sangue no chão de azulejos antigos.

Olha para o chão e sente-se em contacto. O chão que pisa, de azulejo xadrez, preto e branco, anuncia na perfeição a arena para onde se dirige o dia.
Percorre os lábios com a língua… e sente já o prenuncio da morte suculenta do seu corpo, nos outros que aguardam como se de animais feridos se tratassem.

Pancadas sonoras, agudas e graves, ritmadas ou ao acaso palpitam sobre a sua forma de pensar.
Cheira a sexo e a calçada desnivelada desta cidade prepara, em orgia, com as luzes dos animais nocturnos, a morte de que precisa para o desfile de amanhã.


16.Junho.2006

quinta-feira, junho 29, 2006

Horas de Vinho em Lucidez


Hoje brinda-se à morte com vinho tinto a escorrer entre pernas ofegantes.

Durante esta minha ausência, entre uma ilha e outra, encontrava-me no vazio de um celebrar silencioso.
Ao acordar decidira que seria o primeiro dia desta viagem em que as malas começariam a ser feitas para regressar.
Com o sol a rasgar aquele quarto sentiu-se um cheiro a verde que mostrava que tudo concordava com a minha decisão.
O corpo, cansado, erguia-se para se sentir vivo, para se encontrar nas entre-linhas de si.
O sangue despertava do marasmo de toda a agonia e começava um novo ritmo para fazer dançar os ossos.
Na dança dos corpos, das imagens e das palavras, apercebo-me que ainda não tinha a passagem nas mãos. Para quê fazer as malas se não tinha a data de regresso?… E porque não, se sabia que estava para breve?

Dirijo-me ao bar e sirvo-me de um solitário copo de vinho.
Aquela cor sempre trazia à memória as malas de viagem que comigo carregava.
Com uma t-shirt branca e umas calças de ganga comuns ecnontrava-me despojado de tudo e de todos. Estava neutro, estava no ponto… estava em perfeito enquadramento com o cenário de “arrumações”.
O som naquela aparelhagem fazia com que tudo perdesse peso.

Abri as malas e vagamente pensei: desta vez tenho que arranjar maneira de regresar com uma mala apenas… senão o peso será o mesmo e , pura e simplesmente, já não me apetece.
Rodei a cabeça sobre mim mesmo, e nas minhas costas tinha o sol que, por aquela mesma janela, entrava. Estava contra luz e fazia sombra sobre as malas vazias. Mudei de posição e fiquei virado para Norte decidindo iluminar, de uma forma verdadeiramente natural, todas as decisões que iria tomar.
E o Sol que descobri sabe-me tão bem…

Ao som daquela música feliz, com o copo elegante de vinho do meu lado direito, no chão, acompanhado do cinzeiro (ainda brilhante de tão imaculado) que amparava o cigarro ainda apagado, faziam-me leve como um pluma.
Às vezes acho que, para grandes descisões devem ser tomados em conta, apenas os fios de linho à superfície… porque o branco pode ser demasiado profundo e atrofiar a clareza necessária para a ocasião.

Sentado em sossego revejo cada momento vivido nesse imenso continente azul.
Surges tu… que em breves segundos me simplificas a forma. Num gesto encenado, coreografado e também azul, desenhaste uma diagonal curva no meu peito. Gélida mas suave, trazia um rasto de sabor agridoce.
A ironia dos teus olhos celebravam a vida irónica em mim. Afinal, embora despojado de tudo enquanto envergava apenas uma t-shirt branca, o Beno ali eras tu. Naquela cidade a vida era tua e eu fora apenas um estrangeiro em mim.
Assunto clareado, e deixei o que te pertencia fora da mala.

Mais um travo de vinho e já com o cigarro acesso lembro-me de consultar o correio.
Nele existia uma caixa de chocolates que em tempos, na enormidade do dessas terras, me enchia o peito de todas as emoções. Olhei para a caixa e, na aflição de sentir a sua vida agarrei-a com força.
Tépido e amargo… estranho e desagradável. Eram os adjectivos que qualificavam agora aquelas formas de pecado tão solitárias.
Ao estranhar revi a embalagem…
“Pedimos desculpa mas por motivos que lhe são alheios. Provavelmente egoistas até… Agradece-mos que não nos volte a contactar porque o produto já não corresonde à mesma marca.” – dizia o bilhete que me escapara quando aos chocolates me deitei.

Nem sei o que dizer… Nunca tinha lido nada semelhante, mas acho que a ideia me foi transmitida como alguém previu.
Menos uma peça para regressar comigo era certo.
Serás agora mais uma lápide no meu corpo… que assumio a morte pelo prazer da lágrima em que eu lamento, sobretudo, a falta de atenção às razões que, por vezes, ainda consigo exaltar nessa viagem de sofrimento contínuo sem bom porto.

Mais um pouco de vinho no copo que já vai vazio.

Quanto a ti, já era certo, não regressarás comigo desta ilha deserta.
Se poucas certezas houvessem tinham ficado claras quando, já no barco, por mero acaso, passaste por mim em silêncio para que eu não desse conta da tua presença.
E não dei… mas dei conta da tua passagem. E foi isso mesmo. Uma passagem com um dos segredos mais bem guardados da história nas tuas mãos. Ficarás nesta ilha, também com os outros…mas ficarás bem, ao teu jeito e contigo não reservo preocupações.

E sorrio pelo prazer de tudo isto ver acontecer…em tão pouco tempo, numa perfeita conjuntura universal. Parece-me razão isto do tempo em mim, e da sua ironia com os ventos do que tudo tráz de uma só vez.

Brinda-se à morte nestas paredes.
Brinda-se ao inefável prazer de, no auge da demência, tudo conseguir ver de uma forma mais clara do que antigamente.
E no brindar sente-se o desejo dos corpos que, nesse lado, gemem de asfixia pelo regresso de todas as plumas mergulhadas em champaghe.
Vive-se o carrocel das luzes de todas as cidades e o gozo de todas as formas de prostituição.
Vive-se o amargo intencional com a força de mil corpos numa orgia lasciva e mergulhada em dor. Vive-se tudo com a força necessária intencional para celebrar, um dia, o espontâneo de todos os doces.
Vivem-se vidas ao acaso… matam-se corpos em redor.

Hoje sinto o sangue mais leve.
O veneno hoje não mora aos gritos nestas veias… e os ossos levantam novos gestos.
Preparei a mala para o regresso e sinto-a como desejo – leve.
Ergo o copo à noite e danço com o veludo deste vinho no trespassar as horas desta madrugada.
Assisto ao nascer do sol e, a olhar para essa terra sei que o regresso se aproxima.
Brindo a todas as mortes que me trazem vida e derramo sobre as primeiras lápides o último pedaço de vinho sem que sinta a sede de outrora. Brindo à viagem e brindo por esse pedaço de terra que se prepara para me ver emergir.
Brindo com vinho porque o tom e o som nunca me pareceram tão bem.
As horas … em lucidez.

terça-feira, junho 27, 2006

Pelo Asfalto...

Svefn-G-Englar
Sigur Rós

E assim se morre com um cigarro na boca e de mãos nos bolsos...percorrendo uma estrada de asfalto cuja direcção nada nos mostra senão aquilo que deixamos para trás. Assim, com este som de silêncio perfeito...morre-se em nós mesmo para poder dar mais um passo...

sexta-feira, junho 16, 2006

Até Breve...!

Hoje chego aqui e curvado sobre estas teclas curvo-me sobre todos vocês…
As vossas vidas recheadas compreenderão a fuga em mim neste passo inevitável.

São estes segundos, estes minutos…estes dias que me consomem o que pouco resta para além do osso. São as horas de novo sem que o novo aqui seja signidicado de melhor.
Não é o marasmo em que, entediantemente, por vezes, se pode mergulhar… não.
É a loucura de todos os poros nesta linha que se apaga sob o meu nariz ensaguentado.
É o maldito vício de todas as vidas que no peito morrem com violência e sangue. Som e forma. Barulho.

Quando pensas voltar?
Assim que puder… assim que tiver tudo concluido.
Porque é que atendeste o telefone?
…teria sido melhor não achas?…não terias que desaparecer.

Um mês e meio, dois meses.
Parece-te pouco com ceretza.
Parece-te o certo, o necessário.
Morro em ti, não morro?
Não… Vivo em ti e por isso tens a obrigação de manter tudo como deve estar.
Preferia mil mezes voltar a limpar a merda que fazes… mil vezes gritar contigo mas sei bem que seria em vão.
A verdade em ti soa tão bem… Em mim, dá nisto.
Vais ligando?…escrevendo?
Talvez sim, talvez não. Se fizer sentido…
Eu sei que ficas bem… morro numa banheira de sangue, mas sei que o tempo me surpreenderá contigo a entrar por ali a dentro, e no segundo a seguir, já não será em sangue mas em champaghe o prazer da minha morte.
Prepara o gelo…mas não tenhas pressa.

Caríssimas pérolas…
Até breve.

Breathe


E pensar que cheguei poder morrer nos teus braços.
Vivo em sobresalto nos últimos dias em que tudo o que preciso é de concentração e tempo.
Em que a minha vida fecha um círculo do qual preciso sair em grande… não é justo.
Se justiça fosse feita tu serias uma criatura justa, primeiramente contigo para que ela chegasse até mim e agarravas-te à vida com a força de mil homens. Agarravas-te porque te curvavas à verdade de ti mesmo e não a esse masoquistmo em que vives.

És tão especial que serias helfo por direito numa matéria virgem e inocente desta roda gigante que é a vida. Desde conto ou fábula que vives por todos cuja a consciência já corrumpeu há muito.

Não percebo o que ainda te sufoca senão a tua forma de te ver.
Tento perceber, tento saber…mas a nada chego por falta de espaço em ti.
Nunca me deixaste respirar no mesmo compasso… nunca me deixaste estar aí, do teu lado, mesmo que em silêncio porque, por alguma razão que não atinjo, algo explusas em mim.
Só te quero bem… só te quero com vida e consciente da enormidade do que és.
Por favor, mais do que por mim, por ti… respira e não deixes de viver.
Por favor… respira.

St.António em 3ACTOS


Ora bem, embora tardia porque esta forma de viver nunca se alinhou muito bem com as horas do tempo... aqui ficam, de uma forma verdadeiramente contida, para salvaguardar todas a entidades envolvidas, algumas das 161imagens capatadas daquela que foi UMA NOITE MEMORÁVEL.

Se de uma peça se tratasse, seria divida, claramente, em 3 actos:

ACTO I - St.António e a Calçada - em que a calçada gemia com o passar de todos nós em euforia, desde o agradável jantar, passando pelas marchas na avenida, até ao percurso bairrista onde de um tudo se bebe e de um tudo de (re)conhece.

ACTO II - St.António e o Sinal do "Saul" - chamemos-lhe assim para preservar o seu bom nome... e digamos apenas que, para além do mundo inteiro que passava, todos nós gostamos do sinal cujo o dono tanto insitiu mostrar.

ACTO III - St.António and The Love Boat - em que a noite acaba numa verdadeira representação de um possível mix de "The Brokeback Moutain" & "The Love Boat" (digna de Oscar) impulsionada por um barco junto ao parque de estacionamento e produzida por uma fotógrafa possuida com a carne misturada no chão.
PS:. Deve ter sido o rosa das nossas roupas...ainda não tinha pensado nisso mas é uma possibilidade.
Lá está, mais uma vez, Pink Flamingos em acção!!!LOL

segunda-feira, junho 12, 2006

Atende.


Não sei onde me encontro mas esta noite não vou sair.
O cansaço deste corpo, no abalo desta vida, ferve em mim como se de uma bomba relógio se tratasse.
Tem graça… decidi férias em mim nestes dias. E soube-me tão bem.
Amanhã tudo faço, tudo compro, tudo organizo, tudo digo…mas hoje não. Hoje ainda estou de férias e o vegetal em mim ainda não adormeceu de vez.

Existem coisas bizarras nestas paredes…
Não consigo estabelecer ligação com o teu telefone nem saber nada de ti.
Vivo, nos escassos segundos de “regresso”, na aflição e asfixia de ser responsável pela tua morte…
Atende.

sexta-feira, junho 09, 2006

Girls Put Your Records On


És tão linda Princesa que me sinto maior só pelo privilégio de, mesmo que em momentos fugazes, te ter por perto. E sabe tão bem sentir essa teu estado de libelinha cujas asas, ao bater graciosamente, nos cobrem o rosto de pózinhos mágicos!

Por mim serás cor-de-rosa, azul esverdeado, amarelo vibrante, dourado ou simplesmente branco. Qualquer cor, em ti, cairá bem. Porque as sentes e lhes dás vida, tal como aos que te rodeam sem saber.
És a fada dos sonhos, és a magnólia de todas as estações... és tão linda sem saber que se o soubesses ficarias estática numa praça colunável qualquer. Mas sempre, sempre cheia de sol e borboletas fosse Verão ou Inverno!

Viver em ti faz sentido, viver contigo faz mais do que sentido porque a vida nos mostra que aí mora a razão de todas as coisas.
É por isso que gosto de ti, por tudo e por nada, por mil taças de champaghe ou por mil laranjadas...porque és assim ou assado, porque vives sem ter que sobreviver a nada vivendo apenas tudo.
És tão linda... és tão maior!

Hoje, deste um significado novo a este meu sorriso de "contentinho"... descobri que não é de todo parvo e muito menos de "contentinho"...é um sorriso de ser feliz. Um sorriso igual ao teu mesmo que em silêncio ou sob uma neblina também ela graciosa.

Beijo Princesa :)

quinta-feira, junho 08, 2006

"A Mais Estúpida Directa de Todos os Tempos"


Sabem que mais... estou-me a cagar pra isto tudo!LOL
Não, a sério...
Estou a viver a mais estúpida forma de me manter acordado porque já não tenho tempo para dormir.
Acho que nunca fiz uma directa tão parva para levar coisas ainda mais estúpidas.
Nem é nada daquilo que quero para o meu projecto...que RIDÍCULO!
Ainda assim trago um sorriso ainda mais estúpido cravado no rosto.
Que marasmo cerebral fruto de um cansaço tão previsto.

Acho que se n tivesse sido a "Princesa" a colorir o meu dia (ou a minha noite, já nem sei) não restava nada deste "hoje".
Ela é,verdadeiramente fantástica e ainda assim morro de saudades. LOL...é tão linda!LOL

E são agora 05:28h... ou seja, se dentro de uma hora eu não "cagar" mais nenhum "caganito" pra este projecto (sim, nunca pensei que tais termos fossem tamanhamente adequados, MAS SÃOOOOOO, acreditem!) levo só o "cagalhão" que fiz para a "Hora do Sermão"!

Mas algo me diz que, apesar de vir a ser o pior sermão de todos, daqueles que ele vai chegar ao lado pessoal e emocional aqui do "je"... eu estarei amanhã, ainda assim, com o mesmo sorriso.
Estarei a ficar senil ou, tal como o João, estou a ver as coisas da forma mais correcta?LOL

Enfim..olhem...
Aos que me acompanham nesta "A Mais Estúpida Directa de Todos os Tempos" um até já!
Aos que acordaram agora ou ainda dormem mas que nada teem a ver com estas andanças... SORRIAM e tenham um bom dia! :)

Lonely Carousel


It's a look
This game we play
We can't escape
We have to attend
It's life you see

When i have tried to amuse myself
To celebrate the fun fair
The pleasures i seek
Are far too discreet for me

And all the time
The world unwinds
I can't deny the way i feel
The truth is lost beyond this lonely carousel
And all these words
They mean nothing at all
Just a cruel remedy
A strange tragedy
Of what will be

After i tried
To discover the answers to why
To look for a meaning
Inside of this dreaming i had

And words that i've said
Are spinning 'round
Would sing alone inside my head
Nothing will change
It's always the same
Please make it stop

And all the time
The world unwinds
I can't deny the way i feel
The truth is lost beyond this lonely carousel
And all these words
They mean nothing at all
Just a cruel remedy
A strange tragedy
Of what will be

And all the time
The world unwinds
I can't deny the way i feel
The truth is lost beyond this carousel

by Rodrigo Leão, na voz de Beth Gibbons

Paixão Segundo João


"Paixão Segundo João"
de Antonio Tarantino

pelos Artistas Unidos no Convento das Mónicas
de 6 a 10 e de 13 a 17 de Junho, às 21h.
(cliquem no título q tem link)

P.S:. Muito obrigado Princesa! ;)

quarta-feira, junho 07, 2006

Black Melt

Enrolada numa rede ofegante arrastava o passo pela calçada que parecia ferver.
Parou e entrou numa loja. Não comprou nada mas os rostos dos tristes fizeram-na sentir-se desrespeitosa naquela agonia.

Sorrio para si mesma e, com um olhar sereno, colocou o aparelho minúsculo ao dispor dos seus ouvidos. As músicas sempre lhe alteravam o batimento cardíaco… e era mesmo disso que estava à espera. De uma mudança de batimentos, de uma mudança de ritmo…de uma forte ventania que a tirasse do marasmo daquele calor.

Dia 666. Dia 6 do 6 do 6…ou seja, dia 6 de Junho de 2006.
Terá algum significado, se bem que duvidou, à partida, que fosse algum dos populares.

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You're not my eater
I'm not your food
Love you for God
Love you for the Mother

Eat me
In the space
Within my heart
Love you for God
Love you for the Mother

Mother fountain
Or live or not at all

The most level
Sunken chapel
Love you for God
Love you for the Mother

All's there to love
Only love


MASSIVE ATTACK

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E tanto que lhe apetecia dizer e tanto que lhe apetecia mudar.
Ao som da música percorria mais do que a cidade rumo ao rio. Percorria o seu corpo e a égide dos seus pensamentos mais profundos.
Dançante e felina movia os ossos pela carne para que ninguém desse conta da sua dança de demente gloriosa.
Aquele corpo sabia-lhe bem.

Sentia-se a derreter por si e nos outros… sentia que o calor em si não permitia a mais ninguém o estado sólido dos seus corpos.
Agarrou nas pontas mais finas das suas próprias pestanas e, à boca da entrada do metro, ergueu-as à superfície.

Era um quase azul, um quase cinzento…era um quase branco era um quase preto. Era um quase céu que, naquele dia, traduzia o calor numa data especial.
Era o quase derreter de si mesma sobre aquele chão negro de tantos defeitos cenográficos.

“Respira fundo…!” – ouviu alguém dizer a outro alguém que passava com um ar aflito.
(Silêncio perfeito, até na música que não comandava)

E tudo fez um incrível sentido nos seus pulmões naquele seu corpo já velho e gasto pelo timbres alheios.
No fundo o que sentia para além daquele calor que o céu abatia sobre os corpos…era apenas a agitação da bomba-relógio que trazia, nas mãos, e a sua, cada vez mais, vertigenosa contagem decrescente.

Olhou para as mãos e viu nelas ainda restígios do pó de gesso que usara para esculpir toda a manhã. O dia estava a mostrar o ser fim. A vida, naquele dia, estava a mostrar-lhe a mudança.
Mais uma vez sorriu e pousou as pestanas, agora sem esforço.
Desce o primeiro degrau da longa escadaria que a conduz até ao centro do mundo e, feliz, desfile entre os corpos até casa… sempre,sempre ao compasso daquela música.

domingo, junho 04, 2006

Premiscuous Girl


Hoje passo para aqui deixar o melhor desta cidade em nós.
Depois de mais uma noite social acordo, já sem febre, e no ritual vegetal de MTV enquanto os ossos ganham forma lá estava ela.
Ora... se até ela, a "lolita Pop" se revelou já ninguém tem razões para ficar no armário.
Com uma sexualidade quase infantil todas as imagens ferviam por mais... "Premiscuous Girl" era o seu grito!
(deixo o link para o video no título deste post)
Hoje está calor e sinto que a semana que se aproxima n será apenas a última de uma longa etapa nas nossas vidas como também o ínico de uma vida entregue a nós mesmo. Ou seja, por isso e por si só, já uma viagem envolta na lascívia dos nossos pensamentos, nos gemidos dos nossos ossos, no gritar da pele em nós... da promiscuidade dos nossos nomes e de um Verão infernal no melhor que o inferno pode trazer até nós.
Rebolem esses rabos, esfreguem os lábios nos vidros e brinquem com os desenhos dos vossos dedos...
Libertem a líbido e a saliva cavernosa sobre os corpos que nos esperam há meses...
Arrasem com tudo e digiram uns com os outros...
Chegou o Verão e com ele, no comemorar do "último" que venha o "primeiro infernal" ;)
Cenários azuis suados e vermelhos perfumados esbarram o negro das nossas vestes... corpos saudáveis dançam por um ser doentio. Morram de prazer...mas dancem! ;)

Sexta estarei de volta a esta cidade... sexta "estarei de volta"!