terça-feira, setembro 26, 2006

Aliança


E saber-te longe, por muito que nunca tenhas vivido perto, soa-me a estranho.
Estamos a umas escassas horas do grande momento em que levantas voo em ti.
Estou, provavelmente a uns escassos minutos de me despedir de ti.
E o estranho mora aqui…exactamente aqui.

Acabo de regressar daquele que um dia disse ser “o lugar mais bonito deste país” e nem por isso regresso felíz.
Sinto como que tivesse areia fina a fugir-me entre os dedos. Mas não fecho a mão. Cada grão pertence a si mesmo e esta mão também vai viajar.
É estranho…
Hoje mesmo sinto-me a planar sobre cada mala de viagem que cada um de vós carrega.
Sinto-me em contacto com o papelão e só quero existir como um auto-colante colorido numa das faces. Fazer recordar qualquer coisa amena e fazer-me recordar felíz.

É estranho…
Lembras-te quando casámos?…foi tão bom.
A acutilante ironia da maldade e do jogo entre nós.

Às vezes julgo-nos cegos, outras, verdadeiros sábios e conhecedores do tempo em nós.

Enfim, mas o que interessa é que ganhamos asas e atravessamos gentes.
As sós mas nunca sozinhos, tomaremos rumos diferentes por um tempo… até aqui nada de novo. Então porque raio me soa a tão estranho este momento?
E a aliança que me pediste?Porque não a consigo encontrar?
Porque és tu que a tens.
É isso…

Que seja algo que encontres no teu destino e me envies para cá. Que seja uma escolha tua e nem sequer uma sugestão minha.
Que sejas tu.

E acabo de falar contigo ao telefone…
Surreal toda esta noite, todo este dia…todos estes dias.

“o tempo é como um carro novo sem a marcha atrás”

Faz uma boa viagem…
Lembra-te deste canto onde sabemos que queremos voltar. Desta Lisboa de todos os âmagos.
Lembra-te de ti apenas quando assim tiver de ser… viver livre e tudo porque te pertence.
Tem uma vida plena e uma viagem repleta de vida.

Até breve… até sempre.

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