segunda-feira, abril 24, 2006

A ti, minha “Mrs. Dalloway”


Sou abraçado por uma felicidade estranha.
A calma e a serenidade deste sol que inrompe pela minha janela a dentro diz-me que estou bem.

Hoje decido este sol a ti.
A ti que de tão complicada o fascínio nos prende, mesmo quando o máximo da expressão dos nossos dedos seja um gritante desistir de te compreender.

Desse lado, bem perto do local do crime, onde os diamantes que traziamos cravados à pele foram violados, revelando-nos toda a nossa vulnerabilidade, estás tu a trabalhar. Mas aí o sol também sabe sempre tão bem.
Hoje revelei-te um segredo e, estranhamente, fez-me sentir bem.
Porque certamente,de alguma forma, o chão por onde caminho, indica-me que foi correcto…

Tenho, de alguma forma, saudades daquilo que fomos…mas sei que isso também é bom.
Revelo-te o segredo porque te sinto, contra tudo e contra todos, contra ti mesma e contra mim no meu sentido mais racional, maior.
Foste colhida pelo mesmo virus que eu e isso fará de ti alguém, cuja a certeza de perceber o que aqui digo, me afaga.

Gosto de ti mesmo que me irrite essa pluma em vives. Gosto de ti porque, mesmo que n me o reveles, sei que sentes a dor daquele virus cintilante. Os diamantes em ti estão cravados até ao osso e isso faz-te sangrar em silêncio sem que não deixes ninguém dar conta. Talvez seja uma ilusão feliz essa de que ninguém te vê senão naquilo em que te queres mostrar…talvez.
De alguma forma te compreendo porque, de alguma forma também, vivi sempre assim até ao dia em que criei este segredo que te revelo.

Hoje sou pluma mas também carne, sou osso mas também sangue…e a vida em mim rebenta de felicidade a cada segundo, a cada imagem, a cada toque. Não porque tenha chegado a algum lado especial, mas porque saí desse lado tão silencioso e tão sufocante.
Hoje vivo uma vida feliz porque as plumas em mim são apenas uma adereço ou um código de diversão…porque os diamante são apenas a minha história e parte da minha pele que também gosto agora de deixar a nu.

Hoje apetece-me um bom vinho, um bom queijo mas também posso ficar pelas gomas e um copo com água.
Hoje dedico este sol a ti que, secretamente, cresces em silêncio, sufocada em ti mesma, mas, à tua forma, feliz.

Hoje dedico-te esta minha felicidade porque os anos que já serviram de estrada entre nós me dizem que, por muito que faças, por muito que te distancies, nunca mais te verás livre de mim.
Porque eu não deixo, porque eu não quero…porque entre nós, bicho colhidos pelo mesmo virus, está escrito que viveremos sempre próximos.

Até logo…até sempre “Mrs. Dalloway”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto de surpresas!

Não te sabia assim... de tantas palavras. É quase rotina... passo, espreito, e... gosto de Te ler!!

Beijo!