terça-feira, setembro 05, 2006

LIGHT


A madrugada entrava pelo meu quarto a dentro.
O calor destas noites de Verão ecoavam nos suores perdidos pelas paredes.

Depois de algumas horas entre o meu calendário infernal respirei para pensar.
O vício do silêncio chamava por mim na varanda.
A noite convidava-me a uma pausa a três. Eu, a noite e um cigarro.

Em silêncio voltei. E a quem me perguntou eu respondi.

- Então, que te disseram as estrelas?
- Disseram-me para dizer Luz.


E de repente acordo.
Acordo, não de um sono profundo mas de um estado de espírito adormecido.

Hoje sei que devo dize-lo.
E nem sei bem escreve-lo assim.

Danço num regresso à infancia… não por esta ter sido feliz, mas por ter sido sempre, sempre, cheia de tudo o que, mesmo só sobre mim, era real.
Era o “insível” aos outros que rebentava em visível feliz em mim.
Onde nos perdemos nós para deixar de dizer em voz alta, mesmo aos “adultos” da vida, que eles perdem o melhor de todos os planetas?…está aqui, não vês?

É isso que carrego e hoje decido deixar.
Ultimamente até o discurso, aqui directo, me deixa surpreso em mim.

Não morro por dize-lo, vivo mais ainda por conseguir grita-lo e hoje sei.

Sinto que trago, nas mãos, um candeeiro natural e vaguei com ele coberto há demasiado tempo.
Hoje decido mostra-lo e deixa-lo a nu.
É luz, é o que sei.

Dentro os fragmentos revejo o “invisível”…
A felicidade e o entusiasmo que vivia em cada nova descoberta na sala primária.
As palavras que aprendia a dizer.
A companhia dos bichos mais discretos num pedaço de chão qualquer.
A gargalhada numa correria entre crianças.
A descoberta dos novos espaços e das dimensões que neles revia-mos em nós ao crescer.

O primeiro amor (sim eu disse a palavra)…
O primeiro desejo.
A primeira bicicleta (e que saudades de andar de bicicleta até os joelhos esfolar).
A primeira cor, o primeiro quadro.
Os desenhos para comemorar e entregar aos pais.
O cheiro e a textura do barro entre os dedos.

Os sabores dos frutos da época, o cheiro a praia e o sabor da lã nos Invernos aconchegantes.
As estravagâncias da adolescência e a adrenalina de todas as “primeiras vezes” em tudo e com todos.
A loucura das primeiras saídas nocturnas.
As fugas para namorar.
Os arranhões e cabeças partidas.

As férias e festas… as músicas ao pôr-do-sol e o pernoitar ao relento sob um céu imenso de projectos e ideias.
As tertúlias intelectuais e os gostos divergentes.

Tudo, tudo em sorriso ou lágrima…em tango ou tambor.
Tudo, sempre a dançar quando a luz saltava e girava sobre nós.

E guardava eu essa luz sempre coberta.
Hoje liberto-nos desses mantos e proponho-me a seguir todos os caminhos a nu.

E quem quiser será bem vindo…
Sigo à procura de caminhos escuros ou helfos perdidos.
Trago comigo este candeeiro que não me pertence só a mim.

E a vida é tão perfeita em estados em momentos como este que, acreditem ou não, na minha playlist aleatória começo agora a ouvir uma música que adoro mas nunca ouvi com atenção.
Tragam a camisa de forças, o que quiserem…se esta for a forma da insanidade, serei, como em criança, para sempre felíz!


“Won't you dance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility

Take a chance with me
In my world of fantasy
Won't you dance with me
Ritual fertility”


Perfeito…e encontro o meu verdadeiro Faberge!
Olhem bem para a perfeição de tudo e sejam e exponham os candeeiros de todos em nós.
Weeeeeeeeeeeeeeeee!!!!

E será que não vês “Sr.adulto” em ti?

1 comentário:

Arquitontices disse...

:D eheh
Esquece o passado, por muito bom que tenha sido, haverá sempre algo melhor no futuro, mas tambem no presente...só é preciso ter noção e não deixar fugir o momento.
Very touching!