sexta-feira, abril 28, 2006
Cheiro a Novo
Hoje cheira-me a sol…hoje cheira-me a novo.
Tudo se encaminha para a mudança, tudo acontece, tudo se faz.
As pessoas à minha volta giram sem parar numa dança que começa a ter vida.
As personagens que povoam o meu universo começam a tornar-se reais.
A minha demência começa a tomar novos rumos.
Hoje será uma boa noite para movimentações em novos tabuleiros de xadrez.
O sol rasga-me as paredes e eu decidi reviver velhos tempos musicais… na aparelhagem reina uma senhora que em tempos me fez feliz. Nos ossos trago ainda as notas do concerto que ontém me encheu a alma.
Hoje é um dia de tributo à vida feliz que todos podemos ter bastanto apenas torna-la uma história.
Hoje apetece-me sorrir a pessoas estranhas. Hoje apetece-me conhecer alguém. Rever alguém que já não veja há muito tempo e relembrar as histórias em comum. Ver coisas e gente colorida. Ouvir sons e sentir cheiros novos.
Hoje apetece-me uma noite verde-limão!
A “Princesa” vai a caminho da paz de um fim-de-semana no campo.
A “Sapatilha” já chegou ao Algarve onde ela tanto se sente bem.
O “Teny”, mais logo, ruma em direção a Albufeira para um fim-de-semana romântico e animado.
A “Neide” continua em Amesterdão.
A “Karains” prepara o seu fim-de-semana com parapente.
A “Mrs.Daloway” e o “Saul” preparam-se para mais uma noite de animação com muitas plumas e glamour (ou nem por isso, ainda n decidiu).
A “Pionés” prepara as malas para Cuba.
O “Peter Pan” está a mudar de casa e está feliz.
A “Mafe” prepara a “reunião de fantasmas” de amanhã.
O “Di” degusta os sabores de Berlim.
A “Be” prepara as malas para Cadiz.
A “Grossa” tem um jantar animado.
O “Pinóquio” lá terá um programa qualquer com o saxofone ou a tangerina.
A “Suelly” está a brincar aos empresários.
E a minha “Sapatona”, a minha "cosa mai linda", está a escrever!Inédito, mas feliz.
E a vida corre-nos bem… estamos todos em movimento (só não mencionei os que, em movimentos menos felizes se econtram, que também os há, e ainda bem porque também faz falta) e hoje quero é sair e saltar nas passadeiras pisando só as listas brancas!
E pronto… vou tratar da minha noite, do meu movimento, de nada mas no fundo de quase tudo!
Um grande bem haja a todos os que me despertam a consciência…
….e uma noite em grande!!!
Alguém Maior
segunda-feira, abril 24, 2006
A ti, minha “Mrs. Dalloway”
Sou abraçado por uma felicidade estranha.
A calma e a serenidade deste sol que inrompe pela minha janela a dentro diz-me que estou bem.
Hoje decido este sol a ti.
A ti que de tão complicada o fascínio nos prende, mesmo quando o máximo da expressão dos nossos dedos seja um gritante desistir de te compreender.
Desse lado, bem perto do local do crime, onde os diamantes que traziamos cravados à pele foram violados, revelando-nos toda a nossa vulnerabilidade, estás tu a trabalhar. Mas aí o sol também sabe sempre tão bem.
Hoje revelei-te um segredo e, estranhamente, fez-me sentir bem.
Porque certamente,de alguma forma, o chão por onde caminho, indica-me que foi correcto…
Tenho, de alguma forma, saudades daquilo que fomos…mas sei que isso também é bom.
Revelo-te o segredo porque te sinto, contra tudo e contra todos, contra ti mesma e contra mim no meu sentido mais racional, maior.
Foste colhida pelo mesmo virus que eu e isso fará de ti alguém, cuja a certeza de perceber o que aqui digo, me afaga.
Gosto de ti mesmo que me irrite essa pluma em vives. Gosto de ti porque, mesmo que n me o reveles, sei que sentes a dor daquele virus cintilante. Os diamantes em ti estão cravados até ao osso e isso faz-te sangrar em silêncio sem que não deixes ninguém dar conta. Talvez seja uma ilusão feliz essa de que ninguém te vê senão naquilo em que te queres mostrar…talvez.
De alguma forma te compreendo porque, de alguma forma também, vivi sempre assim até ao dia em que criei este segredo que te revelo.
Hoje sou pluma mas também carne, sou osso mas também sangue…e a vida em mim rebenta de felicidade a cada segundo, a cada imagem, a cada toque. Não porque tenha chegado a algum lado especial, mas porque saí desse lado tão silencioso e tão sufocante.
Hoje vivo uma vida feliz porque as plumas em mim são apenas uma adereço ou um código de diversão…porque os diamante são apenas a minha história e parte da minha pele que também gosto agora de deixar a nu.
Hoje apetece-me um bom vinho, um bom queijo mas também posso ficar pelas gomas e um copo com água.
Hoje dedico este sol a ti que, secretamente, cresces em silêncio, sufocada em ti mesma, mas, à tua forma, feliz.
Hoje dedico-te esta minha felicidade porque os anos que já serviram de estrada entre nós me dizem que, por muito que faças, por muito que te distancies, nunca mais te verás livre de mim.
Porque eu não deixo, porque eu não quero…porque entre nós, bicho colhidos pelo mesmo virus, está escrito que viveremos sempre próximos.
Até logo…até sempre “Mrs. Dalloway”.
Breakfast on Pluto
E porque ainda há filmes que nos surpreendem, aqui fica a sugestão!
Estava eu à conversa com a minha caríssima e ilustre companheira de todas as sessões quando, iluminados, percebemos que este é um daqueles filmes que estará apenas ao alcance de alguns.
Nas entrelinhas do que irão ver e ouvir está a Vida no seu todo, com a ironia que apreciamos, sempre a sorrir-nos como Patrick.
http://www.breakfastonpluto.co.uk/
Silence I
No decorrer dos dias e dos acontecimentos, suspeitas e surpreendentes presenças levaram-me a ler coisas que me fizeram recordar outros textos, outros tempos, outras histórias.
Apesar de ter já quase um mês em cima desde a sua data de origem, aqui fica, porque não, mais um fragmento deste espaço.
" Estava ali sentado na minha poltrona branca quando me vejo projectado sobre a cama.
Estava calmo, em silêncio, deitado sobre a cama mas com os pés para a cabeçeira, de barriga para o ar e, num olhar estendido e invertido abraçava o sol que entrava pela janela de chapão na minha cara!
Aquecia-me, como gosto de sentir ao som de uma música qualquer.
Quando consigo estar só gosto de pensar… e tanto melhor, se for de pernas para o ar, com os cabelos a indicar de onde vem a força da gravidade, e a cara aquecida pelo sol.
Estava ali e lembrei-me que do outro lado do vidro há vida em marte. Lembrei-me do que tenho lido e vivido nos ultimos tempos. Do que tenho dito e feito…do que tenho ouvido e sobretudo, do que não tenho pensado.
De alguma forma, e para esta preciso de encontrar resposta, foi na tua história que encontrei o alento que perdera já há algum tempo. Estranho…muito estranho.
Hoje morreu o João…
Acordo e, entre raios de sol e um silêncio feliz oiço a notícia: “Até estou a tremer… Acabo de vir de casa da Rita, o João morreu!” dizia a minha mãe com aquele ar que só ela consegue ter a sentir a dor dos outros.
Não que eu fosse proximo do rapaz… se falei com ele umas 3 ou 4 vezes, entre as naturais saudações de vizinhos, fora muito. Mas era novo, era ingénuo e era mais um filho daquela pobre mártire que já enterra o 2 ou 3 (já nem sei),e era mais um João. Hoje morreu mais um João.
O dia foi estranho…estranho porque chegou a Primavera há uns dias e eu sinto que o meu Inverno não quer partir. Esteve calor mas humido…não choveu mas esteve sempre quase. Esteve aquela luz…aquela luz tão especial.
À pouco, enquanto estava sentado, foi exactamente disso que me lembrei…
Acho que passei o dia a acompanhar esta dança do tempo…do clima…da forma, da cor.
Estou assim, como o tempo…
Sei que a Primavera já chegou mas ainda não a tomo como certa… deixo que o meu Inverno se prolongue por mim abaixo porque é nele que eu me sinto acolhido. Por um lado sei que este Inverno já chegou ao fim e que com ele foi o momento de inércia… terei que respeitar o ciclo e seguir os impulsos da Primavera. Mas não me apetece…não hoje.
Apetece-me tudo e não me apetece nada. Estou assim, estou de outro modo qualquer.
Ao olhar pela janela avistei o possível sabor que a terra, já tão saturada da humidade, poderia assumir.
Apetece-me perceber e confidenciar o que penso às pedras da tua calçada.
Aqui a terra mostra-me que estás longe. Aí as pedras mostram-me que estou perto.
Quem era o tal casal de idosos de que falavas à pouco?
Que histórias carregam aqueles corpos já cansados de viver? Imagino-os baixos e fortes. Com um olhar cheio de morte, cheio de solidão mas bastante compreensivo.
Que corpos somos nós que encontramos a solidão em cada vértice de um qualquer desejo.
Às vezes o frio rasga-nos a pele e deixa feridas abertas.
A dor que elas nos trazem, trazem-nos também o inefável prazer de pensar. A análise do mundo cabe-nos a nós no auge das nossas pretenções.
No fundo da rua está um corpo jovem à deriva. Anda, vagueia, sem se despistar. Os seus ossos já conhecem o caminho e os gestos. Regressa a casa, mais uma vez, mergulhado no pior dos sentimentos.
Está dormente…já não sente os pés, as pernas, os braços…o tronco. Resta-lhe a dor dos pulmões que ainda se enchem de coragem para mais um gesto. Nas mãos procura a memória da última pessoa que as acolheu.
Sente a dor que nos tráz ao mundo…sente o parto de si mesmo.Sente mas, de tão dormente, não o exprime de forma mais entusiasta do que um suspiro, coreografado com um pestanejar dançante.
É a morte.
É a vida.
É o abandono dos nossos ossos, das nossas carnes…do nosso sangue.
Somos aquilo a que nos propomos…e enrolados no fascínio de mil coisas acabamos enliados na dor. Essa teia tão familiar e tão maternal. Na dor podemos mergulhar sem correr riscos porque nada nos será tirado. Morremos assim lentamente, sentindo o prazer que nos tráz a consciência de viver um espectáculo.
Mas ainda não serrámos os olhos, apenas nos alimentamos desta dança de andar sempre perto.
A agonia e a dilatação das nossas cordas vocais enche-nos o peito de ar. Sofremos em silêncio o preço desta felicidade esquecida.
Sabemos bem que estas contrações musculares um dia terão que se tornar noutra coisa qualquer. Sabemos bem que não passamos de mais um bicho que vive de metamorfoses. Sabemos bem muita coisa mas nem para tudo temos a resposta.
A beleza é o pronúncio dos nossos olhos.
Em tempos, à porta de uma muralha, mesmo sentado sobre as pedras, estava um velho.
A sua cara era deliciosamente esculpida com as rugas de muitos séculos. O seu cabelo era de um branco respeitável. “Chega-te a mim rapaz” disse ele.
Eu era uma criança mas jamais me esqueci o que me contara. Nunca o partilhei com ninguém mas no sentir do meu crescimento e na dor desta doença de ser pensante, acredito, cada vez mais, que me revelou um segredo da vida.
Carrego o corpo cheio de mim na esperança que outro corpo o consiga suportar. Estou desmaiado e sigo nos ombros de alguém que já não tem alma.
Sigo e vagueio no delírio tranquilizante de trazer os olhos semi-serrados. É a ausência de sol, é esta a luz… é o calor, é a humidade que se esbate na minha cara e no pouco de braços que trago a nu. Os meus cabelos já não me indicam o norte. Já não tenho diamantes para verter nem vontade de gritar. Estou assim, carregado e conduzido pelo vazio de uma alma que não me quer sequer ouvir.
De que me servem os corpos que trago vincados nas mãos… as cinzas daqueles que faço arder. As danças e jogos difíceis de decifrar… a loucura ou o abalão do erotismo pujante. Hoje estamos sós… por muitos fascínios ou por muitos delírios que estes corpos conheçam…estamos sós.
É a morte.
É a vida. "
26.Março.2006
Apesar de ter já quase um mês em cima desde a sua data de origem, aqui fica, porque não, mais um fragmento deste espaço.
" Estava ali sentado na minha poltrona branca quando me vejo projectado sobre a cama.
Estava calmo, em silêncio, deitado sobre a cama mas com os pés para a cabeçeira, de barriga para o ar e, num olhar estendido e invertido abraçava o sol que entrava pela janela de chapão na minha cara!
Aquecia-me, como gosto de sentir ao som de uma música qualquer.
Quando consigo estar só gosto de pensar… e tanto melhor, se for de pernas para o ar, com os cabelos a indicar de onde vem a força da gravidade, e a cara aquecida pelo sol.
Estava ali e lembrei-me que do outro lado do vidro há vida em marte. Lembrei-me do que tenho lido e vivido nos ultimos tempos. Do que tenho dito e feito…do que tenho ouvido e sobretudo, do que não tenho pensado.
De alguma forma, e para esta preciso de encontrar resposta, foi na tua história que encontrei o alento que perdera já há algum tempo. Estranho…muito estranho.
Hoje morreu o João…
Acordo e, entre raios de sol e um silêncio feliz oiço a notícia: “Até estou a tremer… Acabo de vir de casa da Rita, o João morreu!” dizia a minha mãe com aquele ar que só ela consegue ter a sentir a dor dos outros.
Não que eu fosse proximo do rapaz… se falei com ele umas 3 ou 4 vezes, entre as naturais saudações de vizinhos, fora muito. Mas era novo, era ingénuo e era mais um filho daquela pobre mártire que já enterra o 2 ou 3 (já nem sei),e era mais um João. Hoje morreu mais um João.
O dia foi estranho…estranho porque chegou a Primavera há uns dias e eu sinto que o meu Inverno não quer partir. Esteve calor mas humido…não choveu mas esteve sempre quase. Esteve aquela luz…aquela luz tão especial.
À pouco, enquanto estava sentado, foi exactamente disso que me lembrei…
Acho que passei o dia a acompanhar esta dança do tempo…do clima…da forma, da cor.
Estou assim, como o tempo…
Sei que a Primavera já chegou mas ainda não a tomo como certa… deixo que o meu Inverno se prolongue por mim abaixo porque é nele que eu me sinto acolhido. Por um lado sei que este Inverno já chegou ao fim e que com ele foi o momento de inércia… terei que respeitar o ciclo e seguir os impulsos da Primavera. Mas não me apetece…não hoje.
Apetece-me tudo e não me apetece nada. Estou assim, estou de outro modo qualquer.
Ao olhar pela janela avistei o possível sabor que a terra, já tão saturada da humidade, poderia assumir.
Apetece-me perceber e confidenciar o que penso às pedras da tua calçada.
Aqui a terra mostra-me que estás longe. Aí as pedras mostram-me que estou perto.
Quem era o tal casal de idosos de que falavas à pouco?
Que histórias carregam aqueles corpos já cansados de viver? Imagino-os baixos e fortes. Com um olhar cheio de morte, cheio de solidão mas bastante compreensivo.
Que corpos somos nós que encontramos a solidão em cada vértice de um qualquer desejo.
Às vezes o frio rasga-nos a pele e deixa feridas abertas.
A dor que elas nos trazem, trazem-nos também o inefável prazer de pensar. A análise do mundo cabe-nos a nós no auge das nossas pretenções.
No fundo da rua está um corpo jovem à deriva. Anda, vagueia, sem se despistar. Os seus ossos já conhecem o caminho e os gestos. Regressa a casa, mais uma vez, mergulhado no pior dos sentimentos.
Está dormente…já não sente os pés, as pernas, os braços…o tronco. Resta-lhe a dor dos pulmões que ainda se enchem de coragem para mais um gesto. Nas mãos procura a memória da última pessoa que as acolheu.
Sente a dor que nos tráz ao mundo…sente o parto de si mesmo.Sente mas, de tão dormente, não o exprime de forma mais entusiasta do que um suspiro, coreografado com um pestanejar dançante.
É a morte.
É a vida.
É o abandono dos nossos ossos, das nossas carnes…do nosso sangue.
Somos aquilo a que nos propomos…e enrolados no fascínio de mil coisas acabamos enliados na dor. Essa teia tão familiar e tão maternal. Na dor podemos mergulhar sem correr riscos porque nada nos será tirado. Morremos assim lentamente, sentindo o prazer que nos tráz a consciência de viver um espectáculo.
Mas ainda não serrámos os olhos, apenas nos alimentamos desta dança de andar sempre perto.
A agonia e a dilatação das nossas cordas vocais enche-nos o peito de ar. Sofremos em silêncio o preço desta felicidade esquecida.
Sabemos bem que estas contrações musculares um dia terão que se tornar noutra coisa qualquer. Sabemos bem que não passamos de mais um bicho que vive de metamorfoses. Sabemos bem muita coisa mas nem para tudo temos a resposta.
A beleza é o pronúncio dos nossos olhos.
Em tempos, à porta de uma muralha, mesmo sentado sobre as pedras, estava um velho.
A sua cara era deliciosamente esculpida com as rugas de muitos séculos. O seu cabelo era de um branco respeitável. “Chega-te a mim rapaz” disse ele.
Eu era uma criança mas jamais me esqueci o que me contara. Nunca o partilhei com ninguém mas no sentir do meu crescimento e na dor desta doença de ser pensante, acredito, cada vez mais, que me revelou um segredo da vida.
Carrego o corpo cheio de mim na esperança que outro corpo o consiga suportar. Estou desmaiado e sigo nos ombros de alguém que já não tem alma.
Sigo e vagueio no delírio tranquilizante de trazer os olhos semi-serrados. É a ausência de sol, é esta a luz… é o calor, é a humidade que se esbate na minha cara e no pouco de braços que trago a nu. Os meus cabelos já não me indicam o norte. Já não tenho diamantes para verter nem vontade de gritar. Estou assim, carregado e conduzido pelo vazio de uma alma que não me quer sequer ouvir.
De que me servem os corpos que trago vincados nas mãos… as cinzas daqueles que faço arder. As danças e jogos difíceis de decifrar… a loucura ou o abalão do erotismo pujante. Hoje estamos sós… por muitos fascínios ou por muitos delírios que estes corpos conheçam…estamos sós.
É a morte.
É a vida. "
26.Março.2006
O prenúncio da morte.
Ouvio o barulho lá fora …
O vento estava quente… as folhas das árvores faziam um barulho estranho… era o vento do norte que o empurrava para a porta.
A caminho da interpretação ouviu o seu telemovel.
Era ela em tão curtas palavras como “Vou a caminho da tua casa. Por favor, diz-me que posso. Preciso de falar contigo.”
Gelou, parou de olhar e os seus lábios secaram.
Ela entrou por ali a dentro e trazia, nas costas, cravado o desejo de ser seduzida. O suor escorria-te pelas costas de tanto que ardia naquele desejo que sempre os descontrolou… duas ou três palavras, um ou dois gestos… um passo. E lá estavam eles. Munidos das mesmas armas com que se caçaram durante anos e a beber as últimas gotas de veneno que ainda conseguiam extrair.
Era doce, era vertiginoso… os nomes repetiam-se mas as personagens não. Apenas se assemelhavam às de antes. Mas ontém estavam diferentes.
De cada travo de ar que controlava no seu peito a dança entre os seus ossos parecia cada vez mais infeliz… dançavam porque se tinham encontrado para dançar como sempre o fizeram. Os nervos já estavam secos e com eles tinham levado o palpitante vigor da adrenalida dos seus beijos.
Era ela que ali estava…mais uma vez deitada sobre a cama que o embala quando o corpo já não tem par. A sua pele parecia mais clara do que nunca. Podia sentir o arrepio da pele dela na ponta da sua língua que dançava ao compasso das palpebras da infeliz.
Estava nua mas não lhe pertencia. Ele stava louco,mas não por ela.
Estavam mortos e sentiram os arrepios na espilha como quando na presença de mortos se está.
Deixou-a dançar o grito da travagem brusca…mas bem sabia que o conhecia e que, na presença dos seus olhos, percebeu que não estava só naquela vontade.
“Sempre fui melhor actor do que tu, nunca o escondi. Sempre fui mais cortez do que tu, sempre o sentiste. Sempre menti melhor do que tu, tu sabes.”
Sabiam que não tinham sido os seus corpos que perderam o interesse. Sabiam que não for a a sua pele que morreu. Fomos eles mesmos, em contacto um com o outro, que morreram de uma só vez.
As lágrimas de um futuro nunca projectado e de um passado tão incompleto fizeram sentir a certeza daqueles arrepios.
“Continuarei a recordar-te para sempre… aquela data nunca será passada em branco, prometo.
Que o nosso toque, o nosso olhar, de dois seres que sempre se compreenderam mas nunca falaram a mesma língua, nunca se perca nas nossas memórias. Que os nossos lábios se serrem como antigamente e não são sai de nós mais do que um simples “Adeus” para não nos ferismos mais.”
Foi triste… mas teve que ser assim. De outra forma não poderia acabar, no fundo a vida continuava-lhes a sorrir. Mostrou-lhes o fim daquilo que os unia por aquilo que sempre os prendeu. Foi demasiado triste mas de outra forma não chegaria a afectar aquelas veias já quase sem dor.
“Ontém morreste em mim.Ontém morremos em nós.
Foi contornar de vez a rua…Foi o prenúncio da morte.”
27.Março.2006
domingo, abril 23, 2006
O Clone
…Sem dúvida Teny…
Já tinha saudades de poder ler esse veneno depois de uma noite feliz…lol
“This is sick”
Aquela criança que, horas antes, nos passava com um andar firme e um olhar seguro, no desfilar por aquela calçada, mesmo junto a nós…é um ser bizarro.
É a inocência em formato digital. À primeira vista quase que sentimos a dor do ser naife, por ele, por nós, pelos seus pais, pelos que o, supostamente, o deviam rodear. Mas em pouco tempo ele próprio nos mostra que que a sexualidade já nasce conosco e já nos escorre em forma de suor, pelo corpo onde molda as nossas formas, desde o berço.
É a lascívia, é o pudor, é a moralidade e o perconceito, é o ser arisco e o ser devasso…é o ser tudo mas ainda muito por ser. São aquelas paredes imundas de sexo… onde transpiramos o prazer que nos dá aquilo que tu descreveste tão bem.
Como será que ele se chama?Que idade terá ao certo? …quanos orgãos já consumio e no que pensará quando geme?…Quando surpira parece maior. Parece um de nós, já entendido nas artes de rebentar num só grito.
É no fundo assustador o prazer que se rouba de uma infância que a nós nos aflige… Ele parece-nos estranho, nem nos parece real. É, sem dúvida, o clone do seu grande original… Um clone que ainda se forma e ainda tropeça na sua imaturidade e na sua estranha forma de sugar o ar cavernoso daqueles gemidos em grupo que o rodeam.
É daqueles cujo o penetrar não faz sentido senão sob uma grande dose de brutalidade que consiga rasgar todo o sentimento de cuidado pela sua carne tão acriançada. É daqueles cujo o excesso será sempre a sua companhia de cama e o promenor da devassidão o cúmplice das suas paredes. É mais uma grande puta que nasce nesta cidade…é mais um puto a brincar aos adultos sem saber que isso lhe trará uma velhice precosse tão mal amada.
Clone , clone, clone…nem o conigo meter na nossa lista de “social de esquina” de tantos conflitos que me faz surgir quando o tento descodificar. Deve ser isso mesmo…devem ser as diferenças de idade no seu tabuleiro de xadrez, deve ser aquele olhar assutado mas sedento…há ali qualquer coisa que não me deixa confortável para “brincar”.
Mas enfim, sem dúvida o original que, de resto, merece toda a nossa atenção, existe numa perfeição que em nada este clone se aproxima… ou talvez não, talvez tenha sido assim que o original começou, quem sabe. Mas duvido.
Seja como for, venham as noites loucas de sexo, venham as putas novas da cidade, as pernsonagens que nos animam…venham eles, venham elas, que os nossos corpos lá estarão, sempre prontos a descodificar com o olhar e a marcar com o perfume, os ossos a queimar e os desejos a transformar em cinzas para o nosso chão.
E no meio disto tudo, possivelmente, aos olhos alheios, as verdadeiras Putas ainda seremos nós … mas se o formos, que sejamos ao nosso jeito…que esse, só os “originais” sabem e merecem descodificar!
“This is sick… all night song”
sábado, abril 22, 2006
“Mr Woolf, mas que prazer mais inesperado…”
"- Não há obrigação nenhuma… eu suportei esta supervisão.
Suportei esta prisão.
Vivo rodeada por médicos, por todo o lado só vejo médicos que me informam dos meus inetresses!
- Sabem quais são!
- Não sabem não! Não falam em nome dos meus interesses.
- Compreendo que seja difícil para alguém com o teu…
- Com o meu quê, diz?
- …talento, pensar que pode não ser o mehor juiz do seu estado!
- Quem é melhor juiz?
- Tu tens um historial! Tens um historial de internamentos, e se te trouxe para Richmond foi por causa da série de ataques, de humores, das vozes que ouves!
Trouxe-te para te poupar ao irrevogável mal que tencionavas fazer a ti própria.
Já te quiseste matar duas vezes! Vivo diariamente sob esse ameaça e se montei a prensa, se a amontei cá não foi por ela mas para teres uma forma de absorção, de terapia.
- Como croché?
- Foi tudo feito por ti! Para ver se tu melhoravas! Feito por amor!
Se não te conhecesse chamava a isto ingratidão.
- Eu, ingrata? Estás a chamar-me ingrata?
A minha vida foi-me roubada.
Vivo numa cidade onde não sinto o menor desejo de viver, vivo uma vida que não me apetece nada viver. Como é q isto aconteceu?
Vai sendo altura de voltarmos para Londres. Londres faz-me falta. Faz-me falta a vida dela.
- Isso não és tu a falar Virgínia, é só uma faceta da tua doença. Não és tu, não é a tua voz.
- É a minha sim, só minha.
- É a voz que ouves.
- Não é nada, é a minha! Eu morro aqui metida!
- Se pensasses direito sabias que foi Londres que te deixou nesse estado.
- Se eu pensasse direito? Se eu pensasse direito…
- Trouxemos-te para Richmond para te dar paz.
- Se eu pensasse direito, Leonard, dizia-te que luto sozinha na escuridão, nas trevas absolutas e que só eu posso saber, só eu posso compreender o meu estado.
Vives sob a ameaça, dizes tu, sob a ameaça do meu desaparecimento.
Mas também eu vivio sob ela.
E esse é o meu direito, o direito de qualquer ser humano. Escolho não a sufocante anestesia dos subúrbios mas o vibrante abalo da capital. A escolha é minha. E à mais humilde paciente, à mais desgraçada, é permitida uma palavra a dizer sobre o seu tratamento.
É assim que ela define a sua humanidade.
Quem me dera, por ti, poder ser feliz nesta quietude."
THE HOURS
by Stephen Daldry
I´m Back
I´m back caros morcegos...
Estou de volta e hoje foi uma grande noite, porque em tudo seremos sempre maiores!
Ainda sinto a chuva a brindar-nos a perfeição, ainda trago a música no corpo... mas trago muito mais do que tudo isso... cravado num suspiro que me fez perceber isso mesmo - I´m back!
LOL
Nasci para ser desta forma, n há nada a fazer....lolol...começo a acreditar!
Bem, depois da molha e do banho quente, meus caros, vou dormir que amanhã me espera um novo dia e, convosco, certamente, uma nova noite! ;)
quinta-feira, abril 20, 2006
Casino Lisboa
terça-feira, abril 18, 2006
Pérolas a Porcos II
— Ainda bem que te encontro…
— Porquê?Já não se pode fumar um cigarro em paz, num sítio em que ninguém me oiça?
— Estão corpos nus no sala! O que é que eu faço?
— Come-os.
— Claro…era de calcular essa tua resposta. Só não percebo porque é que estás aqui, e não estás na sala também, como um bom anfitrião que sempre foste nestas coisas.
— Vai à merda!
— …o que é que se passa contigo?…estás diferente, nem pareces tu. Onde é que está aquele sangue a fervelhar por carnes vivas e corpos racionais?
— Eu mudei, eu disse-te.
— …mudaste ou estás de barriga cheia?
— Não sejas estúpida… o único corpo que ali me interessa já estará contaminado, pela saliva dos outros que a mim nada me dizem.
— …estranho…muito estranho… Durante anos esperei ouvir isso, na ilusão de existir algum tipo de moralidade nesse teu corpo de consumo, e hoje, logo hoje, decidiste ser diferente. Não há quem te entenda…
— Não há quem me coma duas vezes da mesma forma, diz antes assim.
— Estúpido, como é que te atreves?
— Bem…vou-me vestir, chamas-me um taxi?
— Porquê? Onde vais?
— Tenho “deveres sociais” minha cara…tenho uma inauguração, que já conta com a minha habitual hora de atraso. Mas deixo-te a chave dsta casa e peço-te um favor. Livra-te daqueles corpos na sala e cuida de manter o ambiente limpo…não quero manchas de lascívia em lado nenhum por favor.
— Não te preocupes, sou especialista em limpar a merda que fazes, ou já te esqueceste?
— Também gosto muito de ti… até logo.
segunda-feira, abril 17, 2006
After Champaghe
E só mais uma coisinha…
Depois de ler o post da Princesa que tão inspirado me deixou.
Depois de me recordar das noites de champaghe e morangos salpicados de depressão, também com ela já partilhadas (memorável, por sinal…a sua companhia faz, de facto, a diferença)…
Depois de gargalhadas e suspiros mais amargos…depois de partilhas e soluções conjuntas…
O sol, de facto, sabe-nos bem!
Estão a chegar ao fim os dias em que esta casa me pertence…os dias em que, também, meto a chave à porta e posso cantar, dançar, beber e gritar sem que isso incomode ninguém.
Os dias em que a madrugada me sabe tão bem ser vivida com os meus devaneios. Os dias em que o caos reina em cada divisão mas que ampara as minhas estratégias.
Os dias de solidão, que é vivida com gozo, e nos desperta o pensamento para os tantos amanhãs que queremos perfeitos. Os dias de criatividade em que, seja a que hora for, podem ser passados para o papel ou para a tela branca ao som estridente de uma múscia qualquer.
Estão a chegar ao fim esses dias mas souberam-me tão bem!
Até porque não tive que fazer realmente nada, nem estar realmente com ninguém, e deixei que o acaso reinasse em mim. Foram dias felizes, foram dias tristes, foram dias de cheiros e de sorrisos profundos com as coisas mais insignificantes.
Mas ainda assim continuamos a “ser o que sempre dissemos e não apenas o que dissemos nos últimos dias”. Mesmo que os últimos dias tenham feito a dferença, que essa difrença se junte ao imenso de nós já de outras estações.
Aguardo o pôr-do-sol para rumar ao infino que será o “regresso à realidade”…não por este ser mais bucólico ou sequer poeticamente favorável… mas porque fará mais sentido eu respeitar os ciclos da luz e os ciclos do dia para que, ao escurecer, prepare as armas.
Ainda há champaghe no frigorífico, ainda há para ali um ou outro morango…e ainda, por incrível que pareça, ainda presistem os chocolates em cima da mesa.
Talvez sejam novamente usados para o último dos rituais…para a despedida destes dias ou até mesmo para limpar as armas e deixa-las prontas.
Mas serão todos eles saboreados de uma forma diferente…porque a luz é outra e os meus lábios não conseguem, jamais, parar de rasgar o meu rosto que traz impresso o sabor desta primavera!
A ti, Princesa, e a todos aqueles que se tornaram os “m” de “mim”… desejo o melhor desta estação e muito, mas mesmo muito, champaghe acompanhado!
Have fun and keep your helmet on!!!!
ultra-ser
"A minha inteligência tornou-se um coração cheio de pavor,
E é com minhas ideias que tremo, com a minha consciência de mim,
Com a substância essencial do meu ser abstrato
Que sufoco de incompreensível,
Que me esmago de ultratranscendente,
E deste medo, desta angústia, deste perigo do ultra-ser,
Não se pode fugir, não se pode fugir, não se pode fugir!"
Frenando Pessoa
White Body
É um corpo, são dois corpos…podem ser até uma infinidade deles.
Sob o silêncio da noite corpos solitários vagueam pelas casas.
Podem não estar demasiado sós para se passearem pela rua…mas em casa é mais seguro. Em casa, no escritório, num espaço qualquer cuja a segurança seja dada por quatro paredes.
É uma nova forma de estar, uma nova forma de ser.
É uma nova forma de comunicar, uma nova forma de gritar sem pudor. De viver a fantasia dos seus próprios corpos e as ilusões das suas mentes. É uma nova forma de poder ser mágico e desenhar o seu próprio percurso ou expressão nos olhos de alguém.
Depois do um longo suspiro sente-se só.
Bebe um copo de água, come um chocolate mas sabe onde irá parar.
Senta-se e por lá ficará horas.
O teclado transforma-se a sua pele e as fotografias que partilha, verdadeiras ou falsas, reais ou graficadas, passam a ser a sua imagem.
No escorrer das palvras define-se em mil fantasias de si mesmo e tenta encontrar alguém semelhante.
Consome uma lista imensa de pessoas igualmente virtuais…poucos são os que realmente conhece. Mas é nos outros, nos apenas virtuais, que encontra o calor que o ampara naquela noite.
São brancos e inexpressivos.
São frios e sentem-se livres.
São os brancos independentes de si mesmos…na luta contra as cores que lhes revelam o sangue. São ossos desconfigurados, são carne incolor. São olhos secos nos cabelos ávidos pelo risco e carrocel do “tudo poder”.
São as criaturas virtuais que se passeam nas ruas. Na noite da cidade ou na dia do campo. São fragmentos de mil imagens colados com precisão. São materiais cintilantes que derramam sons dos quais muito pouco sabemos.
É uma dança num salão antigo. É um bailado de vaidades sofridas pela ausência de afectos.
Nesse bailado tudo desfila…os promenores são as armas de atenção. As cores pouco traduzem senão uma infinidade de códigos lascivos.
Sobem-lhes os gostos e os sabores simples e amargos que morrerão, invariavelemente num, sorriso estampado de um qualquer rosto branco.
Dentro das roupas palpitam as veias com o fernezim de mil acontecimentos…mas a calma da dança embala-os e nada é permitido transpirar.
São os cadáveres em que se transformam durante aquelas horas em que a vida deles socumbe a cada segundo.
Exaustos ou atrasados para uma coisa qualquer terminam a dança e retiram-se do salão. Um a um porque num andam aos pares. E saiem tirando a máscara branca e voltando a dar vida ao corpo escondido que, nem por isso, se torna real.
É um novo corpo a branco, é uma nova forma de fascinante demência.
sábado, abril 15, 2006
Too Drunk to Fuck
Fodasse…
Assim começa este meu post…
Já é de manhã e eu hoje percebi que me apetesse dizer asneiras.
Morremos ao som de nós mesmos.
Que noite fantástica.
Cheguei e ainda fui fumar um cigarro ao jardim… a luz permite-me e o silêncio da hora convidava mesmo ao momento.
Estou bêbado… o que não é inédito (segundo a fama que os meus amigos tanto fazem crescer)…mas o inédito é estar a escrever…
Perdoem-me já os possíveis erros mas também estou-me a cagar.
O que é q foi isto?
Alguém me explica?
Está ali um carro..lol…ridículo.
Ora bem, começamos, lindos e pimpões por beber um café na Brasileira…aquela hora era a única espelunca aberta. De lá, depois de uma conversa profissional, no mínimo, desinteressante, fomos até ao ClubMercado onde as trevas das danças HipHop nos faziam sentir a mais.
(Nada contra mas, de facto, eles eram profissionais do estilo e o nosso não tinha qq semelhança)
Depois da tentativa (ignorada, note-se, mais uma vez) de “picar o ponto” a quem de si era direito, fomos até ao Bairro onde nos encontramos com o Teny e o Rodrigo. Eu e a Princesa ja tinhamos decidido que a noite era nossa desse lá por onde desse.
Voamos até ao Frágil onde nos pediram 10€ de consumo mínimo!RIDÍCULO…desde quando?
Mas enfim, estavamos alegres por isso até paguei!
Lá estava, estranhamente a “feira dos horrores parte II”…só gente estranha e muito feia.
O máximo que ali consegui foi um apalpão de um horroroso qualquer.O medo!
Esgotados daquela “coisa” em que se tinha tornado o ambiente fomos, todos lampeiros, rumo ao Lux.
Esperavamos a surpresa da remodelação da pista.
Entramos, mais uma vez a pagar (“Ridículo parte II”) e rapidamente nos apercebemos que a remodelação tinha afectado também o público.
Quem era aquela gentinha que nem betos nem chungas conseguiam ser defenidamente?
Olhem, surreal!Parecia que, não bastanto fazerem-nos obras na casa, ainda nos tinham mudado os habitantes.
Enfim…dsesperados e conformados (já tinhamos pago mesmo) deicimos beber e ficar.
Em três tempos a música, fosse qual fosse, já me entrava nos ossos como água para chocolate.
Descemos às trevas do “talho” daquela que, em tempos, for a a “catedral de todos os múrmurios” e por lá fiquei para esquecer as velhotas que se tinham seduzido por mim sem eu querer.
Restavam-me os gays…aqueles que, até nos maus momentos, nos salvam o Ego!
Mas nem isso…tudo o que olhava ou era carbe velha ou podre de tão esquisa e disforme que era.
A depressão!
Até que chegaste tu…tu que tiveste a audácia de me ignorar durante horas mesmo quando dançavas junto a mim.
Enchi-me de orgulho (e pq o alcool ja o permitia) e fui lá.
Cumprimentei-te e, apesar das festinhas na cara que fizeste (sabe-se lá porquê…sim pq tu és uma criatua estranha, bizarra…e nada parece fazer sentido), deixaste bem claro que a tua presença ali estava “acompanhada”!
Ora poupa-me, quem era aquele mal vestido que até de óculos escuros estava?
É aquilo que andas a comer agora, bem sei. Mas por favor.É mau demais!
Depois da conversa da treta fizeste-me sentir deslocado e voltei à base.
Outras músicas passaram e tu ali ao lado, sempre indiferente.
Caguei pra ti e, claro, como é óbvio, continuei a dançar com as ilustres pessoas que me acompanhavam!Ainda nos rimos da ironia… quem diria que, depois de birras públicas me havias de ignorar.
Acho que estou a perder qualidades.
Eu devia estar verdadeiramente feio quando saí de casa porque esta noite, ainda por cima que estava a jogar ao jogo das pontuações “teasing” com a princesa, perdi a milhas de disntância.
Mas tu foste “a cereja” que caiu do topo do bolo.
Estou deprimido com a minha ausência súbita de sedução.
Não sei viver assim…por isso que a graçinha não se repita!
LOL
Ainda estou bêbado e um melro está a olhar pra mim mesmo aqui na janela dos meus vizinhos!
Hoje sinto-me “too drunk to fuck” porque estou.
Amanhã terei de matar alguém para voltar a mim…
A merda do alcool está cá mas não em demasia que me faça esquecer tudo quando acordar como em tempos fazia.
Princesa, melhores noites virão em que, pelo menos, possamos empatar!
Lol
Fodasse!
sexta-feira, abril 14, 2006
Anniversaire Bizarre … pour deux beautés dans la foire des horreurs
Tons escuros, veludos secos e revivalismos pretensiosos.
A intenção de base era das melhores, no fundo ele nem sonha o ninho de cobras onde adormece.
— “Allo…só para dizer uma cozinha. Chapéus, plumas e pestanas postiças serão admitidas! Dino Alves reinará no nosso dress code!”
Ora com estes dados a festa prometia ser, no mínimo, esteticamente agradável.
Tomada a decisão do modelito tomei a liberdade de avisar a “princesa” das “últimas festivas”.
— “Não posso, devo ter adormecido! Ai…e agora deixaste-me nervosa, já não sei o que vestir!…va, vou tentar arranjar-me o mais depressa possível”
Note-se que aqui o “possível” já se anunciava longo. Depois de passearmos por estes campos, de carro, em busca de uma café decente, para esperar a “princesa”, decidimos desistir.
À porta do “palácio” lá esperávamos nós sua excelência, dizendo mil e quatrocentos disparates sobre a vida alheia para nos entreter o cérebro e não fazer adormecer a língua, até que ela surge como sempre – giríssima de e sempre com aquele ar de quem acaba de saltar da capa da Vogue e ainda nem percebem muito bem como se passou do 2D para o 3D.
E lá fomos os 4 decididos a arrasar o povo todo com a nossa chegada que já contava com a habitual hora e meia de atraso! …sim, por sintonia ou cordialidade, estava ali a reunião perfeita de pavões que jamais chegam a algum lado sem a devida hora mínima de atraso. Ora uma pessoa produz-se para quê se não tiver já o público todo reunido para nos receber? Enfim, quatro pavões (uns mais mansos e outros mais bravos) em cena pela porta adentro.
Passados os cumprimentos e os primeiros flashes de picar o ponto ali estávamos nós.
Lindos de morrer naquela que nem sequer era uma boa “foire des vanitiés”. Sim porque entre imitações visuais de Courtney Love a CumSomDoLola tudo era válido naquele antro dos horrores. O som fazia-nos esquecer que tínhamos entrado noutra dimensão e os nossos egos disparavam a cada esquina de cada parede!
Entre personalidades da área alguns “amigos/conhecidos” a noite corria de uma forma agradável.
No fundo o que nos safou fomos nós mesmos…que em poucos instantes decidimos cagar para os chapéus do estilista, deixar de ter conversa de Carrie, e afastarmo-nos do reuno da fantasia de holofote e penetrar pela multidão de esquisitos que ali vibrava.
Ai mas foi tão bom…ainda assim os nossos corpos, ao som daquelas músicas, entre o batuque nos nossos acessórios (ah, é verdade, não sei se referi, mas eu levava, mais uma vez, as algemas no rabo) , faziam sucesso!
Oh músicas e formas de viver mais estranhas. Tenho a certeza que cada uma daquelas pessoas transportava um vírus de solidão qualquer que, por sorte, quando junto, no mesmo espaço, com mais de 100corpos com o mesmo vírus, as fazia sentir reais.
Cansados e com o relógio a mostrar-nos que no dia seguinte o dia começaria cedo decidimos ir embora.
À saída encontro uma daquelas coisas que adoro e venero como uma das mais inteligentes criações do homem. Um taxi e o seu taxista. Rapidamente consegui convencer a “princesa”, que de início se mostrava chocada com o absurdo, que deveríamos apanhar um taxi para subir as pouco mais de 4ruas que nos distanciava do carro.
Em apenas dois minutos e pouco mais de 4 ruas vivemos o insólito e maravilhoso que esta cidade nos oferece, sempre e garantidamente, a qualquer hora do dia ou da noite.
O TAXISTA!!!!
Nãooooo…é que ele era muito bom mesmo!
Dos alunos da Apolo ao bailes agarrados…ele já nos tratava por “tu” numa linguagem muito contida para não percebermos os imensos sacrilégios ao verbo que ele bem trancava nos dentes.
La se recomponha de si mesmo e, de vírgula em vírgula, soltava uma asneirada qualquer daquelas que só os taxista dizem quanto procuram a cera dos ouvidos com a tal da unha grande do dedo mais fino.
(Que me perdoem todos aqueles que, felizmente, sejam a excepção a esta regra)
Ouvimos de um tudo! Desde insultos sexuais a disparates programados que brotavam daquele cérebro lambido…foi surreal. Mas para mim, uma das melhores partes, foi quando ele decide descrever a sua aventura com a namorada no elevador do prédio dela.
Muito bom imaginar aquilo tudo e perceber que os nossos estômagos ainda eram forrados de ferro!
E finalmente chegamos ao carro e viemos para casa…
No caminho, sempre à conversa os nossos ossos faciais ainda nos permitiam as ultimas gargalhadas da noite.
Tinha sido uma noite estranha mas divertimo-nos bastante.
“Princesa”, bastamos nós os dois e a noite ta feita, já provamos!
Foi muito bom, muito bom mesmo.
Para a próxima levo uma arma… e como Upgrade passarei a disparar sobre cada pessoa que não me faça falta naquele espaço naquele momento.
Teria sido o abate das vacas se eu tivesse levado a arma ontem.
Mas foi bem melhor assim!
Porque mais uma vez recordo: “Foi bom, foi muito bom!”
segunda-feira, abril 10, 2006
Tango
“Acho que foram as cinzas dos cadáveres em mim. As cinzas dos corpos que queimei que me exfixiaram a pele.
A morte em mim para que eu sinta a vida.
A vida a mostrar-me o meu próprio filme.
O ver-me na plateia e,mesmo cheio de orgulho pela vida que tive, ainda a sentir frio.
São os ares da mudança...é a vida a correr-me nas veias como gosto de a sentir.
Com dor, com cor, com cheiro…com barulho, com silêncio, com tudo e com nada.
De qualquer forma lutarei. Cansei-me de não concluir ou edificar o que espero de mim. Agora voltarei aos velhos tempos, aos tempos a sós comigo num tango em que o outro corpo apenas terá vida se em tons de sangue.” – respondera com toda à firmeza aquando da pergunta “Porque estás assim?”.
Na noite anterior estava só.
Depois de uma discussão estúpida lembrou-se dos velhos tempos. O seu corpo atraissoara-o como ninguém. Perdera o controlo e as mãos tremiam com a raiva das lembranças. Aqueles tons de voz usados batidos com as palavras mais envenenadas soavam-lhe a dor. Nos corredores do seu corpo podiam-se ouvir os ecos do passado. Tudo gemia, tudo gritava no murmúrio de todas a emoções contidas naquela discussão.
“Dormes cá hoje?”
“Sim, mas não sei, naturalmente, a que horas chego.”
“Até logo…”
E ficou só. Desta vez não tinha sido ele a sair porta for a. Desta vez ficou.
Ficou a aguardar que o fossem buscar. Afinal era sexta-feira e a noite era para ser vivida.
No silêncio a dor espalhou-se pelo seu corpo e deixou-se invadir.
O cansaço que sentira não era novo e o que viria a seguir também não.
Olhou para o relógio de mesa e sorriu. Não de felicidade mas de compaixão pelo seu próprio corpo. Mais uma vez iria retomar à sua forma aparente para seduzir a noite que o esperava.
Levantou-se e deu início ao ritual, ao som de uma música qualquer que usava para o tão habitual “processo pavão”. Pois que viesse a beleza de volta que tinha um público imenso à espera.
Em frente ao espelho, enquanto se maquilhava, perfumava, penteava e dava os últimos retoques em si voltou a sentir a força daquela solidão. Não a sabia explicar só sabia que não estava bem.
Agarrou-se com todas as forças a todas a técnicas de mágia que a futilidade lhe poderia dar e levantou-se de novo erguendo a cabeça frente ao espelho.
Era a dança de si mesmo. Era uma dança que nunca for a a solo por muito que o aparentasse.
Brilhante e vigoroso lá estava ele de pé pronto para a festa.
Desceu as escadas ainda tonto com a dor. Mas até aquilo o fazia sorrir. No fundo até aquele momento tinha o seu charme, e ter consciência disso era uma prazer que só ele guardava. Era um gozo tremendo o de se esconder de si mesmo e sanguar a mil vozes num total silêncio abafado por mil gargalhadas. Era a sua loucura feliz, era o seu tango de vida.
“Boa noite, vamos a isto?”
E com um sorriso rasgado olhou para trás e despediu-se de todos os males prometendo voltar.
verbo M
" Mudar, v. t. (do Lat. mutare). 1.Transportar, levar de um lugar para o outro. 2. deslocar; mover; remover; pôr em outro lugar.
3. Dispor de outro modo. 4. Modificar; alterar. 5. Incutir outra direcção. 6. Trocar uma coisa por outra. 7. Renovar.
V.i. 1. Ir viver para outro local. 2. Transformar-se; tornar-se física ou moralmente diferente do que se era. 3. Adquirir outro aspecto. "
quarta-feira, abril 05, 2006
"there is no reason to be shy"
Sem dúvida irreverente, sem dúvida original e sem dúvida a conquistar muitos fãs!
Esta marca seduzio-me, va-se lá saber porquê!LOL
Aqui fica meus caros, como prova de que, sobretudo, as coisas boas são para ser partilhadas! ;)
Divirta-se que há para todos os gostos! ;)
(cliquem em cima do título deste post que é também link para o site)
segunda-feira, abril 03, 2006
Âmago
“ Vagueando pelas ruas Pietro sabe bem que o tempo escassea. Não corre porque na vida sempre aprendeu que de nada valia correr quando a mesma distância se podia percorrer a um compasso normal. Trazia com ele um mundo de pensamentos sobre os seres a quem ele cedia o destaque no seu cartaz.
Na mão levava um livro em branco porque em branco ele gostava de manter os olhos mais curiosos.
“Mas quem me diz a mim afinal que eu tenho que optar por isto ou aquilo senão eu mesmo?…se para mim não tem qualquer importância o rótulo em mim, porque raio não posso viver bem desta forma?…ora ora caro amigo… para mim já existem demasiadas prisões, como as de não ter asas, quanto mais estar a comprar outras tão mal esculpidas pelos outros que nada sabem.” – dizia ele num tom irónico mas sereno ao seu amigo de grandes assuntos ao caminhar para o café.
Junto à estrada, sempre a pisar canteiros, decidiu parar.
A luz da cidade estava naquele exacto tom que não existe em mais lado nenhum.
O barulho dos carros confundia-se com os dos pássaros que anunciavam o que ali vinha.
Era ele, do outro lado da estrada.
Deserto e petreficado ficou a contemplar a inocência daquela figura. Só um louco estaria naquele local à espera do nada.
Parou um carro e a inocência transformou-se em vinho… o vinho em alcool puro…e o alcool em sangue.
Sorrira-lhe minutos antes de entrar no carro. Aquele sorriso de quem sabia que outros olhos o viam e nada fazia, no encenar do seu gesto, que o denunciasse.
Iria começar a correria…iria mudar o compasso. Ele estava por perto e a viagem aproximava-se da insanidade naquele vinho.
Sorrio, olhou para o seu companheiro de caminho e disse: “Bem, estava a ver que nunca mais chegavamos aqui hoje. Ao que esta cidade nos obriga por um café decente.” …“
domingo, abril 02, 2006
Vinho a 3
Quebram-me os ossos assim.
Os gestos conduzem o vinho que, em espiral no copo de setim, se prepara para me atingir.
For a certeiro mas não fatal.
Os gestos confundem-se com os desenhados pelo nosso olhar, o som estala contra os nossos corpos e neles sente-se o rebentar dos nossos segredos.
Era um segredo do qual certamente já desconfiavas mas a loucura nunca te deixou acreditar.
Sim, aqueles gestos são o meu ponto fraco, sim aquele vinho amolece-me as veias e faz-me recordar os tempos que nada dependia de grandes decisões.
Soltaram-se os gemidos em silêncio e os perfumes misturaram-se na mais discreta e doce forma de dançar.
Acordamos, despertamos, e sentimos que temos que fugir daquilo para nos mantermos loucos e nunca serenos.
Sentimos o ardor das feridas que ambos a deixamos a descoberto um no outro…ao sentir a distãncia sentimo-nos seguros.
O que é que eu faço contigo?…provavelmente arrasto-te até à morte ou jogo um jogo ainda mais cruel. Quanto tempo levamos até, no descortinar de nós mesmos, puxarmos o gatilho e ouvir o estrondo sobre os teus ossos?
Mato-te, lentamente, ao som do prazer mais sofrido de todos.
Em que morte te sentirás melhor?…numa bem vermelha mas bem limpa. Numa bem salgada mas bem sucolenta… numa forte dramática qualquer.
Carrego o teu corpo até que, de tão embriagado, ele implore a sua morte.
Morte por asfixia de tanto conter o mundo nesses pulmões ou de um tiro certeiro nesse peito já cravado de lápides cinzentas.
Somos, de facto, animais dourados, porque o nosso brilho enche aquelas salas, aqueles palcos e os pulmões daqueles que por nós escorrem o olhar.
Somos dourados porque os nossos corpos são como montras de um talho cujos ganchos brilham forrados de diamantes.
Somos o tudo, somos o nada, como qualquer outro mortal que tenha na pele o sabor de morrer, mas sobretudo de ir morrendo sob a dor desta vaidade.
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