sexta-feira, abril 14, 2006

Anniversaire Bizarre … pour deux beautés dans la foire des horreurs




Tons escuros, veludos secos e revivalismos pretensiosos.
A intenção de base era das melhores, no fundo ele nem sonha o ninho de cobras onde adormece.

— “Allo…só para dizer uma cozinha. Chapéus, plumas e pestanas postiças serão admitidas! Dino Alves reinará no nosso dress code!”

Ora com estes dados a festa prometia ser, no mínimo, esteticamente agradável.
Tomada a decisão do modelito tomei a liberdade de avisar a “princesa” das “últimas festivas”.

— “Não posso, devo ter adormecido! Ai…e agora deixaste-me nervosa, já não sei o que vestir!…va, vou tentar arranjar-me o mais depressa possível”

Note-se que aqui o “possível” já se anunciava longo. Depois de passearmos por estes campos, de carro, em busca de uma café decente, para esperar a “princesa”, decidimos desistir.
À porta do “palácio” lá esperávamos nós sua excelência, dizendo mil e quatrocentos disparates sobre a vida alheia para nos entreter o cérebro e não fazer adormecer a língua, até que ela surge como sempre – giríssima de e sempre com aquele ar de quem acaba de saltar da capa da Vogue e ainda nem percebem muito bem como se passou do 2D para o 3D.

E lá fomos os 4 decididos a arrasar o povo todo com a nossa chegada que já contava com a habitual hora e meia de atraso! …sim, por sintonia ou cordialidade, estava ali a reunião perfeita de pavões que jamais chegam a algum lado sem a devida hora mínima de atraso. Ora uma pessoa produz-se para quê se não tiver já o público todo reunido para nos receber? Enfim, quatro pavões (uns mais mansos e outros mais bravos) em cena pela porta adentro.

Passados os cumprimentos e os primeiros flashes de picar o ponto ali estávamos nós.
Lindos de morrer naquela que nem sequer era uma boa “foire des vanitiés”. Sim porque entre imitações visuais de Courtney Love a CumSomDoLola tudo era válido naquele antro dos horrores. O som fazia-nos esquecer que tínhamos entrado noutra dimensão e os nossos egos disparavam a cada esquina de cada parede!
Entre personalidades da área alguns “amigos/conhecidos” a noite corria de uma forma agradável.
No fundo o que nos safou fomos nós mesmos…que em poucos instantes decidimos cagar para os chapéus do estilista, deixar de ter conversa de Carrie, e afastarmo-nos do reuno da fantasia de holofote e penetrar pela multidão de esquisitos que ali vibrava.
Ai mas foi tão bom…ainda assim os nossos corpos, ao som daquelas músicas, entre o batuque nos nossos acessórios (ah, é verdade, não sei se referi, mas eu levava, mais uma vez, as algemas no rabo) , faziam sucesso!

Oh músicas e formas de viver mais estranhas. Tenho a certeza que cada uma daquelas pessoas transportava um vírus de solidão qualquer que, por sorte, quando junto, no mesmo espaço, com mais de 100corpos com o mesmo vírus, as fazia sentir reais.

Cansados e com o relógio a mostrar-nos que no dia seguinte o dia começaria cedo decidimos ir embora.
À saída encontro uma daquelas coisas que adoro e venero como uma das mais inteligentes criações do homem. Um taxi e o seu taxista. Rapidamente consegui convencer a “princesa”, que de início se mostrava chocada com o absurdo, que deveríamos apanhar um taxi para subir as pouco mais de 4ruas que nos distanciava do carro.

Em apenas dois minutos e pouco mais de 4 ruas vivemos o insólito e maravilhoso que esta cidade nos oferece, sempre e garantidamente, a qualquer hora do dia ou da noite.
O TAXISTA!!!!

Nãooooo…é que ele era muito bom mesmo!
Dos alunos da Apolo ao bailes agarrados…ele já nos tratava por “tu” numa linguagem muito contida para não percebermos os imensos sacrilégios ao verbo que ele bem trancava nos dentes.
La se recomponha de si mesmo e, de vírgula em vírgula, soltava uma asneirada qualquer daquelas que só os taxista dizem quanto procuram a cera dos ouvidos com a tal da unha grande do dedo mais fino.
(Que me perdoem todos aqueles que, felizmente, sejam a excepção a esta regra)

Ouvimos de um tudo! Desde insultos sexuais a disparates programados que brotavam daquele cérebro lambido…foi surreal. Mas para mim, uma das melhores partes, foi quando ele decide descrever a sua aventura com a namorada no elevador do prédio dela.
Muito bom imaginar aquilo tudo e perceber que os nossos estômagos ainda eram forrados de ferro!

E finalmente chegamos ao carro e viemos para casa…
No caminho, sempre à conversa os nossos ossos faciais ainda nos permitiam as ultimas gargalhadas da noite.

Tinha sido uma noite estranha mas divertimo-nos bastante.
“Princesa”, bastamos nós os dois e a noite ta feita, já provamos!

Foi muito bom, muito bom mesmo.
Para a próxima levo uma arma… e como Upgrade passarei a disparar sobre cada pessoa que não me faça falta naquele espaço naquele momento.
Teria sido o abate das vacas se eu tivesse levado a arma ontem.
Mas foi bem melhor assim!

Porque mais uma vez recordo: “Foi bom, foi muito bom!”

1 comentário:

O melhor post de chocolate do mundo! disse...

Fazes-me sempre doer a cara! Sempre! :)

Foi ÓPTIMO!